quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Suddenly i see.

Um banho de água fria para ter a sensação de frescor; aliviar toda a tensão que me consumira durante o dia “preso”. Meu trabalho é uma incógnita – dificilmente prevejo como chegarei em casa. Hoje retornei tal qual um proletariado de uma fábrica que faz apenas seu serviço esperando que o dia acabe. E acabou.

Afora os méritos/deméritos nossos, tudo transcorreu bem; mas as doze horas me consomem demais. Depois do banho, rapidamente li alguns e-mails, tentei salvar algumas fotos recebidas, respondi mensagens e foi o ápice ócio que pude me proporcionar. Procurei desesperadamente na minha farmácia improvisada um Paracetamol com suas generosas 750mg e o engoli a seco.

Alguma coisa mudou.

Não era este remédio que eu tomava quando chegava em casa cansado, não era. Olhei para minha confortável cama com desdém, abri o guarda-roupa, troquei de roupa e esperei o telefone tocar...

Esperei dois minutos e sai, não tocou...
...o tédio não me consome mais.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Mas assim?




21/01/2010; 20:00, aproximadamente.

Um banho de água fervendo na minha vida. Neste choque de temperaturas, surgiu uma ruptura. Minha primeira reação foi tentar remendar; não obtive sucesso, então agarrei-me as partes; não suportei o peso e sucumbi à minha responsabilidade. Desabei.

A minha família acabou...
...ou nunca existiu.




sábado, 16 de janeiro de 2010

Domingos...




O meu "viver" tem sentido tão ambíguo quanto o conceito de "Domingo normal"; de qualquer forma, ou melhor, de freqüentes formas, os nosso domingos são, digamos, Prozaquianos demais.

O domingo é o dia mais entorpecente de todos: ficamos surpresos com as mesmas visitas, rimos das mesmas piadas, comemos as mesmas comidas, vemos os mesmos programas de televisão e esperamos as mesmas ligações, mas reagimos sempre com surpresa.

Domingo é o limiar entre o que se passou e o que se passará – obvio - três dias antes e três dias depois, completam a semana. Apesar de todos os argumentos tenderem à normalidade, domingo é dia em que eu saio da rotina: vejo muita televisão; lavo algumas peças de louça; geralmente como em casa; coloco água no radiador do carro e jogo muitas coisas fora, geralmente papéis.

Antes de jogá-los, eu os leio. Começa um círculo vicioso que leva horas para terminar. Meu déficit em atenção colabora, pois esqueço estes pequenos momentos rapidamente e os faço novamente nos outros domingos.

Pensando bem, domingo é o dia do descanso; o dia em que até o caos ajoelha-se aos pés do normal. E acredite, às vezes, me faz falta ser domingos...


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Feliz 2010.




Logo na primeira semana de 2010, ainda atordoado pela languidez financeira do ano que se passara, dirigi-me ao caixa eletrônico do meu banco - apesar de não ter gasto nem um quarto de todo dinheiro que havia retirado para as despesas do final de semana de réveillon, queria ter a sensação prazerosa, pelo menos por alguns breves dias, de ter o dinheiro em mãos e não ter algo imprescindível para usá-lo, obrigatoriamente, diga-se de passagem.

Antes de entrar ao caixa fui interpelado por um pedinte, que de forma brusca e inesperada estendeu a mão pedindo uma moeda quando saísse do caixa, depois e voltou ao seu estado de aparente necessidade, olhei apressadamente e fiz apenas um sinal afirmativo com a cabeça.

- Vamos ver... saco quanto? As faturas das despesas mensais ainda não chegaram, os impostos anuais também não. Pensava.

Saquei um valor para abastecer o carro, levá-lo para revisão e calculei uma provisão para comer fora a semana toda, pois não me restara muito tempo disponível nos primeiros dias do ano para fazer nada além de trabalhar, comer e dormir – isso tudo até cumprir a carga horária que estava devendo no trabalho, devido às despensas para viagens de final de ano.

Para minha surpresa, o caixa eletrônico liberou todo meu valor em notas de valor mínimo e mal couberam na minha carteira, devido à sua quantidade (e não ao valor). Enquanto ajeitava o dinheiro, sai calmamente e me deparei com o pedinte - olhou para mim com leve desespero e desacreditado, pois a maioria se esquiva de situações como esta, mas ainda assim estendeu a mão e pediu uma moeda. Lembrei-me que não ando com moedas, pois as guardo dentro de uma gaveta em casa e achei estranho o fato de alguem pedir moedas quando é impossível sacá-las num caixa eletrônico. Então apressadamente peguei umas notas, entreguei-lhe e disse, dirigindo-me para o meu carro:

- Só não vá beber pinga. Vá no boteco da esquina e tome umas boas doses de whiskey para começar bem o ano. Enfatizei.

Ele ficou surpreso com o meu pedido, franziu as sobrancelhas, segurou as notas e enquanto eu me preparava para entrar no carro ele retrucou:

- Não, imagina senhor, não vou beber não, eu não bebo. Disse num tom sério, segurando as notas.

Quando disse isso, eu estava com a chave na porta do carro, quase girando a fechadura; tirei-a, dei meia volta e, num golpe de agilidade, tomei o dinheiro da mão do andarilho, enquanto ainda contava. Ele se assustou e ficou atônito com a minha reação.

Eu também fiquei surpreso, foi tudo muito rápido e inesperado. Bastava ele pegar as notas, sorrir, desejar que Deus me abençoasse, dirigisse ao bar e se fartasse; era simples.

- Ma...ma...mas...Gaguejava, sem esboçar reação.

Obviamente eu me justifiquei enquanto guardava o dinheiro novamente.

- Já que não vai beber, devolva-me o dinheiro, porque eu estou te dando justamente para este propósito, pois se quisesse te ajudar a sair das ruas daqui não pediria aquilo. Além do quê, este dinheiro, não me fará falta hoje... Até mais senhor, boa sorte.

Foi de bom coração, assim como sempre faço, mas desta vez, neste novo ano, foi por um outro propósito, não tão politicamente correto quanto antes, mas sincero e eficaz. Não fiquei com uma grama de dor na consciência; peguei o dinheiro, juntei com tantas outras notas e segui para um restaurante bacana de um hotel de luxo aqui na minha cidade e me esbaldei.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A minha impressão.




Preciso de uma caneta nova, pois as minhas foram todas perdidas depois do término das aulas – surrupiadas no trabalho ou esquecidas em algum canto mesmo, por puro desleixo; também preciso de uma resma de papel alcalino - daqueles que foram necessários vários metros cúbicos de madeira de lei para ser produzido, às custas de muita celulose.

Preciso ter sempre próximo às minhas vistas algo no qual eu possa fixar um sentimento - de preferência num papel em branco e com uma caneta. Pode ser em rabiscos; treinar assinaturas que nunca consigo repetir; fazer planos; pintar a folha toda com a caneta bic para ver se consigo acabar com toda sua tinta; para assoar o nariz e expurgar toda coriza que obstrui minha respiração, ou simplesmente escrever ao léu.

É o meu termômetro; talvez eu a pegue e não tenha reação alguma, que não amassá-la e jogar pela janela do apartamento; sinal de que já não tenho para onde correr. Mas eu tenho, sempre tenho. Jogo pela janela e não espero cair: busco no ar antes que toque o chão – desamasso com cuidado, recupero-a e faço uma marca, que se torna indelével com o tempo.

Chame do que quiser: melancólico, nostálgico, estático, saudoso mas eu guardo tudo; para mim é indiferente o tempo em que foi ocorrido, o que vale é a sensação que eu terei quando abrir o armário, um envelope, uma revista velha, achar um papel e relê-lo.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Hablar del amor.




Ouvi tantos sinceros “eu te amo” nesta última semana que realmente me senti amado. Fui me recompondo aos poucos; juntei as experiências que sobraram do ano passado, lapidei e obtive este resultado. Tudo culpa minha, admito. É uma sensação agradável, pois foram tão sinceros - independente das circunstancias, grau de proximidade, parentesco, amizade, relacionamento - , foi terno, sincero, verdadeiro.

Na verdade não é minha culpa, é meu resultado; tudo cativado por mim. Quisera eu poder dedicar mais tempo a estas pessoas, ou talvez, retribuir, o “eu te amo” devido sempre, mas não consigo. E quando consigo, eu os recebo de volta e me deixa muito feliz.

Não acredito que o que tenho ouvido/lido/sentido dure muito tempo se não for devidamente estimulado; com o tempo não sentirei tanta veemência nas afirmações por telefone, tanta expressão no timbre da voz ou os “eu te amo” não estarão tão negritados nos e-mails ou serão abreviados nas mensagens de celular. Se depender de mim, vou continuar alimentando, e por tabela me sentido querido. Posso me afastar, mas nunca desaparecer, independente de quem seja ou para onde tenha ido, ou que forma viva hoje, estarei sempre presente.

Ação, reação...
...só não posso exagerar.
Não, não.

Eu amo todos vocês também, mas dificilmente eu vou dizer com tanta freqüência porque sei o peso desta afirmação, seja qual o seu real teor.

(prefiero que lo sientas).



quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Eu e os remédios.




Minha rack, escrivaninha, meus bolsos estão cheios de blisters, bulas, pílulas e caixas de remédios. É algo involuntário; sinto-me protegido com remédios por perto, amparado e imune dos males do mundo. É como se fosse meu porto seguro: sinto alguma coisa, tomo-os com uma vontade incrível, deito na cama e “sinto” dissolverem-se na minha corrente sanguínea e suas moléculas interagindo com as minhas células - bilhões de reações químicas ao mesmo tempo.

Não se trata de mera hipocondria – mas sim se trata de paixão, de fé! Uns acreditam em Deuses, outros em políticos, e eu na química! Os remédios curam as pessoas, são palpáveis e vem em caixas de diversos tamanhos. Invariavelmente, os remédios não tem um gosto agradável, mas é isso que os torna poderosos. São ruins, ácidos, amargos e isso intimida as patologias! Sim, são maus, fodidos e poderosos e perigosos. Comprá-los são como cometer um ilícito.

Minha história com os remédios começou logo quando era criança. Aproximadamente aos sete, oito anos. Sofria de febre reumática e até então nunca tinha sentido uma dor tão intensa na minha vida. Tinha a impressão de que minhas articulações estavam sendo esmagadas por marretadas cadenciadas. Eis que me apresentaram à penicilina, ou melhor, a sua variação - Benzilpenicilina Benzatina, vulgarmente conhecida por Benzetacil®. E graças a ela, senti a segunda experiencia mais dolorosa da minha vida.

O tratamento durou aproximadamente quinze longos anos, entre interrupções e continuidade do tratamento. Apesar da dor insuportável da injeção, ela me proporcionava alivio imediato das dores articulares e me dava um ínterim de duas semanas, aproximadamente de alívio. Isso se chamava redução de danos, ou como diria a minha querida avó: dos males, o menor.
Os remédios não são como as pessoas, são objetivos, claros e eficientes. Sempre ouço deles:

- Viemos aqui para resolver o seu problema Fabiano, caso contrário, nos jogue na privada.
- Isso não, nunca! Não é porque não fizeram efeito que merecem ser descartados assim, posso utiliza-los em outra situação, em outros sintomas, usá-los concomitantemente talvez.

Há coisas que não abrimos mão e qualidade de vida é uma delas. Sei que há outras maneiras de se obtê-las, mas não me atraem. Não são tão práticas e nem tem efeito garantido; diferente dos meus amigos em formato cilíndrico, que ficaram nos laboratórios por décadas sendo testados em pobres ratinhos e consumiram bilhões de dólares em pesquisa.

Minhas fieis fontes:


domingo, 3 de janeiro de 2010

Fogos, espumante e branco.




Estava com o ledo sentimento de que a partir das 00:00 do dia 01/01/2010 encerrariam-se tudo o que tivera me acometido no ano inteiro. E assim não se foi; como não tivera de ser - afinal de contas, qual o poder que fogos de artifícios, borbulhas de espumante e roupa branca, tem como interferir na nossa felicidade?

E por um segundo lá se foi mais uma década - a terceira vivida; a mais vivida, sofrida, aprendida, fodida. Gosto deste termo usado coloquialmente: foder. E assim foi, uma década fodida (escolha o sentido que mais lhe apetece); no meu caso, deixo-o ao bel prazer das ocasiões que vivi nos últimos dez anos.

Não, não, pouca coisa mudou. Odeio fogos, adoro espumantes e odeio roupa branca. Felizmente não fiz uso de nada disso; dormi um pouco antes da meia-noite, depois de um melancólico dia de trabalho, tomei um leite, peguei o carro, um estimado amigo de longa data e fomos rodar. Rodei, rodei, ainda são, sem beber. Cruzei as duas fronteiras da minha cidade; todos confraternizando em espanhol, guarani, castelhano - fora os gringos, com seus belos pares de olhos azuis entretidos entre nossas maravilhas - enquanto eu entrava em território estrangeiro e levava na bagagem muitos problemas, mas que não poderiam ser vistos pelos guardas das aduanas.

Queria ter feito uma contagem regressiva; daquelas dessincronizadas com a da televisão. Nove, nove, oito, seis...Feliz ano novo! Agora tudo mudou; ano novo vida nova. Como que num passe de mágica. Mas não tinha nem relógio e soaria ridículo acreditar nisso.

O ano começou e mal tive tempo de desfazer as malas. Não há muita necessidade, pois é como um estímulo acordar cedo para trabalhar e ver a mala pronta, só esperando para ser carregada para algum destino. Deixe-a lá, até que se esvazie ou eu a carregue de vez.

A década começou elevada à décima potência: já arrumei, em quatro dias, a mesma quantidade de problemas que havia arrumado no ano passado inteiro. É muita coisa, confesso. Desde então, desliguei meu celular, a internet, telefone fixo e disse mentalmente baixinho: f-o-d-a-s-e. Soou doce, despreocupado e não agressivo. Foi divertido meu começo de ano, como sempre começa assim e termina assim; infelizmente há um longo intervalo entre estas datas.

Estou proibido de beber até segunda ordem; ordem da bula de um antibiótico que eu mesmo comprei; auto-medicação faz bem para o ego, você se sente sabedor dos seus problemas – não apologizo, mas recomendo. Minha resistência física se eximiu totalmente, agora o que me resta é ficar sentado por algumas horas apenas na frente do computador para ver fotos antigas e ler desconhecidos. Só isso; resta-me, também, alimentar-me até a recuperação parcial e começar novamente o ciclo de auto-destruição.

Pensando bem tenho ainda trezentos e sessenta e um dias para começar tudo novamente e ficar na esperança de “zerar” no final. Sobrou muito pouco de mim, apenas um pequeno suspiro, bem pequeno e providencialmente dado.

Esta semana quero descansar, decidi isso agora; nada de nada e de ninguém. É isso que farei; uma desintoxicação física, sentimental e mental. Qualquer “entrave” será atropelado com um trem desgovernado de emoções mesmo eu não conseguindo andar e me defender normalmente e, quanto as conseqüências destas atitudes...
...fodam-se.