sábado, 10 de dezembro de 2011

Escolha a alternativa correta.




Apenas algumas horas para o vestibular: cidade nova, curso novo, vida velha. Sinceramente não sei se é o curso da minha vida, só saberei mesmo quando tiver ano que vem na mesma situação: preparando-me para mais uma escolha.

Como numa peça de teatro, em vez de me desejar sorte, gostaria que me desejassem que eu quebrasse a perna!


(Lapis, caneta, borracha, água, ansiolítico, auto-controle e pressão).

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Segue o seco.




Cai uma chuva fina, lenta, daquelas cadenciadas, na qual você pode prever quando será o próximo pingo; momento propício para embalar o que eu sinto agora.

Achei que seria fácil, pensei que, sem falsa modéstia, eu com minhas habilidades, nos sairíamos bem – poríamos tudo e todos no seu devido lugar e com o tempo, voltaria a exalar SEROTONINA para todos os lados. Recomeçar não é ruim, difícil mesmo é findar um ciclo para depois começar outro. Infelizmente, existem determinadas situações que se sobrepõem as boas perspectivas de uma mudança física. Elas têm peso, um peso vivo, cansativo. É a fase de adaptação ao novo lugar que não pode ser atropelada como deveria: a duzentos quilômetros por hora por minha vontade de interagir. São os estranhos que circulam rapidamente ao meu lado na rua; os que insistem em me ignorar no trabalho; as ruas que tendem a me confundir sempre com seus nomes novos e suas esquinas inexploradas. É o ar seco que alimenta ainda mais minha congestão nasal.

Sinto um leve arrependimento... O sentimento de desafio, agora se encontra adormecido, ao contrário das minhas lembranças de tempos atrás que estão cada vez mais vivas.

Ô chuva vem me dizer
Se posso ir lá em cima prá derramar você
Ó chuva preste atenção
Se o povo lá de cima vive na solidão
Se acabar não acostumando
Se acabar parado calado
Se acabar baixinho chorando
Se acabar meio abandonado
Pode ser lágrimas de São Pedro
Ou talvez um grande amor chorando

(Marisa Monte, Segue o seco).

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Um par.



Um ParLos Hermanos
Composição: Rodrigo Amarante
Mesmo quando ele consegue o que ele quis,
Quando tem já não quer
Acha alguma coisa nova na TV
O que não pode ter
E deixa de gostar
Larga mão do que ele já tem
Passa então a amar
Tudo aquilo que não ganhou
Dê motivo pra outra vez acreditar
Na cascata da vez
Que você comprou assim zero mais dez
Um presente pra mim
Mas se eu perguntar
De onde veio esse agrado
Você vai gritar
Diz que é homem feito, sei não
Ah faça-me o favor
Diga ao menos o que foi
E se eu faltei em te explicar
Diz que a gente sempre foi
Um par
Sai domingo diz que é o dia de jogar
Mas que jogo eu não sei
Fica até segunda o dia clarear
E troféu não se vê
Entra sem falar
Sai correndo e volta outra vez
Sem cumprimentar
Nem parece aquele
Eu rezo, ai deus do céu
Ou alguém no chão
Diga-me o que foi
Que eu deixei faltar
O que eu não consigo é entender
Como é que um filho meu é tão diferente assim
De mim
Me faz entender.

(Acho que sou assim, exatamente assim, milimetricamente assim, larga mão do que já tem e passa a desejar tudo aquilo que não ganhou. Isso justifica minha gana, minha vontade e meu descontrolado impulso. Há, se não fossem eles, quem eu seria. A velhice é física apenas, meus atos continuam atemporais.
Abri uma garrafa de cerveja e depositei nela todas as minhas expectativas, respirei fundo, imaginei, desejei, absorvi. Eu quero muito mais, estou lutando e planejando para conseguir mais...entretanto ainda não sei mais o que eu quero...)

Toca pra mim...





Estava correndo como um jovem sonhador atrás dos seus ideais, transpirava por todos os poros do meu corpo; a mente, concentrada, tentava dosar minha energia durante as minhas rápidas passadas. Meu corpo já não responde aos mesmos estímulos de anos atrás, mas ainda continua com a mesma coordenação motora para executar movimentos repetitivos.

Queria voltar no tempo, queria poder mudar minúsculos erros, quase imperceptíveis à vida cotidiana – nada de melancolia ou arrependimentos, apenas um aperfeiçoamento do meu destino, uma nova chance para velhos acontecimentos.

Há tempos não praticava um esporte coletivo, há tempos não disputava algo com tanto afinco, liberdade.

Não esqueci aquilo que havia aprendido há quinze anos - apenas alguns minutos, ritmo de jogo, colocaram-me novamente no patamar de um astuto armador. Havia se passado vinte, trinta minutos de jogo, estava esgotado fisicamente, mas superava pela vontade. Dado certo momento pedi a bola com vigor:

– Toca para mim, toca para mim!!!

Era uma chance real de gol, bola curta, próximo a linha do escanteio. Naquele momento concentrei toda a minha força num chute. Corri para a bola com o máximo de velocidade e desferi um chute mascado, acompanhado de um desequilíbrio do pé de apoio e uma dolorida torção de tornozelo.

Cai no chão, sentia meu tornozelo formigar, executava poucos movimentos com o pé, tamanha era a dor. Era o fim de jogo para mim. Recolhi-me mancando, tentando me equilibrar numa perna só, com medo de firmar o tornozelo fraturado.

Estava tentando voltar no tempo em atos – executando atividades que me remetiam ao passado, mas infelizmente a minha realidade é outra, não posso corrigir pequenos passos dado no passado, forçando meu presente.

A dor, esta sim é atemporal – tanto a física quando a emocional – a física acaba sempre passando, já as outras...