A rotina me consome de tal forma que meu corpo executa todas as suas tarefas diárias por osmose, sem comando algum, mesmo quando se tratar de uma atividade diferente, contudo já executada anteriormente.
O resultado de todo este mecanismo repetitivo é um cansaço descomunal, uma apatia para atividades simples que acabam se tornando um martírio executá-las. O que me levou a este resultado é, sem dúvida nenhuma, a minha mudança de comportamento, a rotina bucólica, o isolamento, a depressão, a subserviência minha para os que convivem comigo, as incertezas...
Qualquer esforço, por menor que seja vem acompanhado de um sonolento bocejo – meu maxilar se alonga ao máximo parecendo querer rasgar as bochechas. O olhar de desdém para escovar os dentes, sentar-se à mesa, tomar banho, fazer a barba, seguem a sina de quem um dia mantinha disciplina militar para fazer qualquer movimento corriqueiro.
Meus dias são encurtados, tenho excelentes noites de sono, me refugio e busco prazer nos sonhos, tento encontrar respostas ou pistas do meu futuro em todos os estágios do sono. Durmo profundamente com ou sem auxílio de remédios, meu corpo está programado para desligar-se automaticamente diante de um sinal de colapso de monotonia. Dormir, agora, trata-se de uma necessidade psicológica, um escape, meu ópio.
Meu ócio não é mais sinônimo de criatividade – como efeito colateral os remédios me trazem perdas na memória recente, tenho dificuldade em me concentrar, as palavras me fogem ao teclado. Sinto falta dos meus textos para me expressar, regurgitar tudo o que estou sentindo, colocar para fora sem entrelinhas, sem ter que explicar o porquê depois de dito. Meus livros foram todos encaixotados, principalmente os de auto-ajuda; agora auto-ajuda são meus textos que escrevi há anos atrás, que os releio e tenho sensações prazerosas graças as lacunas em branco na memória.
Se pudesse definir meu presente numa palavra eu definiria em incerteza. Nada pior para um meticuloso planejador, um prudente tomador de decisões do que não saber onde morará daqui há um mês, com quem trabalhará nesta época, qual universidade freqüentará, que ares o farão se movimentar novamente. A conjunção se, é a única capaz de tirar o meu épico sono. Se somente se eu continuar assim eu vou enlouquecer. A clausura, as procuras por novas atividades, as terapias alternativas, me deixaram estafados. Não há mais recursos, meu corpo fisicamente está perfeito, precisa de combate, excesso de anticorpos, está purificado e a minha mente precisa de realidade, chega de assistir televisão, imaginar o futuro e me refugiar em bocejos.
UAU Tenso, estava com saudade dos seus textos, eles fazem falta não só pra você, e, imitando o verso das capas dos vinis do Legião: Força Sempre!!!!
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ResponderExcluirEu sei que vc supera essa!
ResponderExcluirPS: que carinha de sono mais linda!!!
bjo
Paula