quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ave Cesar.




Confesso não ser fanático por filmes, mas sou um entusiasta de personagens sem limites, na ficção – principalmente quando o mote principal é o poder. Fato este que deve justificar esta minha estranha atração por figuras reais com tais características. Atração que invariavelmente resulta em admiração ou revolta, entretanto, são crescentes – independente da característica principal de personalidade.

Esta semana voltou à cena – desta vez de forma virtuosa, - nosso responsável senador da república, Roberto Requião. Para quem não sabe o que faz um senador e não quer esperar o Tiririca se eleger para explicar, vai a dica: o senado é a segunda casa legislativa da república, serve basicamente para barrar os projetos que o congresso federal demora para aprovar.

Os políticos do alto calão mantêm um nível peculiar de trabalho: são abastados, educados, eloqüentes, negociadores, articulados, jogadores e prezam pela sua figura pública. Roberto Requião resume todas essas características, exceto as que envolvem duas partes: não negocia, não joga e conseqüentemente não perde. Requião traz à tona o velho político da época do Brasil império, do voto de cabresto, onde a democracia existe apenas para a casta dos bem nascidos; manda quem pode, obedece quem tem juízo.

Coronel Requião, manda prendê e manda sortá! Nepotista que é, coloca os filhos para trabalhar com ele, a mulher, sobrinhos, genros, noras, primos e qualquer um que o enalteça. Contrata e demite seus pares em questão de minutos, não respeita concurso, patente, experiência, nada.

Tive a desagradável experiência de estar sob as ordens diretas de Roberto Requião, quando, então, governador do Estado do Paraná – foram cinco anos de desmandos, abuso de autoridade, falta de respeito em público com os funcionários Estaduais, ofensas a jornalistas, censura a imprensa, perseguição a sindicatos, massacre a associações, políticos rivais e contra qualquer um que se opusesse à sua palavra.

Estes fatos são corriqueiros na vida de qualquer político, mas o que mais chama a atenção, o que faz inflamar o ego do senador é a forma como ele age diante destes fatos, pois é aí que ele mensura seu poder. Qualquer um se contentaria em minimizar um entrave destes, mas Requião faz questão de debater em público e desafiar as autoridades. Seu poder sempre está em xeque, acredito que acima de tudo, até mesmo do dinheiro. Uns entram na política por dinheiro, outros por poder, há sim, existem os sonhadores que tentam fazer alguma coisa.

Desta vez o senador se irritou quando o repórter da Rede Bandeirante perguntou sobre a aposentadoria especial que ele recebe do Estado do Paraná por ter sido governador por oito anos, o equivalente a vinte e cinco mil reais. Diante do questionamento, Requião se irritou, tomou o gravador, avariou o equipamento e ameaçou bater no repórter, caso perguntasse novamente sobre isso.

Hoje, meu atual “patrão” não esboça sequer sombra do seu antecessor, tem personalidade adversa, e é avesso ao populismo. Sei que o atual governador não me renderá boas criticas, mas com certeza, teremos grandes avanços cívicos, profissionais, de urbanidade no trato em negociações, enfim, progresso nas relações trabalhistas.