terça-feira, 13 de agosto de 2013

Sete anos no Tibet

Me peguei hoje sorrindo sozinho, no transito engarrafado, no caminho para faculdade. Era para ser uma situação conflitante, estresse, de questionamentos, mas foi apenas um ínterim de sorrisos. Combustível acabando, sem dinheiro para comprar meu lanche na faculdade, tarefas acumuladas...
Estava indo para outra jornada, tão quanto difícil, desafiadora e extenuante. Percebi, que, por um instante, não teria motivos para reclamar da minha vida, mais especificamente, do meu trabalho que eu, realmente, gosto do que eu faço. É controverso admitir isso, até porque estou procurando outros caminhos, mas eu gosto do que eu faço. Por mais absurdo do que pareça, sim, eu gosto de estar numa cadeia: do ambiente hostil, da falta de ferramentas, do perigo, do ambiente insalubre, dos quilos de remédios controlados que eu consumo.
Há, é uma diversão! Sim, o risco de vida, o perigo, as minhas habilidades interpessoais postas em xeque. Eu tomo a decisão, eu decido, eu ordeno, eu tenho o poder, eu mudo o destino das pessoas e, por conseguinte, o meu.
Talvez, nestes sete anos, numas das parcas especializações, a melhor de todas, a melhor frase da minha vida, a resposta que eu procurava a séculos, que não me deixava dormir, que me deixava agressivo no transito. Sim, eu sou crítico, sou questionador e o que me motiva não é o que eu produzo, mas o que eu prospecto.
Sabe qual o resultado do meu trabalho? Sabe? As estatísticas dizem: ele é zero, negativo, insignificante. Pois bem, eu pensava assim. Ate ouvir as sábias palavras de uma colega, devota do sistema, psicóloga que me ministrou um curso.
Sabe qual o resultado do seu trabalho “cidadão”? Sabe? Tem noção? Pois bem, o resultado do seu trabalho é o seu próprio trabalho.
Este é o resultado: se ele não sai como o planejado, ou como as pessoas esperam, eu o fiz. Com devoção, prazer e afinco. E o resultado é este. Bom ou ruim, isso não me cabe julgar. Eu fiz o meu melhor, tenho certeza. Dei meu sangue, minha vida, minha segurança pessoal, mas fiz o meu melhor. Se o resultado não foi o esperado, este, não depende apenas de mim. Eu sigo as regras, eu me dedico, dou meu sangue, faço além das minhas possibilidades, mas o resultado não depende tão somente de mim. Depende quem quer mudar. E isto, as duras penas, não cabe a mim.
Que venha o próximo plantão!


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