quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Toca pra mim...





Estava correndo como um jovem sonhador atrás dos seus ideais, transpirava por todos os poros do meu corpo; a mente, concentrada, tentava dosar minha energia durante as minhas rápidas passadas. Meu corpo já não responde aos mesmos estímulos de anos atrás, mas ainda continua com a mesma coordenação motora para executar movimentos repetitivos.

Queria voltar no tempo, queria poder mudar minúsculos erros, quase imperceptíveis à vida cotidiana – nada de melancolia ou arrependimentos, apenas um aperfeiçoamento do meu destino, uma nova chance para velhos acontecimentos.

Há tempos não praticava um esporte coletivo, há tempos não disputava algo com tanto afinco, liberdade.

Não esqueci aquilo que havia aprendido há quinze anos - apenas alguns minutos, ritmo de jogo, colocaram-me novamente no patamar de um astuto armador. Havia se passado vinte, trinta minutos de jogo, estava esgotado fisicamente, mas superava pela vontade. Dado certo momento pedi a bola com vigor:

– Toca para mim, toca para mim!!!

Era uma chance real de gol, bola curta, próximo a linha do escanteio. Naquele momento concentrei toda a minha força num chute. Corri para a bola com o máximo de velocidade e desferi um chute mascado, acompanhado de um desequilíbrio do pé de apoio e uma dolorida torção de tornozelo.

Cai no chão, sentia meu tornozelo formigar, executava poucos movimentos com o pé, tamanha era a dor. Era o fim de jogo para mim. Recolhi-me mancando, tentando me equilibrar numa perna só, com medo de firmar o tornozelo fraturado.

Estava tentando voltar no tempo em atos – executando atividades que me remetiam ao passado, mas infelizmente a minha realidade é outra, não posso corrigir pequenos passos dado no passado, forçando meu presente.

A dor, esta sim é atemporal – tanto a física quando a emocional – a física acaba sempre passando, já as outras...


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