É com pensamento convencido que vou aos poucos recolhendo minha outrora cansada carcaça, agora recuperada de tanto esforço emocional e colocando-a lentamente nos trilhos de uma rotina já previamente experimentada por mim.
Rotina esta, largada aos flancos, obstruída por uma saída abrupta da minha própria vida – num resgate providencial, executado por um esforço descomunal de várias partes, pus-me recluso.
Deixei meus amigos próximos se cansarem de pedir minha presença, acolhi com atenção os conselhos e anseios dos familiares quanto ao retorno e assim calcifiquei minha decisão: eu vou voltar ao trabalho e conseqüentemente a morar sozinho.
Olho para o espelho pelas manhãs e procuro ver o que mudou nestes cinco meses, o que consegui absorver e o que fora transpirado e a maior lição a que chego é que eu nunca estarei sozinho novamente. Por mais que eu tente, por mais que eu queira, por mais distante que eu vá, quanto maior a quantidade de problemas, sinto que não estarei mais sozinho.
Foi uma oportunidade ímpar na minha vida, tirei férias de mim em três estágios: internação psiquiátrica, terapia intensiva e readaptação familiar. Todos momentos marcantes, experiências incríveis, dignas de início de década. Neste ínterim, era como se eu estivesse sentado numa mesa circular com todos os meus fantasmas e pudesse perguntar o porquê de terem me assombrado tanto.
O destino será o mesmo de cinco anos atrás, a cidade em que me remodelou em quatro anos, desta vez literalmente com mais bagagens, partindo do mesmo ponto, desta vez sem amarras, com menos planos e mais objetivos.
- Conversando com minha querida, lúcida e octogenária avó sobre meu retorno ela com toda sabedoria dizia que me apoiava, apesar de querer que no fundo eu fosse demitido e arrumasse outro emprego aqui na nossa pacata cidade. Lutar contra ordens naturais do universo é algo que não me atrai mais...
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