segunda-feira, 30 de março de 2009

Menti para você mas foi sem querer.


Sempre achei que mentir era conveniente, e que falar a verdade, além de não ser prático, trazia à tona muitos conflitos. E assim cresci, neste ambiente nada verdadeiro e cômodo. Nunca me incomodei com este “desvio de personalidade”; pois sempre me trouxe grandes benefícios, principalmente nos relacionamentos pessoais. Cheguei a um ponto que até eu acreditava nas mentiras, tamanha era a minha habilidade para tal. Soluções sempre havia: para tudo e para todos, erá só colocar a imaginação para funcionar, falar com convicção e não sorrir.

Considerava isso uma arte, uma habilidade interpessoal, aprimorada a cada situação. Não era tão-somente uma teia de mentiras, aliava isso tudo a muito poder de persuasão, convencimento e estes sim, muito reais.

Diariamente somos enganados com falsas idéias, pessoas e um sem-fim de mentiras. A mentira, apesar de ser desprezível, faz parte da vida de todos nós. O que as difere entre nós, são os seus objetos e principalmente os seus resultados.

Não parei para pensar nos problemas que isso causaria até então. Até que uma pessoa muito próxima, despretensiosamente me indagou o porquê de não falar a verdade. Senti a maior sensação de constrangimento da minha vida. Não tive uma resposta imediata, talvez uma mentira para finalizar a situação ou tentar argumentar de forma positiva.

Isso ficou latente por muitos e muitos dias. Mentiroso, eu era. Porque ninguém nunca me falou isso antes? Será que tinha atingido a perfeição? Sim, só poderia ser isso. As mentiras, às vezes me beneficiavam, mas não eram as preferidas. Gostava mesmo do poder de convencimento, de fazer a outra parte mudar de idéia, seguir o meu pensamento, admitir que eu estava certo.

Deveria ter usado isso em minha defesa diante da minha condenação a um mentiroso inveterado, e esta sim é uma verdade. Controle, carência, centralização e tudo girando à minha orbita, custe o que custar. Filho-da-puta de um manipulador, isso sim! Para ser mais específico, um sociopata como diria Lia.

Hoje, devidamente recuperado, lembro desta fase sem nenhum saudosismo. Falar a verdade acima de tudo, doa a quem doer e independente de orbita gravitacional é o meu estado natural. Ainda é estranho falar o que penso, o que sinto de verdade, causa constrangimento nas pessoas, raiva e descontentamento. E o pior que aquela frase fica me policiando sempre que sou tentando a burlar a verdade. Para a felicidade das apaixonadas, dos que estudam, dos caixas descuidados e de uma infinidade de pessoas sem malícia; ouço sempre a maldita pergunta...








sexta-feira, 27 de março de 2009

3x0


Eis que ressurge de uma frustração, duma sensação amarga de derrota; vêm como um arroto violento em direção à minha atual humilde personalidade: ele, o ego. Grande devorador de personalidades fortes, reanimador de fracas e incansável consumidor das mais variadas conquistas.

Uma vez, duas, três e chega! Foi o suficiente para mexer com o meu brio novamente.

O meu mais voraz parasita está de volta: meu ego. Aquele que nunca se sacia, sempre quer mais, mais e mais. Estou seco sim, calcificado e devidamente esterilizado, ou melhor, estava.

Sinto o ardor do arroto vindo em direção dos meus olhos, aquele cheiro de desafio, de provocação que sempre me fora muito familiar, agora novamente me impulsionando a atingir aquilo que me nutre: competição.

Como é amargo o gosto da derrota! Como pude mascarar esta sensação sem reagir? Os meus reflexos estavam enferrujados. Apanhava e não reagia. Era provocado e me calava. Três malditas derrotas em três campos estratégicos da minha vida que, agora somados, injetaram adrenalina nas minhas veias.

Admito, eu sei perder, mas não consigo aceitar. E agora vou ter que virar o jogo, não por simplesmente ganhar, mas para provar para mim mesmo que eu consigo sempre o que eu quero.

Três a zero para as situações, por enquanto!


segunda-feira, 23 de março de 2009

My favorite redhead.

Dizer o que pensa, deixar tudo às claras não é um dom, arte ou tão-somente sinceridade – é respeito!

Invariavelmente, esperar somente o “esperado” das pessoas com quem se relaciona, é, no todo previsível, contudo é o mais prudente. Acordar sabendo onde irá tropeçar e quebrar a perna pode ajudá-lo realmente decidir se quer ou não quebrar a perna.

Carinho é indissociável de respeito; ambos andam juntos, assim como nós, de mão dadas. Independente das nossas diferenças zodíacas, nossa afinidade foi construída sempre com muita sinceridade, sempre foi além do que imaginávamos.

Apesar de afirmarmos constantemente que não sabemos o que queremos para nossas vidas; sabemos sim! O que não sabemos é o momento certo para colocarmos em prática, mas devido ao nosso jogo às claras podemos colocá-las em pratica quando quisermos, e sim, isso é esperado. Tanto da minha parte quando da sua.

Acredito que resumiu tudo na sua mensagem: parabéns pela sensibilidade, talvez se tivesse me dito aquilo pela sua bela “boca metálica”, não teria tido um efeito tão positivo.

Sábado, pude perceber o mesmo que você, pois acredito que estava passando por um momento parecido com o seu. A minha vontade era que tivesse me acompanhado no resto do dia, uma tarde de pés descalços na grama com uma companhia como a sua era tudo que eu precisava.

Minha ruiva, você nunca me enganou...Olhos de menina, sonhos de menina e o sempre olhar apaixonado. O poder de decidir está nas suas mãos. Com tantos bons atributos, fico somente alheio às suas escolhas e decida sempre pelo melhor para ti, nunca o mais tentador.

E o sobre os rótulos que você sempre evitou, não gostei muito deste que usou para nosso “relacionamento”, mas nem me importo porque o que me deixou feliz foi o grau de importância que atribuiu a ele.

Beijos carinhosos, Fa.

sábado, 21 de março de 2009

Envelheço na cidade...

Aniversário, sem dúvida é a data mais nostálgica que existe; a mais inquisidora; mais dura e cruel de todas as comemorativas. Aniversário é meu algoz – serve para dizer com todas as letras aquilo que recuso a enxergar no meu espelho: a realidade.

Ninguém fica feliz em saber que ainda não alcançou aquilo que deseja ou saber que aquilo que se passou nunca mais voltará. Num dia qualquer, estes detalhes passariam despercebidos, mas visto que se trata de uma data marco, e que seu tempo vital está numa derrocada, acaba caindo como uma bomba na já mascarada percepção da realidade.

Não é trágico, rancoroso, frustrado, mas é real. A minha visão romântica da vida ficou guardada dentro da minha caixa de brinquedos, há muito tempo atrás e quando fazer aniversário era uma festa. A concepção que tenho disto difere de muitos que, com certeza, não têm a mesma opinião que a minha.

Confesso que demorei a aceitar esta realidade da vida: as cobranças. Deste a mais tenra idade somos cobrados - primeiro por nossos familiares, depois amigos e por fim, pela humanidade. Quando se satisfaz todas estas partes, vem a mais exigente: você! Era capaz de lidar com tudo: desde indiferença até com rancor, mas me sentia desarmado quando o assunto era eu mesmo. Não é difícil atingir metas pessoas, mas começa a ficar impossível atingi-las a partir do momento em que se mudam as metas repentinamente ou não se sabe o que quer realmente.

Estou deixando as unhas crescerem bem nestas semanas que antecedem meu próprio julgamento, mas confesso que depois de tanto tempo, resolvi ser benevolente comigo mesmo, por ora. Afinal estou às vésperas de completar trinta anos. Meus vinte anos que, em boa parte foram aproveitados ao máximo, mas pouco bem investidos. Esta sim seria a palavra/foco importante a me dedicar nos próximos onze anos: Investimento.

Aquela ladainha que antes não passava de aborrecimentos, agora passa a ser prioridade para os meus próximos aniversários. Numa meta a curto prazo, investimento sem risco, pretendo implementar este desejo/conceito antes de completar os trinta, ou seja, até dia oito de abril de 2010. É hora de planejar e cumprir. Ponto.

Ao contrário de que tudo indica, estou melhor do que nunca – este vai ser o aniversário mais consciente dos últimos anos. O mais real: sem paixões, mas com a família querida; sem cobranças mas com algumas metas. Sem dinheiro porém sem dividas; sem remédios mas com muitas soluções; sem paixões, contudo, sem paixões...

Achei outro maldito cabelo branco - completamente desprovido de melanina, este aniversário literalmente não quero passar em branco. Quero não enlouquecer até o ano que vem. Quer saber? Esquece as cobranças internas, esquece investimento, esquece tudo o que escrevi ou falei antes. Para tudo! Vou comemorar, encher a cara, comer bolo, ganhar belos presentes de mim mesmo, muito bem embrulhados em grandes caixas, comemorar cada cabelo branco que aparecer na minha cabeça! (depois decepá-los milimetricamente).

Nada como uma crise existencial de final de década para finalizar uma era em grande estilo. Tento ignorar o meu interior mas não consigo. O mundo é cruel, duro e competitivo - não há como mudar eu sei. Tento seguir as tendencias, sobreviver, mas é pouco para mim isso tudo. Sobreviver por sobreviver. Competir para que? Perder horas da minha vida fazendo planos para daqui a dez, vinte anos... E quando ao hoje? O que eu ganho atropelando as pessoas, ganhando sempre, morrendo ante a derrota?

O meu algoz se rende a mim no dia seguinte, quando eu, devidamente conformado com a idade, abro minha caixa de brinquedos e deixo todos os meus sonhos saírem novamente, juntamente com toda a esperança que nunca me abandonou.  

segunda-feira, 16 de março de 2009

Bem-vindo ao centro do mundo!


A sensação de culpa nunca conviveu em paz dentro de mim. Sempre revirando, provocando dores de cabeças intermináveis e dúvidas, muitas dúvidas. Longe de ser o dono da verdade, antes a mascarava com remédios controlados e organizando vários espelhos estrategicamente espalhados pela minha casa, para que me lembrasse/focalizasse o real sentido dos meus próprios esforços: EU!

O mundo é cruel por si só, a natureza segue seu curso a custo de mortes, destruição e por conseqüência: transformação! Não há culpa, remorso ou qualquer outra atitude que se faça olhar para trás. Por conseqüência, seguimos este mesmo parâmetro como senso comum e modus operandi. Seguimos (generalizando), diria que quase a totalidade, na qual eu me exclui nestes últimos meses.

As pessoas não importam com o resultado dos seus atos e eu sinceramente tenho perdido várias noites de sono com detalhes que me fogem ao controle e quando resolvidos através de meu auxilio não são valorizados por ninguém. Nunca pedi nada em troca até então, era uma relação esforço e em retribuição tinha apenas a minha satisfação pessoal. Isso, hoje já não me satisfaz.

A priore, abandonar estes princípios não-reciprocidade pode soar como uma visão egocêntrica, limitada somente aos meus interesses, mas não é. Trata-se de uma valoração, uma priorização sobre os atos que tem influencia diretamente no meu bem-estar. É egocêntrico? Talvez, mas admito que se eu não pensar diretamente nos meus interesses, quem vai pensar? E qual o mal de pensar em si primeiro?

Porque cometer atos que demandam intensa dedicação quando o retorno real para mim é nulo? Ou pior ainda, o resultado torna-se negativo, desgastante.

Antigamente fazia apenas aquilo que tinha certeza de que fariam por mim, hoje não mais - minhas atitudes se uniformizaram, para mim cada pessoa é como um todo, independente de potencial de retribuição. Olho por dente, dente por olho; deturpando as circunstancias e na maioria das vezes, saindo em prejuízo. Confesso que as frustrações deste ano contribuíram (vide trabalho, faculdade, amigos e até familiares) para que eu mudasse de opinião.

Não vou deixar de fazer o que tenho que fazer, acumular tarefas e literalmente perder o meu tempo para receber apenas um obrigado ou quando isso. Nada mais justo agora que as pessoas também percam o sono tentando solucionar os seus próprios problemas e eu somente com os meus.

Esbarro agora nesta maldita sensação de culpa que me persegue e foi meticulosamente aprimorada nos últimos meses. E como parte do processo de desvencilhamento deste “erro”; não recorrei a nada que me controle ou que me faça sentir culpado.

Há uma frase que ouvi no começo do ano passado. enquanto estava com os meus olhos cheios de lágrimas que ilustra bem isso que estou pensando agora. No primeiro momento, serviu para me deixar pior ainda, mas agora será útil para não me sentir culpado por querer o melhor para mim sempre em primeiro lugar.

“Fabiano, nada do que você disser agora me fara se sentir culpada, pois estou indo de encontro à minha felicidade e o que suponho que seja o melhor para mim. (F.C.M.).”

Eu no controle, sim, bem isso! Bom para você? Somente se for bom para mim também, caso contrário, procure um psicólogo, vá pesquisar numa biblioteca, converse com seu chefe e seja feliz com seus problemas que serei prontamente feliz com as minhas soluções.

Não me sinto arrependido por tudo o que fiz antes, mas sinceramente me sinto frustrado. Uma constatação prática de que, independente de grau de relacionamento, no fundo todos só pensam exclusivamente no seu umbigo. E o que nos satisfaz ou faz acreditar que não é assim, são os respingos de egoismo que indiretamente nos beneficiam. Serviu-me como lição e acredito que não voltarei a ser o centro das soluções para todo mundo tão cedo.

O mundo e as pessoas são extremamente competitivos e acredito que há espaço para companheirismo, coleguismo e principalmente reciprocidade nos relacionamentos sociais, mas isso tem que ser um senso comum – de todos para todos; caso contrário é matar ou morrer e com certeza eu não quero (e não vou) morrer por estes três quesitos em vão.

Uma boa semana para todos, ou melhor, especialmente para mim, com certeza!

domingo, 15 de março de 2009

You really got me!

O som ensurdecedor que não agradava meus ouvidos, juntamente com minha fobia de locais onde se reservam trinta centímetros quadrados para uma pessoa, davam o tom de uma noite qualquer, onde minha vontade era de simplesmente ir para casa. Os aromas se misturam, mas o que imperava era o da nicotina. As cores que confundiam a todos, eram sincronizadas com as batidas da música. Pessoas, ecléticas, musicas para agradar a todos em momentos diferentes.

Meu faro, um tanto quanto deturpado pela reunião anterior - onde a pauta foi regida por calorosas discussões acerca de relacionamentos e tudo regado a muita tequila - tentava absorver algo interessante dos estranhos que me cercavam.

A quantidade de informação que vem ao seu encontro é absurda: mãos em direção ao seu corpo, ao seu copo, olhares perdidos, achados, sussurros, ambigüidades sorrisos e interesses - na verdade tudo se resume a interesses. Uns declarados e os melhores, implícitos

A diversão, o flerte, a bebida e as sensações. O senso é comum, mas as formas de se alcançá-lo são diversas. Para mim, naquela noite, contentaria-me com cinqüenta centímetros quadrados de espaço a mais e um copo de Citrus com muito gelo (sem álcool).

A maior dificuldade era a locomoção e, para tal tarefa, além de muito bom humor, era necessário habilidades de equilibrista. Num destes momentos de equilíbrio corporal, e na busca pelo bar/banheiro (o que ocorresse primeiro), meu pequeno espaço se reduziu a zero, vi-me travado sem ter para onde me deslocar, então ao procurar uma saída, numa leve inclinação de pescoço para a lado, por algum motivo me senti confortável por estar exatamente naquele lugar e na mesma posição.

Para minha surpresa, o motivo estava na minha frente; eu, travado sem poder me deslocar, ela; olhando fixamente para mim. Sua feição era de surpresa e manteve-se assim, com um discreto sorriso metalizado, até que eu tomasse a iniciativa de gesticular como que não houvesse outro recurso para ilustrar meu empaque.

Nestes curtos instantes de tempo, um leve furor tomou conta dos meus sentidos. Por um momento, toda a fumaça que realçava negativamente a tez das pessoas havia se dissipado; meus ouvidos, apuram-se de tal forma na qual filtrava todo aquele barulho que chamam de música regional. Já os meus míopes e pequenos olhos, focaram-se rigorosamente naquilo que viria a ser a melhor parte da noite.

Seus cabelos estavam cuidadosamente irregulares e curtos; num tamanho onde era possível ver todas as nuances da nuca, mas quem em sã consciência se preocuparia com nuca quando era fitado por olhos, que de tão brilhantes, se confundia com os flashes da noite. Isso de forma alguma me intimidou, pelo contrário; a empolgação tomou conta de mim.

Milhões de possibilidades se passaram pela minha cabeça naquele momento; era preciso uma atitude, algo mais do que movimentar meus braços, afinal já tinha recuperado meu espaço físico, meu copo estava na minha mão e meus amigos misturados no meio da multidão. Não havia, aparentemente o porquê de ficar parado naquele lugar a não ser que tivesse um motivo.

Não via muita coisa ao seu redor, estava lotado, talvez uma atitude precipitada fosse acarretar algum constrangimento, mas e daí? Já estava cego, surdo e um olho roxo não faria diferença. Obvio que tal atitude não viria de mãos tão delicadas, mas sim do cara mais sortudo do mundo.

Sobre os imprevistos, estes sim me atraem. A tal ponto de fantasiar a realidade ou ser acometido por uma enxurrada de hormônios durante um momento corriqueiro como este. É uma característica que me acompanha deste a infância e não sinto necessidade de me desvencilhar de algo que realça meus momentos.

Agindo por osmose, dirigi-me a ela de forma natural. Não seria preciso fórmulas mágicas, frases de impacto que não me pertenciam ou qualquer argumento que fosse menor que o tamanho do meu sorriso.

A todo momento senti uma empatia muito grande (não era fantasiada), qualquer que fosse o resultado depois, estaria satisfeito. Para minha felicidades, seu nome e o telefone soaram tão perfeitamente que não se fez necessário anotar o telefone na minha agenda., mas o pedido empolgado para que eu realmente ligasse foi o suficiente para me fazer flutuar em direção aos meus amigos.

A culpa foi minha, completamente minha e sempre vai ser. Apesar da interação, às vezes (ou sempre), fico tão empolgado que esqueço de avisar as partes contrárias. Parte do contentamento, diz respeito justamente à esta fantasia onde as frustrações não existem até então. E quando ocorre uma possibilidade grande de fantasia e realidade convergirem, pode ter certeza de que meus dias não serão mais os mesmos e com certeza, os seus também não!

Era uma noite de sexta-feira, dois meses atrás, acredito. Para mim o melhor dia para eventos inesperados, fugindo burocracia da quarta, da obviedade do sábado e da ânsia de uma quinta-feira. Noite de lua cheia, céu estrelado, temperatura agradável, porém no auge do verão...Voltando para o ambiente aos poucos, fui pego bruscamente pelo braços, por meus dois grandes amigos.

- Estamos aqui doidão, voltou rápido do banheiro, mas porque esta com este sorriso estampado na cara?... - Sorriu para mim "Giardi´s man", enquanto o "Capeta" se esquartejava dançando na ósta

Não, não é pelo litro de whiskey que vocês acabaram de pegar meu amigo, pode ter certeza! - Sorri.

Testemunharam os fatos: o meu copo de Citrus, centenas de desconhecidos e uma péssima banda.





segunda-feira, 9 de março de 2009

Pour Femme.

É inegável a influencia que as mulheres tiveram na minha educação. Em se tratando de infância, esta influencia atinge cem por cento dela. Lideradas pela matriarca: minha avó, todos nós tínhamos uma rotina rígida, cheia de princípios morais e éticos, onde qualquer atitude tinha uma conseqüência: boa ou ruim.

Apesar comandada por mulheres, era uma educação digamos, desproporcional, onde os homens da família tínhamos mais regalias do que as mulheres, porém as responsabilidades eram maiores. Na verdade não era machismo para com as mulheres, mas proteção. Tanto para minhas primas, quanto para as minhas tias, percebia este pequeno tino a mais com as mulheres.

Minha avó sempre tinha razão, teoricamente e, quando alguém a ignorava – na prática também. Isso fazia com que ganhasse respeito e fosse fonte de conhecimento.

Sinceramente não me via sob influencia masculina na infância e isso se refletiu na minha vida adulta - tenho extrema dificuldade em lidar com ordens masculinas.

Não sei qual seria o papel masculino nos planos das mulheres da minha vida; talvez puramente limitado a trabalhar, já que papeis geralmente atribuídos a homens na educação, como falar sobre sexo era tarefa que minha avó executava com extrema sensibilidade.

E esta sensibilidade que exalava de todas que moravam temporária ou definitivamente na nossa casa é o que eu acredito ser a minha maior herança, juntamente com todos os princípios sobre respeito, honestidade e principalmente em força de vontade. Homens são competitivos e muitas vezes não fazem uso da razão, mas as mulheres são persistentes e sempre há um motivo para tudo na vida.

Depois de tantos benefícios que tive, clamar por bandeiras de defesa de direitos das mulheres, é mais do que uma obrigação; é uma honra! Dos papeis das mulheres na sociedade que vejo grandes benefícios, são os da educação em todos os seus níveis e, onde eu gostaria de ver mais atuação é na política; local onde princípios e sensibilidade são imprescindíveis.

O mundo ainda não é igual para todas ainda, mas isso só depende de vocês, mulheres que são a maioria nas nossas vidas.




sexta-feira, 6 de março de 2009

Inquisitio Haereticæ Pravitatis Sanctum Officium



- A religião foi importante para a humanidade, classe? - Perguntou o professor de sociologia?- Não! Respondeu tímida e secamente um colega do fundo da sala. Sem deixar apresentar os argumentos, o professor foi logo dando seu “parecer” sobre o assunto:

- Foi importantíssima, ainda mais neste século em que o mundo está todo voltado para o consumismo...

Depois de uma aula muito interessante sobre contabilidade que, para o meu espanto e da turma toda de calouros, não envolvia cálculos; minha garganta se inflamou diante da afirmação de um sociólogo.

- Há assuntos que não se discutem professor? - Pensei.

Motivado por uma ideologia que estamos acostumados a não questionar, logo o professor percebeu o tamanho da bobagem que disse. Para tentar contornar o assunto, fez uma retrospectiva “religiosa” na historia da humanidade, engolindo seco e não deixando margem para questionamentos.

Levantei a minha caneta discretamente e fingiu que não viu, fazendo com que o assunto em destaque fosse ininterruptível.

Depois de uma excelente explanação sobre liberdade, democracia e da importância do mundo acadêmico nos últimos séculos, nosso mestre tropeçou naquilo que a humanidade toda tropeça, cai e fica deitada no chão para sempre: a religião.

Puxando pelo meu pequeno baú de conhecimentos, não vejo nenhum benefício real para a humanidade, pelo contrário, são séculos de repressão, retrocesso e massacres.

A religião em si, traz uma conotação de fanatismo, onde qualquer um que pense de forma diversa, é indigno do paraíso.

Vim de uma família tradicionalmente religiosa, homogênea e completamente praticante. Para o desespero de uns, resolvi questionar tudo o que faziam com perguntas simples, infantis, dignas dos meus nove anos de idade, até então. A partir do momento em que as respostas não vieram de forma concreta, como um herege, fui jogado na fogueira.

Felizmente com o passar do tempo, as opiniões mudaram. Tudo muda; as pessoas mudam, os conceitos e até os radicais: menos as religiões.

As guerras mais sangrentas, os maiores massacres foram ligados à religião e seu fanatismo. Acredito ser um privilegiado por não ser tragado pela cólera da religião. A religião é um ópio que entorpece os mais fracos, cega os esclarecidos e tenta a qualquer custo sobreviver, mesmo com seus dogmas unilaterais de milhares de anos.

Incrível como a religião priva as pessoas de muitas coisas, inclusive da própria felicidade e o direito de escolha. Deixar de comer, de sair de casa, se auto-mutilar, exércitos de crianças sacrificar animais e até explodir pessoas, eis os grandes benefícios das religiões para a humanidade.


O radicalismo me irrita e a hipocrisia me enoja. Ambas características são indissociáveis às religiões, logo professor, da próxima vez, interromperei seu monólogo como quando tinha nove anos e como sempre, as minhas questões ficarão sem respostas.


segunda-feira, 2 de março de 2009

Desperate, ja es do dia!


A despedida do período noturno de trabalho foi discreta, compatível com o modus operandi de todos os colegas do plantão. - Sem alterações. - diria os mais exaltados. - Nada de abraços pessoal, não estou indo embora, só vou para o dia!

Os meus embalos de sábado a noite agora serão sinonimo de final-de-semana, na acepção da palavra. Segundo pesquisas, para cada dia trabalhado você envelhece uns três, logo três anos três meses mais velho, o único sinal físico de desgaste foram os dois fios completamente albinos que me tiraram o sono e o bom-humor durante umas semanas.

Já os emocionais são s mais traumáticos; dificuldade de realização em praticamente todas as atividades básicas, tais como: dormir, comer e praticar esportes; sem contar que pessoas nesta condição, invariavelmente tem péssimos relacionamentos interpessoais.

Apesar de ser paradoxal, a minha rotina hoje é justamente não ter uma rotina. A única tarefa diária, mas sem horários fixos, são os longos banhos, pela manhã e ao dormir.. Jantar, tomar café, almoçar, happy hour são tarefas que nunca coincidem diariamente.

Tirando a alcoolemia, valeu a pena a temporada - somados os adicionais, recebi um “décimo quarto” salário; economizei em protetor solar e remédios para dor de cabeça; li e escrevi acima da minha média e o principal: abandonei os anti-depressivos e ansiolíticos, fiz novos amigos e engordei.

A partir de amanhã, às seis da manhã, lanço uma bomba de adrenalina no meu relógio biológico: rotina e disciplina. A contar hoje, quando saí do trabalho, tive aproximadamente vinte e quatro horas para me preparar físico-emocionalmente para a mudança. Os resultados sentirei ao entardecer, medido por diclofenaco, humor, sono e dores nas pernas.

Fiquei feliz em saber que meus velhos colegas estão ansiosos pela minha volta – tão ansiosos que fizeram questão de que me apresentasse no meio das folgas de direito, ignorando as minhas trinta e seis horas de descanso, depois das doze trabalhadas. Mas vá lá pessoal, somos colegas de trabalho de longa data! Nada de me deixar fritando no sol, pelo menos agora, que tal posto com ar condicionado? - Argumentei

- Fabiano, é verdade que à noite, vocês só dormem e vêem televisão o plantão inteiro? - Pergunta provável de um novato para minha pessoa.

- Não novato, temos as mesmas responsabilidades ou até mais que os colegas do período diurno. A desvantagem é que as fugas e resgastes acontecem no período noturno e acontecerem, somos culpados, quando não cúmplices e negligentes. Já a vantagem é que não temos que cruzar com a chefia e tolerar perguntas como esta, de novatos!

Preciso de muito diclofenaco, protetores solares, pó-de-guaraná, complexo vitamínico e dois despertadores.

Um bom dia para todos! (Bom dia referente ao dia, sol, claridade e não somente ao cumprimento).


(Foto do amanhecer visto da janela do meu apartamento, aproximadamente 5:40 a.m.)