quarta-feira, 31 de março de 2010

Reality show.




Faça como eu:

- Não assista ao Big Brother.

As tv´s educativas agradecem e, num futuro próximo, seus filhos o agradecerão.



"A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana" (Barão de Itararé).

quarta-feira, 24 de março de 2010

Procura-se.




É hora de voltar a ser frio; não apenas motivado pela brusca variação de temperatura – que nos acompanhará pelos próximos sete longos meses – mas por uma convicção de que um dos princípios inexoráveis da vida é a lei da inércia:

- “Na ausência de forças, um corpo em repouso continua em repouso, e um corpo em movimento, continua em movimento retilíneo uniforme”.

E é assim que devemos nos ver: ou parados, ou em movimento. Definitivamente o ano ainda não começou para mim, ou se sim, não da forma que eu esperava. Nenhuma força agia sobre mim, logo eu permanecia em repouso. Acomodado pelas circunstâncias, motivos que me fogem ao controle, talvez detalhes pequenos ou complexos, como planejamento, fato é que estou estático.

Voltando a afirmação anterior, nenhuma força externa agiu sobre mim e nenhuma força agirá, porque motivação é intrínseco, vem de si próprio, ninguém nem nada pode me motivar. Lembro-me que discutia com a professora de Psicologia Organizacional quando ela questionava se uma organização é capaz de motivar alguém - dizia eu:

- “É claro que sim, é obvio professora. Bons planos de carreira e cargos, remuneração, benefícios...”

Sem saber, eu pensava como um comportamentalista: onde a motivação é explicada através de incentivos e recompensas, em cujo certo comportamento me levaria a tais atrativos. Mas com o tempo, estas recompensas não me satisfazem mais ou se chego ao objetivo, não me sinto mais atraído para me comportar daquela forma. E agora?

Então, fui apresentado aos pesquisadores humanistas: nas quais os fundamentos da motivação estão na necessidade de auto-realização. O conceito de auto-realização é tão complexo e íntimo, portanto, diverge, invariavelmente de pessoa para pessoa. Eu era bombardeado por questões simples por experientes professores, tais como:

- “Por que você está aqui hoje? Por que escolheu este curso? Aonde quer chegar? O que é o topo para você? Você é feliz?

Todas estas perguntas simples que nunca tinha me feito antes, pesavam a tal ponto que eu me curvava diante da minha vida. Foi então que eu definitivamente entendi o conceito de motivação; são perguntas que somente EU poderia responder e mais ninguém. Eu poderia sofrer influências exteriores sim, e estas poderiam me modificar ou não, dependendo de como eu as interpretasse.

E assim finalizei o meu conceito sobre motivação – enquadrando-me completamente no conceito dos cognitivistas: Onde os fatores internos determinam o nosso comportamento e que reagimos de diferentes formas para o mesmo evento, ou seja, reagimos conforme a nossa interpretação do evento e não em relação ao evento em si.

Assim comecei a aplicar a teoria na prática, no meu trabalho, minha maior fonte estimuladora de comportamentos. Percebi, de forma simples que, o que estava bom para mim, não estava bom para meus colegas, e vice-versa – mesmo sendo, teoricamente benefícios, considerados satisfatórios para todos, uns se sentiam entusiasmados e outros não. Logo devo admitir na teoria e na prática que a minha professora tinha razão:

- “Ninguém nem nada é capaz de motivar você”.

Logo, então, concluo que coloquei em prática ainda os ensinamentos do ano passado. O que me falta é motivação. Um motivo para agir, uma força interior para me movimentar; auto-determinação que com o passar do tempo se perdeu e não voltará se eu não descobrir o porquê. Estou inerte, pois ainda não sei o que me motiva; se é que isso existe.

terça-feira, 16 de março de 2010

Rapel.


Segundo meu amigo, colega de faculdade de administração e também estudante de engenharia: "Daria para descer até 5 pessoas juntas sem problemas que ela suportaria. Esta corda suporta 2 toneladas de tração, mais até que um cabo de aço com o mesmo diâmetro."

A equipe de Rapel Foz Vertical. Profissionalismo e equipamentos de ponta acima de tudo.

A subida é complicada, é trabalhoso encaixar os "ganchinhos" (Esqueci o nome técnico) nas grades para não escorregar e cair.

Tranqüilo pá.

Equipamentos devidamente presos e conferidos.

Confere de novo aí instrutor, vai? Vê se eu prendi certo.

Nem tão tranqüilo assim.

Profissional Hudson on the top!

Subi, depois de alguns minutos.

Há, subir foi fácil. não tem segredo, é só ter atenção e paciência.

E agora, vamos descer!?

Antes as instruções novato: 1º de forma alguma solte a corda. 2º se soltar reze para o apoio estar segurando a corda reserva. 3º relaxa e não olhe para baixo.

Alinhar ao centro
Parece fácil.

É só se equilibrar e soltar aos poucos a corda.

Aprendi rápido, já esta até fazendo gracinhas.

Peguei o jeito.

Só não pode olhar para baixo.

Vou confessar, quando venta, você perde o equilíbrio e isso assusta.

Segura esta corda aí em baixo cara!

Ralei os joelhos um pouco, mas a decida foi perfeita! Rapel vicia!
Março de 2009

Agradecimentos:
Meu amigo Hudson que me convidou e a toda a equipe. Galera nota dez!

domingo, 14 de março de 2010

Mein mädchen.




As paixões sempre me são sazonais – vem e vão ao seu bel prazer, deixando-me sempre a mercê das suas devastadoras conseqüências. É o meu vício, a minha doce e entorpecente substância que me faz perder o tino, desmedir conseqüências, flutuar sem me preocupar com nada além alimentá-la cada vez mais e mais dentro de mim. Dentro de mim, subentende-se que individualidade. E é completamente egoísta a paixão. É um sentimento ligado ao ego, desejo e às suas necessidades mais incontroláveis e sem nexo entre realidade e possibilidade de acontecer.

O primeiro sinal é a falta de apetite; nutrição física é algo sempre desnecessário. Logo aparecem os tremores – fruto da inanição e ansiedade, seguidos incansavelmente pelos arrepios na pele. A temperatura do corpo muda completamente, aumenta bruscamente. Os olhos irradiam um brilho incomum, notado por todos, até pelos com baixa acuidade visual - os desacreditados. Recolher-se para deitar é a mais agradável das sensações – sempre com um sorriso incontido no rosto e suspiros cadenciados com as batidas do coração.

Sem sombra de dúvidas, a sensação que mais me deixa eufórico é sentir a pulsação, o sangue correndo pelas minhas veias, é sentir-se vivo e desprovido completamente de amarras que, diga-se de passagem, eu nunca as tive. É perder completamente a noção de tempo e espaço. De repente tenho todo o tempo do mundo e me sinto tão grande que não me caibo em mim mesmo.

Tudo resume-se a perder completamente o controle, algo que me apetece de tal forma que faço o que for possível para aproveitar cada momento deste, mesmo que sozinho agora...

…mas por pouco tempo.




quarta-feira, 10 de março de 2010

Ensaio sobre (a minha) cegueira.




Odeio quando as pessoas têm razão no que pensam sobre mim, mas ao mesmo tempo isso me faz bem. Estava ficando incomodado com a sua passividade diante de fatos com tamanha complexidade. Não sou avesso a criticas, - pelo contrário, - sou um grande entusiasta destas, e ser metralhado por verdades é uma atividade dolorosa, porém construtiva.

Eu sou assim, tal quais todos os seres humanos: quando não há um referencial de certo ou errado, tudo o que produzimos se torna certo. Quanto aos fatos em si, aprendi a valorizar e superestimar meus problemas como se fosse uma forma de glorificar meu esforço, que por sua vez vêm sempre em vão, acabando por potencializar mesmo o meu sofrimento.

Não será fácil para que está fora discernir o que é problema de carência, revolta, tristeza, euforia e depressão. Os grandes passos para mim, invariavelmente são acompanhado por grandes tropeços. E os pequenos, apesar de seguros, produzem um efeito de perca de tempo.

Eu acredito que tenho razão quando digo que somos todos iguais e o que nos difere é unicamente a nossa percepção de realidade: Uns podem estar no fim do poço e ter isso como um problema; já outros têm este fator como um estilo de vida, tal qual praticar esportes, ler e trabalhar. Definir um perfil para mim, além de suspeito, seria limitar-me. Para isso há os críticos, os profissionais e pessoas como você; com extremo tato e senso percepção de realidade.

Pessoas fechadas como eu, têm a dificuldade de aceitar a felicidade como uma constante, classificando-a como penitencia ou raros momentos de lucidez.

O meu mundo é uma tentativa frustrada de ter uma vida, baseada em planos para o futuro que nunca se concretizam, livros que ainda vou ler e da perspectiva de ampliar minha coleção de figurinhas repetidas.

Não se assuste se passados cinco minutos de conversa, eu te ligue completamente extasiado, dizendo que sou a pessoa mais feliz do mundo; mas para estas horas, seja fria, direta e crítica, mande-me abrir a janela do meu quarto, desligar o computador e sair do meu mundinho limitado de sempre. Pratique sem perdão um:

- Fabiano, acorde e encare o mundo real, pois já se passaram vinte e nove dos trinta e cinco anos planejados, previstos anteriormente para o final da sua vida. (biológica).

terça-feira, 9 de março de 2010

Agressive mode: on.




Sempre me gabei por não incorporar a minha vida pessoal todas as influências negativas que sou acometido durante meu trabalho. Maneirismos, gírias, violência, descaso, opressão, revolta, tensão, medo e outras situações adversas que bombardeiam a personalidade de qualquer um. Desde o curso de formação sabia o que me esperava - foram aproximadamente duzentas extenuantes horas-aulas teóricas sobre rotinas penitenciárias que sempre terminavam com a seguinte frase:

- Vocês nunca mais serão os mesmos, seja qual for o tempo que passarem pelo “sistema”.

É assim que é chamado o nosso círculo de trabalho: de sistema. O sistema é complexo, porém muito rico em conhecimentos, acontecimento e questionamentos. Durante o curso de formação, a primeira vista, absorvi todo o conhecimento dos meus professores-instrutores: colegas de trabalho com mais de vinte anos de carreira, psicólogos, advogados, policiais negociadores, psiquiatras, médicos sanitaristas, bombeiros e uma outra infinidade de profissionais ligado a área da saúde física, mental e da execução penal.

Tenho certeza de que fui bem preparado, fizeram de tudo para desistirmos de tomar posse: Influenciando com depoimento de colegas que foram reféns em rebelião; slides com fotos das doenças que estávamos expostos; pressão psicológica; visitas técnicas as mais precárias unidades do Estado. Apenas os contras, cada dia mais, até realmente estarmos preparados para o pior e esperá-lo. Muita informação sobre uma realidade de pessoas que vivem à margem da sociedade e, a partir de então, seria a nossa realidade.

Nada me assustou por incrível que pareça: nem as fotos de presos no manicômio em estado terminal, destruição durante rebeliões, os depoimentos, as realidades do sistema, a apatia física dos “antigões”, a feição de ódio dos apenados, o estado caótico da máquina estatal. Minha única preocupação era não chegar a extremos, para tanto, eu tentei me blindar para não ser afetado por nada e ninguém.

A priori, minha tentativa foi por água abaixo, depois de uma tenra adaptação ao novo trabalho, novas atribuições foram nos sendo concedidas e com elas vieram a pressão. Senti, entrei em colapso, o sistema englobou toda minha vida, quando percebi estava às vésperas de usufruir compulsoriamente de uma licença médica por dezenas de moléstias psicossomáticas. Não pensei em desistir, mas sofri muito por não ter a devida experiência para lidar com tantas situações adversas ao mesmo tempo. Resolvi insistir, graças a um ensinamento de um instrutor que se aposentou, - dizia ele do alto dos seus trinta anos de sistema:

- Sei que vocês são jovens, a maioria com diploma de curso superior; melhores preparados - tanto emocionalmente, quanto fisicamente, mas se vocês quiserem passar pelo sistema, mesmo que por pouco tempo, tem que aprender a trabalhar. Isso se resume a não deixar ser absorvido pelo sistema.

João, o instrutor, tinha razão, foi então que fui trabalhar no período da noite para reavaliar meus conceitos sobre eficiência, trabalho em equipe, liderança, poder, reorganizar minha vida pessoal e repensar meu modo de trabalho e todos os pontos que me afetavam diretamente.

Novos conceitos foram atribuídos às minhas rotinas, sendo o principal o fator relevar. Demorei um pouco para entender que estava dentro de uma panela de pressão gigantesca, regida por normas e leis que não funcionam na prática e que se confrontam com vontades de mil pessoas diretamente. Somos obrigados a tomar decisões em milésimos de segundos e que ninguém sequer fica sabendo, a não ser que seja a decisão errada, caso contrário evitamos uma situação de risco. Outro peso importante a ser medido era a minha capacidade de maleabilidade diante das relações interpessoais, pois neste quesito deixava a desejar. Na verdade, eu era limitado e demorei a aceitar isso. E ainda sou.

Novamente, os ensinamentos de João me vieram à cabeça:

- Estamos sempre aprendendo, pois o dia em que acharmos que sabemos tudo, com certeza estaremos com um “estoque” no pescoço. (Estoque: instrumento afiado e pontiagudo, feito artesanalmente de qualquer material, utilizado como arma branca dentro de presídios.)

Aquele jovem aposentado colega tinha razão em tudo o que nos passara - principalmente na primeira afirmação. Eu tentei de todas as formas não ser absorvido, mas eu fui. O sistema me engoliu de tal forma que não percebi, mas os que me conheciam antes sim. E pelo visto é um processo irreversível. Incorporei uma característica que não era minha, ou talvez, não em grau tão absurdamente elevado. Externei uma agressividade que não existia em mim antes, isto é um fato concreto, pois já não agüento mais ouvir sobre esta mudança definitiva de comportamento, que eu próprio achava aceitável.

Sou extremamente agressivo em todos os sentidos, sai pelos poros e é incontrolável, contudo isto não desencadeia necessariamente violência, graças ao meu auto-controle, mas sou extremamente voraz, ávido por o que quer que seja.

Entretanto, o que me espanta mesmo é que a agressividade não é direcionada ao sistema, nem ao trabalho em si, mas a minha vida pessoal. Conto nos dedos de uma mão as vezes que me descontrolei no trabalho, mas no meu dia-dia pessoal isso é crônico, é uma rotina cansativa, desgastante tanto para mim quanto para o resto da humanidade que convive direta ou indiretamente comigo. O problema não é o trabalho, mas a influência que ele teve na minha vida.

Eu não faço o que eu gostaria de fazer profissionalmente, mas gosto muito, demais do que eu faço e sou extremamente grato pela enriquecedora experiência (tanto boas quanto ruins) que adquiri nestes breves, porém intensos, quatro anos de sistema. Não é o meu objetivo, mas se me aposentar aqui, que seja compulsoriamente por idade, e não por invalidez.

Hoje aprendi a trabalhar Sr. João, mas ainda não aprendi a viver.