sábado, 22 de maio de 2010

Departamento de compras.




Estava em casa, ocioso, depois de dormir boa parte do sábado. Resolvi então organizar um material de Administração de Custos – estavam todos em formato de apresentação de slides – tive que os formatar e transformá-los em documentos para imprimir. O assunto em pauta era Ponto de Equilíbrio (break-even-point). Mais um conceito importante; um destes que eu insisto em desviar dos estudos de administração e economia para inseri-los na minha vida particular.

Como o próprio nome diz, ponto de equilíbrio é um marco onde dois esforços se equivalem. Em Administração de Custos, é onde as despesas e as receitas se igualam. Não há lucro nem prejuízo neste ponto. Somam-se as despesas fixas (as que não mudam de acordo com quantidade produzida) com as despesas variáveis (estas atreladas à quantidade); e subtrai-se da receita necessária para cobrir estas duas variáveis.

Paralelamente, eu não consigo atingir o meu ponto de equilíbrio financeiro. É incrível como outra máxima entra em prática: quanto mais se produz/ganha, mais se gasta. E é aí que entra o infiel da balança – o consumismo. Sou um consumista ferrenho, voraz de qualquer tipo de bem ou serviço. Não consigo explicar a sensação, mas me dá muito prazer, sinto uma euforia, uma liberação de bem-estar absurda quando concretizo uma compra. Independente do objeto de desejo e seu valor financeiro, o que importa é eu adquiri-lo.

Mantenho várias listas de desejos em diversos sites de compra; atualizo-as diariamente, faço comparativo de preços, leio resenhas de outros compradores, calculo fretes, analiso possibilidades, formas de pagamentos e etc. Eu preciso comprar, eu preciso! Vou ao supermercado diariamente, mesmo sem necessidade, faço questão de pagar pessoalmente todas as despesas mensais. Tenho o número do meu cartão de crédito decorado em minha memória.

Estava sonolento, apático para um sábado ensolarado, resolvi então vasculhar minhas listas de compras. Percebi que há tempos não comprava livros, pois não tenho tempo para apreciá-los. Por necessidade, estava procurando livros de Cálculo para engenharia – necessito de um guia, graças a minha falta de habilidade com ciências exatas. Para minha surpresa, encontrei-o com um título sugestivo: Cálculo para leigos. Pois bem, não tive dúvidas em comprá-lo, mas para minha surpresa, o site estava oferecendo frete gratuito para compras acima de R$ 69,00; era o que eu precisava – motivação. Procurei outros títulos, achei quase todos e os que não achei, substitui, de quebra, comprei uns para presentear meus amigos. Meu final de semana ganhou uma sobrevida de uns dias...

Este é o preço que se paga por manter algo que te faz bem. Comprar e gastar me faz um bem incrível, mesmo não tenho fundos suficientes para pagar os bens, o que ocorre sempre. O nível de satisfação é proporcional a monta e a dificuldade em custeá-lo. Este impulso pode parecer fútil para muitos, mas para mim é extremamente necessário, é obsessivo e compulsivo. Por ora, sempre extrapolo meu ponto de equilíbrio e acredito que pago um preço baixo para me manter saciado.

Afinal de contas tem coisas que o dinheiro não compra...

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