domingo, 27 de setembro de 2020

Das oportunidades passadas

Sinceramente não sei responder quando tudo começou; talvez in útero, ou numa reprogramação para reencarnar; ou quando comecei a desenvolver meu senso crítico.

Minha primeira frustração foi ser reprovado num “Vestibulinho”; por diversos motivos. O determinante foi não querer tal mudança – sair da escola pública e ir para o ensino privado. Somado à minha falta de aplicação nas sessões de estudo, em seguir o cronograma, o desdém com o meu futuro. Acredito que não fui muito estimulado para tal empreitada ou mesmo forçado, espremido.

Era o melhor para mim, sem dúvida; teria diversas dificuldades de aprendizado, de socialização, afinal seria um “semi-bolsista”, metade mérito, metade custeado pelos meus padrinhos. A notícia que tive foi que fui reprovado. Não me recordo muito da prova, estava deveras incompreensível, focada em exatas e literatura - calcanhares de Aquiles do ensino público.

Às vezes penso que, apesar do meu desempenho não ter sido acima da média, era um bom aluno e excelentes em determinadas disciplinas. Talvez tenha passado, o ensino particular é movido a números, que resultam em cifras. Penso que fui desacreditado, que talvez seria um dinheiro investido que seria perdido ou talvez minha vontade tenha prevalecido -  que era a de permanecer na minha primeira zona de conforto.

Poderia ter sido diferente. Ou não.

Fato é que nunca fui influenciado durante minha formação; cobrado, orientado. Sempre tive o livre arbítrio de escolher meus caminhos antes mesmo da formação da minha personalidade.

Apesar das limitações estruturais, de recursos e material didático; tive excelentes professores, mas estávamos anos luz atrás em questão de conteúdo quando comparado aos colégios particulares.

Tive o primeiro contato com o preterido colégio quando participava da equipe de vôlei da minha escola na categoria pré-mirim. Foi um jogo disputado. Foi um jogo amistoso; ganhamos com uma boa margem. O clima era extremamente amigável; fui surpreendido, percebi que éramos todos iguais; crianças, outros pré adolescentes e estamos interessados em nos divertir.

Ao final da partida fomos convidados a conhecer a estrutura – era incrível. Mas era tarde, tinha feito a minha escolha; abdiquei da minha primeira grande chance da minha vida e tenho a mais plena convicção que meu futuro poderia ter sido diferente.

Não que signifique algo, mas meus parentes que se formaram neste colégio, nenhum concluiu sequer um curso superior. Eu me subestimei pela primeira vez na vida, aos nove para dez anos de idade.