sábado, 28 de fevereiro de 2009

Bush the bottom.




Seria cômico se não fosse trágico – os pais da democracia moderna demoraram oito anos para perceber que havia algo de errado. Demoraram para perceber, mas não admitiram o erro. Exatamente como os pais: - Com meu filho? Nenhum problema, nunca!

Parece tardio falar sobre isso agora, e é; mas não significa que eu não pensei sobre, e em breve, transfiro em palavras.

Em homenagem à Lela e suas incertezas, vou postar aqui esta foto que há tempos habitava a minha pasta “blog/rascunho”, hoje devidamente renomeada para “blog/imagens não usadas”. (créditos: anônimos).


Lela´s places:


: Imagens

http://lelaspeechless.blogspot.com/


: Miscelâneas

http://toooodaerrada.blogspot.com/




sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Cada um com seus problemas.




Já dizia um conhecido meu quando não conseguia resolver os problemas de todo o mundo. Já ouvi tanto isso indiretamente que não tem tanto impacto na minha vida. Apesar disso, não consigo não me envolver na vida das pessoas, quanto mais me esquivo, mais culpado me sinto.

Por que todo mundo pergunta as coisas para mim? Excesso de erros servem como exemplo? Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço ou será porque quero resolver todos os problemas do planeta ao mesmo tempo?

Estou precisando de um Fabiano na minha vida – que acaba largando o que está fazendo para tentar ajudar (mesmo que sem sucesso) os amigos.

Ou senão, pelo menos uma troca: eu resolvo os seus problemas e você resolve os meus! Se não conseguir, os devolva, pois não vivo sem eles!

Topa?

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A minha história da arte.


A arte está presente na minha vida desde quando tinha apenas dez anos de idade e a minha professora de educação artística – da qual não me lembro o nome, mas que fumava muito – ficou surpresa com a minha representação temática sobre o tema carnaval.

Fugindo do óbvio, combinei no meu cartaz não o brilho e as cores do carnaval, mas remetendo às origens venezianas – as máscaras tristes, predominando o preto e o branco. Depois de uma pesquisa às antigas (naquela na qual se pegava a enciclopédia, escolhia um banco da biblioteca e passava várias tardes pesquisando), descobri a essência do carnaval e porque não representá-la?

Era divertido, porque além de pesquisar, tinha que copiar os trechos, pois não existiam máquinas de fotocópias. Geralmente ia sozinho; gostava da opulência das bibliotecas, do cheio dos livros velhos, do silêncio - quebrado apenas pelas hélices do antigo ventilador.

E assim segui minha vida estudantil, sempre com as maiores notas em artes - até conhecer o Profº Martinelli que, segundo este, nota máxima era somente atribuída a “Deus”.

Dogmas religiosos à parte, o que chamava a atenção no professor era a sua metódica: as mesmas roupas nos mesmos dias da semana e os mesmos trabalhos exigidos nos mais de vinte anos de licenciatura.

Os materiais exigidos eram obrigatórios, apesar de ser um colégio Estadual e quem não os trouxesse, perdia pontos. Dentre as extravagancias, estava a exigência de um caderno para desenho com folhas indestacáveis, capa de simulacro de couro (igualmente dura) e um sem-numero de lápis com diversas “durezas” de grafite. Do pouco que me lembro, a mochila ficava com o dobro do peso quando tínhamos aulas com o professor de artes.

Não era somente arte por arte, eramos contemplados com exaustivas de geometria analítica, proporção matemática e várias outras disciplinas matemáticas que provavam que não existe arte sem a maldita matemática.

Arte levada à cabo, além de por à prova nossas habilidades práticas, era necessário também pesquisar sobre os artistas: deste os italianos do renascimento até a arte barroca brasileira. Pesquisa, resumo e prova oral.

- Fabiano, quais as características que mais te saltam aos olhos na arte do Rococó? - Abria um sorriso sarcástico o guia turístico de museus europeus, vulgo professor.

- Filho da puta! - Pensava. Ele sabia que era exigir demais de pré-adolescentes que tivessem senso crítico para com algum estilo artístico, então depois do seu riso irônico e do meu constrangimento ele reformulava a questão: - Fabiano, cite um ícone da arte Rococó.

- Precisa fazer bico para falar em francês professor?

Professor Martinelli quebrou tabus em relação ao conceito geral sobre arte da nossa turma; uma matéria tida como supérflua, homossexual e à toa, passou a ser essencial ao nosso curriculum escolar e para a vida Era interessante ver a tensão da turma do fundão (da qual fazia parte), estudando para não passar vergonha nas provas orais. Gravuras nunca eram mais vistas com os mesmos olhos. Era obrigatório, mesmo que inconsciente, sabermos os autores, as características e ate as razões fundamentalistas dos artistas das obras.

Quinze anos se passaram, muito provavelmente professor Martinelli deve ter se aposentado e eu esqueci boa parte do que aprendi. O que ficou foi o interesse, mas talvez não o talento. Nunca soube realmente qual o meu grande veio artístico. Não vivo sem música, mas nunca coloquei nenhum instrumento no colo; quanto à pintura, não tenho muita coordenação e sou muito ligado à simetria, talvez isso atrapalharia e deixaria futuros trabalhos retos demais. Fotografia e esculturas são assuntos que me interessam, mas demandam equipamento e espaço, respectivamente; coisas que ainda não possuo. Já as artes cênicas sou apaixonado: desde a trupe até os roteiros, infelizmente minha timidez e o problema de memória recente me impediriam de me apresentar.

Por ora, divirto-me como apreciador; de longe, de perto...Nada muito técnico ou crítico, sem compromisso, como a arte deve ser vista...

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Bloco do eu sozinho.


Descobri o motivo de tanto mau-humor, depressão, pessimismo, carência, agressividade e irritabilidade. As causas até então me pareciam desconhecidas, mas depois de dez dias exaustivos de tensão, incertezas em todas as esferas da vida, pude concluir de que se tratava de causas emocionais.

Incrível mas se eu sofrer um acidente de carro, eu me machuco menos do que no meio de uma turbulência emocional. Todos passamos por problemas, mas ruim é descobrir que nós os criamos e, pior ainda: notá-los apenas quando estamos à beira de um colapso.

Tirando as evidencias emocionais; notadas de perto por todos, estava com a saúde debilitada. Não é normal uma pessoa salivar o dia todo, a não ser que seja um canino. Se não bastasse a “baba”, cólicas infernais me acometiam e por isso passei a respeitar mais o período menstrual de uma mulher, justamente pelo seu sofrimento.

Maldito refluxo; deixou-me em paz apenas uns meses. Na verdade ele sempre volta como um divisor de águas: pare de beber, coma menos, diminua o ritmo, descanse mais. Seria bom se não fossem as cólicas, a restrição alimentar e as ânsias. Meu pai: refluxo-gastroesofágico.

Tudo começou com a aprovação na Estadual: os documentos esdrúxulos que me pediram e tive que providenciar a vinda de São Paulo em vinte e quatro horas, misturando amizade, chantagem emocional e dinheiro; depois transformaram numa epopéia um simples pedido de mudança de turno no trabalho: do período noturno para o diurno; some isso a acidentes voluntários de trânsito; fatura do cartão de crédito em dólar; planejamento de folgas do ano todo; a outra faculdade; ligações telefônicas para pessoas que me amam ainda...

Omeprazol de 20mg já não me faz efeito. É como a fluoxetina que larguei a três meses – criei tolerância, estou tomando como se fossem gomas de mascar. E suco de couve, como me sugeriram...há, prefiro as cólicas!

Uma das experiencias mais bizarras da minha vida, tive por causa deste problema. No auge da crise, início do segundo semestre de 2007, logo quando descobri esta “anomalia”, meu excelente gastro - um árabe muito simpático e competente - me orientou, depois da endoscopia, a fazer uma tal de “Phmetria”.

O exame, como o próprio nome sugere, mede o Ph do estomago. Ph é o índice que comprova se uma solução líquida é ácida, neutra ou básica. No meu caso, a solução seria o meu suco gástrico e como se pode supor, este, é acido por natureza, mas quando extrapola os limites, acaba se prejudicando e por conseqüência, acabando com o meu bom humor.

Era para ser um exame simples, imaginei. O médico colhe uma amostra, através de uma sonda e faz a análise, Certo? Errado!

- O teste é executado por 24 horas seguidas Fabiano, sabe como? - Disse o médico. Não doutor. - Respondi, desconfiado, observando ele manusear um aparelho que parecia um rádio com uma cinta para prende ao pescoço.

- Esta sonda vai entrar pelas suas vias aéreas, chegando até o estomago e lá, os eletrodos vão medir por 24 horas todas as variações de Ph. - Afirmou com toda sabedoria árabe!

- O queeeeee? Quer dizer que vou ter que colocar estas duas coisas de um metro no meu nariz, que vai descer pela minha garganta e vai mergulhar no meu estomago e ficar com isso o dia todo, inclusive comer e dormir com estes eletrodos? - Pobre de mim.

- Só tome cuidado para não molhar o aparelho e não se preocupe, os eletrodos estarão presos com esparadrapos ao seu nariz. - Concluiu.

Valeu a pena, o exame - além de me deixar com aparência de andróide e fazer eu sentir um corpo estranho dentro da minha barriga - ajudou a concluir o que todo mundo esperava: meu estômago, esôfago e adjacências só não derreteram com tanta acidez por sorte.

Vários males e poucos remédios para combatê-los. Passando o carnaval (la-ra-la-lá!): Vinde a mim Sertralina! (Para os males do mundo moderno, chefes ignorantes, que tenho TODOS); Dr. Mohamad (ed) (para cuidar do refluxo-gastroesofágico e dos males físicos advindos dos psicológicos).

De posse do diagnóstico, vamos às providências: Vou largar uma faculdade para me dedicar somente a esta. E o primeiro filho-da-puta que disser: Fabiano, porque você nunca termina o que começa, vai ganhar um expressivo gancho de direita, com inicio e fim – para sua surpresa.

Vou voltar a trabalhar no período diurno mesmo que não autorizarem, simples assim, vou chegar colocar meu crachá no peito e gritar: será que alguém aqui vai me impedir de trabalhar? Caso a resposta seja afirmativa, tudo o que eu preciso é de um motivo para o afastamento.

E quanto aos homicídios: Vou matar o funileiro (se não entregar meu carro amanhã), o dono da imobiliária (se não vier arrumar o gesso), o síndico (se não incluir o meu apartamento no sistema de interfones novo). Vou matar a gerente do banco também (caso não me avise que tenho pontos para acumular milhagens, que prescreverão se não os transferir).

Quem mais???




sábado, 21 de fevereiro de 2009

A minha folia.

Enfim o inicio do ano se aproxima. Na televisão, são dados os últimos retoques. As estradas cheias, aeroportos lotados, supermercados com prateleiras vazias. Tudo é festa, tudo é alegria. Aché, samba, frevo e o escambau.

Nunca tive tanta afinidade com o carnaval. Nem mesmo com o feriado “picado”, que para muitos não é possível nem viajar. Acho bonita a festa popular - as alegorias, adereços e empolgação das pessoas, a sonoridade das batucadas. Sem dúvida nenhuma é a maior festa popular do mundo, lugar na qual todos se divertem; seja no camarote da Bramha ou nos circuitos alternativos de Salvador.

Não me sinto frustrado por não ter tido um carnaval inesquecível, mas confesso que me dá muito prazer ir na contramão da folia.

Quando morava no interior de São Paulo, passava sempre o carnaval tomando suco natural e comendo umas panquecas enormes, acompanhados de instrumental de marchinhas de carnaval numa cafeteria/barzinho/lounge/loja-de-vasos-cerâmicos. Era o meu lança-perfumes das noites de carnaval e adorava fazê-lo na companhia de minhas velhas amigas solteiras (estas, as minhas transas de carnaval sem camisinha).

Na época, ido dos meus 21 anos, era divertido estes programas e na volta para casa, passava em frente ao salão do clube com um olhar de satisfação. Chegava em casa, ligava a televisão e olhava empolgado todos aqueles especialistas comentando as fantasias, os significados intrínsecos ao tema, quando de repente aparece semi-nua aquela artista da Globo. Opa, esta é a fulana de tal, rainha da bateria, casada com o empresário tal. Veja sua empolgação na avenida!

Veja a minha empolgação comentarista. Veja minha cara de satisfação e de felicidade. Carnaval, eu pulo! Vou direto para o começo do ano.





sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Extra, extra! Corvos suíços bicam brasileira!





Advogada brasileira é atacada por neonazistas. - A priori, uma chuva de solidariedade para com nossa compatriota e comigo não foi diferente. Mas, devo admitir que desconfiei desta situação toda desde o começo. A Europa toda e até mesmo a Alemanha, berço do nazismo, sempre trataram com muito rigor qualquer surto nazista, porém com muita diplomacia os ataques xenofobistas.

Paula de Oliveira, brasileira, 26 anos, advogada, funcionária de uma multinacional. Aparentemente uma jovem com futuro promissor na carreira. Segundo informações da família e da própria brasileira; estava grávida de gêmeos e teve o corpo marcado com siglas de partidos nacionalistas com ligações nazistas.

O caso causou comoção nacional, como manifestações oficiais dos ministros brasileiros e até do Presidente da República, que por sua vez, agiu com prudencia, afirmando que deveria ser investigado todas as evidencias.

Até então, tratava-se de uma ocorrência tida como comum, se não fosse o fato de que as autoridades Suíças afirmaram de que se tratava de uma farsa. Segundo peritos oficiais, Paula não estava grávida e os ferimentos foram causados por ela própria. Causando mais perplexidade ainda, por se tratar de autoridades oficiais e competentes. O que levaria uma pessoa a fazer isso, srs. Policiais?

Pois bem, vamos as evidências físicas: Paula afirmava ter tido um aborto após o ataque, circunstancia que não foi confirmada pelos médicos. Não deve ser tão complicado confirmar isso, provavelmente um aborto deve deixar seqüelas fisiológicas, hematomas internos, sinais de hemorragia, dilatação no útero ou algo do gênero. Se os peritos oficiais não constataram, Paula que foi internada num hospital, poderia às suas próprias expensas.

Paula apresentou vários cortes pelo corpo, sendo que todos os ferimentos, apresentaram escoriações superficiais e ao alcance das mãos da própria agredida. Nada de hematomas na face, na região do abdome e costas.

Quanto as evidências apresentadas: Paula e sua família não tiveram como comprovar a gravidez. Para se estar grávida basta um exame simples de farmácia ou um hemograma para se ter mais precisão e a advogada brasileira não os possuía. E os ferimentos? Sim, nada de ferimentos no rosto, nas costas ou cortes profundos. Radicais agem com extrema violência física; visando sempre o rosto e até violência sexual - o que milagrosamente não ocorreu com a advogada.

As investigações ainda estão em curso, porém Paula que se prepare – será indiciada por falsa declaração de crime e terá que arcar com todas as custas da investigação, sendo obrigada a passar por tratamento psiquiátrico antes de deixar o pais.

Paula causou um desconforto diplomática sem precedentes. Pela primeira vez o Estado Brasileiro tratou como uma unidade só seus cidadãos, oferecendo pronta-ajuda; porém precipitaram-se em pressionar a Suíça e duvidar abertamente dos laudos apresentados. Paula é brasileira e como todos os brasileiros devemos ser tratados com respeito em qualquer lugar do mundo. Porém estamos atrelados a um princípio universal que não temos como desrespeitar – o da não intervenção. São autoridades legalmente reconhecidas pelo Governo Suíço, um Estado democrático de direito consolidado e presente em todos os tratados internacionais, principalmente no que se referem à preservação dos direitos humanos.

Paula, aparentemente sofre de alguns problemas psiquiátricos – apesar da sua jovem e brilhante carreira, não apresenta estabilidade emocional para exercer tal função.

Depois da explosão do caos de Paula, estão aparecendo depoimentos de pessoas próximas dizendo que é de sua personalidade fantasiar histórias com personagens fantasmas. O mais recente, antes de deixar o país foi o que seu ex- noivo havia sido morto no acidente da TAM.

Sabe Paula, externar suas frustrações em fantasias e depois jogá-las na imprensa não é a melhor forma de superar seus medos. Muito provavelmente, antes de viajar, Paula sentia a pressão interna de não ter conseguido se casar, por isso “matou” seu ex-noivo no acidente aéreo mais grave do Brasil. Agora Paula, devidamente casada, resolveu “abortar” seus filhos por culpa de neonazistas do partido do Governo Suíço. Não há como negar que Paula tem criatividade e coragem. Desta situação toda não tiro nenhuma lição – pelo contrário, já as tirei quando era adolescente. Quando seu amigo chegar com o olho roxo, antes de reunir sua galera para ir pegar o agressor, procure ouvir o que eles têm a dizer ou simplesmente análise todo histórico “comportamental” do seu amigo, antes de tomar alguma decisão.

Paula, tome um PROZAC e relaxe – os neonazistas não se aproximarão mais de você!

(Antes de tomar algum partido, leia a crônica de Régis Bonvicino, excelente. Detalhe; ela foi escrita logo no calor dos fatos, antes dos laudos oficiais e das declarações sobre a personalidade da advogada. Mesmo assim vale a pena conhecer um pouco mais da Suíça!

http://ultimosegundo.ig.com.br/opiniao/regis_bonvicino/2009/02/16/urubus+suicos+bicam+a+brasileira+mutilada+4085979.html )

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A arte de pedir.



A habilidade de pedir, para pessoas como eu, tidas como auto-suficiente, (ao menos teoricamente); é algo de difícil concepção. As minhas tentativas mais odiadas são as verbais – onde meu interlocutor, com olhar de superioridade ou de total ignorância (este, o pior), aguarda o momento certo de dizer o nada agradável: “não”.

Não se trata de uma questão estritamente relativa ao meu ego – mas sim de um constrangimento para ambas as partes; pendendo mais para a minha - o receptor do não. No meu caso, atualmente, esbarro na “burocracia”; tenho que tomar cuidado para não interpor nenhuma hierarquia, caso contrário, o castelo desmorona, egos feridos fecham as portas para mim. É um castelo de cartas, cada uma das peças tem que ser colocada estrategicamente, principalmente quando me falta a tão útil: “cara de pau”.

A grande vantagem de fazer uso desta estratégia ou partido é a de que você, assim que concebido o benefício, não será tachado de “pidão”, se bem que pouco importa, mas uma das boas sensações da vida é poder andar com a cabeça erguida e sem dever favores a ninguém.

Caso a argumentação, a conversa informal não resolva o problema; parto para uma abordagem mais agressiva, baseado em fatos legais; expondo que tal benefício na verdade se trata de um direito (já entrando em confronto), e não de uma regalia, como supunham. Nesta fase do processo, o conflito é inevitável e o desgaste evidente. A amizade fica de lado: ninguém quer perder e eu além de ganhar, quero andar de cabeça erguida e se possível sair rindo.

Invariavelmente eu saio vencedor, mas o desgaste é tamanho que realmente me pergunto se vale a pena todo este esforço diplomático.

Diplomacia demanda tempo e paciência e infelizmente sou carente destas duas dádivas.


domingo, 15 de fevereiro de 2009

Good enough.



Uma noite de sono bem dormida, compromissos já programados para domingo bem de manhã; acordei resfriado, com o sol já latente, ardendo no meu rosto. O relógio biológico retornando ao seu curso normal, presenteando-nos com uma hora a mais de sono, que fora bem aproveitada no aconchego do meu velho travesseiro.

Meu apartamento ainda se mantem aparentemente limpo; este, ultimamente tem sido o meu termômetro. A minha estabilidade emocional esta atrelada à quantidade de poeira que encontro no meu piso frio. E, por ora, ainda posso caminhar descalço; porém não somente de meias, limpas e brancas.

Estou cansado das paredes brancas e sem cor, sinto-me cada vez mais num hospício – grandes ambientes vazios, sem vida e sem cheiro e à sobra do meu espelho, – o louco.

Parei um instante para observar meus atuais e próximos amigos: percebi que não podemos ter um diálogo são e sadio, que não envolva bebidas e mulheres. A carência afetiva tem me deixado fútil, vazio. São bons e fieis amigos – fidelíssimos amigos, ao ponto de entrarmos na boate lotada de mulheres, comprarmos um litro de whiskey e depois de um mal-estar emocional meu, deixarem tudo às favas e ir embora comigo.

Acontece que não nos desvencilhamos destes dois objetos de prazer: mulheres e bebidas. Ambos necessários e maléficos em algumas situações.

O meu cardápio tem sido uma rotina em se tratando de amigos. Amigos são amigos e eu os amo incondicionalmente, mas não estão me bastando. Ultimamente nada me basta: televisão; trabalho; amizade; internet... sobra pouca coisa. Talvez o sacal seja eu; nunca tive coragem mas tenho que admitir que não me agüento mais. O esforço nos últimos meses me deixou desbotado. Tentei preencher com atividades diferentes da minha rotina, mas sem sucesso imediato.

A vida acadêmica (intensa, todos os dias na faculdade) me fará bem. A energia vital que foi-se embora com a fluoxetina, irá se restabelecer em níveis aceitáveis – pelo menos em tese - para que eu não necessite me afastar dos meus amigos.

Gostar do curso (que nunca foi e talvez, que sabe, será) o curso da minha vida - é apenas um detalhe, um ponto de vista. Enfim, vou me render ao capitalismo e ir além – defendê-lo! Tive uma pequena introdução no curso que faço e apesar de ser teoria, gostei muito. Tudo que não há roteiro, segredos e regras me fascina e muito.

Basicamente tudo gira em torno de especulação, uma dose de frieza e claro, a voracidade do mercado. O grande confronto será com a minha imensa formação humanista que tive da minha família, colégio, trabalho e amigos.

O que está em jogo aqui não é o mercado, a porra dos direitos humanos, papo careta de sustentabilidade ou seja lá qual for a ladainha, mas sim o meu bem-estar. As minhas futuras viagens, orgias gastronômicas com iguarias em extinção e os bônus milionários concedidos aos que atingem as metas cabalísticas das matrizes internacionais, às custas de muitas demissões da linha de produção.

A prova do concurso de hoje: estava mal elaborada para variar, já no tocante à língua portuguesa, uma surpresa (má surpresa), nunca cobraram tanta gramática ortodoxa. O elaborador deveria ter uns 150 anos de formação acadêmica. Nada de interpretação de textos, praticidade, lógica e organização textual. Gramática pura e bruta, típica da academia brasileira de letras. A prova no todo não me surpreendeu, ataquei-a com tanta “vontade” que me bastaram uma hora para terminar.

Fiz por desencargo de consciência portanto, destas vez sem NENHUM peso nas costas. Tentei me debater com um exercício de raciocínio logico, mas sem sucesso. Pela primeira vez tenho a absoluta certeza que fui mal e o melhor de tudo é saber que isso não irá tirar o meu sono, pois não estudei o suficiente. Valeu a pena pela viagem, há tempos não ria assim e sem precisar beber...E a companhia divertidíssima de amigos casados.

Nada melhor do que um domingo para fazer uma faxina; dispensar aquilo que não faz mais sentido guardar, deletar contatos do msn, orkut, e-mails velhos que guardo não sei o porquê até hoje. Quanto a limpeza no apartamento, esta pode esperar um pouco mais, até que se acumulem flocos visíveis a olho nu.


sábado, 14 de fevereiro de 2009

Os fabianos.

Sem muito entusiasmo fui verificar o ensalamento para a prova do concurso de amanhã. Sem muito entusiasmo porque não estudei o necessário e o suficiente. Suficiente; depois da prova da ABIN - descobri que não existe; já o necessário seria a quantidade para fazer valer a pena o investimento e a minha inclusão no mundo do raciocínio lógico (sem sucesso).

Para minha surpresa, existe um cara no Brasil com o mesmo nome que eu. Por um momento senti um frio na barriga. Sempre ouvi historias sobre crimes envolvendo homônimos. Na verdade eu já o tinha “visto”. Quem nunca colocou seu próprio nome no Google só para ver o que aparece? Antigamente quando fazia isso, aparecia uma lista da Unesp, de classificação de exame vestibular, do ano de 2001.

Agora numa pesquisa mais atualizada e refinada aparecem três Fabianos, menos eu. Um de Natal-RN, (o do mesmo concurso) e um de São Paulo-SP, (que não faço idéia do que faça).

Será que são velhos? São legais como eu? Na verdade espero que não sejam criminosos e que não haja mandados de prisão ou pior – de busca e apreensão no “nosso” nome.

- Sr. Fabiano? - pergunta o oficial de justiça; - Sim sou eu mesmo - respondo com desconfiança. - Vim apreender seu carro, aqui está o mandado judicial em desfavor de Fabiano Pereira de Lima.

Segunda-feira começam as aulas; agora as de administração. Espero ter energia e estabilidade emocional para conciliar as duas faculdades; o trabalho, os afazeres domésticos, a vida social e as minhas horas de ócio.

Nada de festas na faculdade desta vez Fabiano Pereira de Lima – e isso vale somente para o de Foz do Iguaçu.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Trilha sonora do post anterior:



Amor, meu grande amor
Barão Vermelho

Composição: Angela Ro Ro e Ana Terra

Amor, meu grande amor
Não chegue na hora marcada
Assim como as canções
Como as paixões
E as palavras...

Me veja nos seus olhos
Na minha cara lavada
Me venha sem saber
Se sou fogo
Ou se sou água...

Amor, meu grande amor
Me chegue assim
Bem de repente
Sem nome ou sobrenome
Sem sentir
O que não sente...

Pois tudo o que ofereço
É, meu calor, meu endereço
A vida do teu filho
Desde o fim, até o começo...

Amor, meu grande amor
Só dure o tempo que mereça
E quando me quiser
Que seja de qualquer maneira...

Enquanto me tiver
Que eu seja
O último e o primeiro
E quando eu te encontrar
Meu grande amor
Me reconheça...

Pois tudo que ofereço
É, meu calor, meu endereço
A vida do teu filho
Desde o fim até o começo...

Amor, meu grande amor
Que eu seja
O último e o primeiro
E quando eu te encontrar
Meu grande amor
Por favor, me reconheça...

Pois tudo que ofereço
É, meu calor, meu endereço
A vida do teu filho
Desde o fim até o começo...


(Preciso desabafar, chorar talvez; me crucificar, me culpar até não conseguir mais olhar no espelho. Colocar todas as músicas que antes me faziam sentir borboletas no estômago e hoje me dão frio na barriga para tocar intermitentemente, até derreter o gelo que me recobre.

Estou arrependido de inúmeras atitudes que tomei na vida; inclusive a de vir para cá. “Não, não é você...” Com certeza não tinha parado para pensar que esta afirmação também serve para mim. Tem algo entalado aqui na minha garganta, queria colocar tudo para fora de uma vez por todas, mas tenho medo de te procurar depois de tanto tempo; da sua reação ou a do seu marido.

Logo eu que nunca tive medo de nada, agora me vejo acuado, mas um peso descomunal nas costas. Só queria dizer que...
Há, deixa para lá; não, não era para ser eu mesmo...)


Entre por esta porta agora...




Depois de tanto tempo priorizando minha vida – que não a sentimental, senti falta de alguma coisa que me complete; algo maior que a satisfação pessoal, as auto-massagens no ego; os elogios no trabalho e os desafios vencidos no dia-dia.

Este sentimento veio assim: numa noite fria, totalmente produtiva em outras áreas, mas na hora de me deitar na minha cama, senti como se fosse um grão de areia de tão pequeno. Entre uma ressaca e outra, este sentimento foi constante; ora calmo, ora desesperado - e agora, tão intenso.

Cade você?

Nunca a procurava, sempre aparecia num dia ermo, em horários apressados e agora não mais e, em momento algum. Às vezes a procuro pelas ruas, pelos bares, pelas agências bancárias, - olho seu provável rosto e traço paralelo com os meus planos, imagino nossas vidas daqui há anos e você sequer se importa; tira seu cartão de crédito do caixa e vai embora num piscar de olhos.

Sempre que acho que a encontro, depois de minutos de conversação ou apenas observação me vem à cabeça a seguinte frase: “Não, não é você...” Eu me perco em corpos e bocas que não são os seus – acordo arrependido, decepcionado. Às vezes insisto, mas não há como forçar, logo desisto e sigo em frente, perdido.

Seu lugar está reservado, prometo ser o mais prudente possível; depois de tanto tempo me vejo menos errante e cada vez mais apaixonado, mas “não, não é você...”

Como será que você é? Onde eu a encontro? Será que tem a noção que eu realmente existo e que em poucos instantes as nossas vidas mudarão de forma drástica? Na realidade a culpa tem sido minha – tenho me contentando com muito pouco, muita rapidez; pouca intensidade e sentimento.

A valorização deu lugar aos impulsos sexuais. Tenho dado abertura a pessoas vazias e sem conteúdo apenas para me divertir ou divertir-nos mutuamente. Como se sexo me completasse momentaneamente - e até consegue. Dura o suficiente para colocar minha cabeça no travesseiro, olhar para o teto branco do meu quarto e sentir a sua falta.

Como ser tão descuidado assim? Relapso, irresponsável com outras pessoas!? Foram os dois anos mais longos da minha vida - porém não todo perdido; pude caminhar com as próprias pernas: errei, acertei; mais acertos do que erros. Cresci tanto que cheguei a um estágio que só mesmo uma paixão para me desestabilizar novamente - e tenho tanta pena de mim mesmo quando isso acontecer novamente: pena do meu sono; suor e do estômago.

Há tanta coisa acumulada aqui dentro que não cabe mais em mim. Quero dividir mas...”não, não é você...”

Queria que me encontrasse de uma maneira inusitada; como das outras vezes em que aparecera na minha vida. Num show no qual eu estivesse acompanhado por outra mulher; numa livraria comprando livros em promoção; num banco da praça; no trânsito; fila do supermerado ou mesmo pela internet...Mas apareça; agora mais do que nunca sinto a falta de quem ainda não encontrei na vida: a pessoa especial, que por enquanto não tem cabeça, cor de cabelo, idade, olhos e religião.

Juro não mudar mais de opinião, ser instável e filho-da-puta. Como me incomoda ver casais na televisão, nos parques, nas fotos...Mas que droga, cade você novamente?

Quero te encontrar nas letras, palavras; no meu mundo imaginário; fazer tudo sem você saber e, de repente, do nada - jogar toda a minha vida e obsessão por ti nos teus ombros.



domingo, 8 de fevereiro de 2009

Bixo.




bicho
sm 1 Zool. animal, besta, fera. 2 Zool. verme. 3 Zool. inseto. 4 Zool. cupim, térmite. 5 Zool. traça. 6 Zool. bicho-de-pé. 7 Fam. piolho. 8 jogo do bicho. 9 Gír. calouro, novato. A: veterano. 10 Gír. cara, amigo, meu chapa. Ex: Falou, bicho! 11 Gír. perito, especialista, experto. 12 Pop. bicho-de-pé. 13 Esp. Gír. gratificação, prêmio, bonificação. * Virar bicho Fig.: enfurecer-se, encolerizar-se, irar-se. A: acalmar-se.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A noite todos os gatos (não) são pardos...

Mais uma noite de trabalho ou menos uma noite? Quando se trabalha no período noturno, com contingente reduzido e não tem cota de produção a cumprir, sobra muito tempo para refletir. Trabalho num mundo de espertos: meus colegas de trabalho são os denominados gatunos profissionais; já os presos – que estão do outro lado, são os gatunos ocasionais; por opção, ambição ou qualquer outro motivo que justifique a sua presença naquele lugar; e, para finalizar os personagens da noite; os gatunos por natureza – nascidos no local e dotados de “rabos”.

O fenômeno da proliferação dos gatos é recente no meu local de trabalho. Alguns fatores contribuíram para o fato: a grande extensão das instalações, abundância de sobras de comida, alguns compartimentos de depósito sem janelas e, principalmente, a falta de cães no local.

Apesar uma grande fartura de restos de alimentos, estes gatos se alimentam quase que na sua totalidade de pequenos insetos, fato este que justifica o seu fraco desenvolvimento físico. São animais selvagens praticamente e evitam qualquer tipo de contato com os outros gatunos: tanto os profissionais quanto os ocasionais. Procriaram entre si, talvez justifique as pequenas ninhadas, sempre com poucos filhotes e, na sua maioria, deficientes.

Os gatunos profissionais são a segunda população do local em quantidade populacional, não obstante, somos a espécie dominante no local – tanto para os ocasionais quanto aos naturais. Nossa alimentação é diferenciada, não há insetos (pelo menos não os vemos) e somos responsáveis pelos gatunos ocasionais.

E os ocasionais são a maioria, algo em torno de vinte para um de nós e duzentos para um em relação aos gatos. Sua alimentação é mais do que o suficiente, isso resumiria tudo. Todos nós temos apenas algo em comum – não estamos lá por vontade própria: azar, sobrevivência e conseqüência, justificaria nosso encontro; não nesta ordem e não necessariamente as três para todos ou apenas uma para cada.

A maioria dos nossos contatos se faz silenciosamente; todos observando todos. O gatos temem a todos; nós, os ocasionais e estes, a nós. Passamos a noite nos observando. Os gatos, curiosos, ficam a se perguntar o porquê de os ocasionais não saírem das suas “casinhas”. Já nós, tentamos nos aproximar dos naturais numa tentativa de companhia na solitária e longa noite de trabalho. Os ocasionais tem mais exito ao se aproximarem dos gatos, usam (como sempre) de artifícios ardis, desta vez o fazem com restos de comida. Os gatos se aproximam, desconfiados, mas se sentem protegidos pelos vidros das celas.

Assim passamos noite após noite, todos nós, os gatunos do local. Para finalizar, os gatos morrem, os presos vão embora e nós ficamos cumprindo nossa “pena”...

Como me sinto? Cansado, fatigado pela rotina e com sono, sempre.





quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Acordo cedo, logo...

Definitivamente acordar de bom humor é um dom que eu não possuo. Ultimamente tenho a impressão de que as horas estão passando mais rapidamente – seja na natação; (que já é o suficiente para eu engolir dez litro d´ água - ou no meu trabalho; (que mesmo passando rápido, me sinto na senzala, dado às minhas doze horas de escravidão).

Algo está fora da sua ordem normal; os “meios-dias” não eram apreciados por mim tão freqüentemente - senão quando dos compromissos inadiáveis e obrigatórios; mas hoje a luz do dia me cega. Além de me cegar, sinto estar sugando minha criatividade e me deixando mais fútil – isso mesmo, não consigo ler mais do que cinco páginas de qualquer livro que sinto vontade de fechá-lo ou cometer um sacrilégio: usá-lo como objeto de decoração.

Culpa dos bons hábitos que não me deixam ser feliz.

Sinto falta dos ansiolíticos, mas uma falta não necessária, mas carência afetiva. Não consigo mais me sentir problemático e conseguir este feito depois de vinte e oito anos de tentativas me assusta. Na verdade preciso perguntar para as pessoas que convivem comigo como que estou; se há alguma mudança substancial ou continuo o mesmo filho-da-puta de sempre. Só falta agora acordar cedo e preparar um café preto.