quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Eu e os remédios.




Minha rack, escrivaninha, meus bolsos estão cheios de blisters, bulas, pílulas e caixas de remédios. É algo involuntário; sinto-me protegido com remédios por perto, amparado e imune dos males do mundo. É como se fosse meu porto seguro: sinto alguma coisa, tomo-os com uma vontade incrível, deito na cama e “sinto” dissolverem-se na minha corrente sanguínea e suas moléculas interagindo com as minhas células - bilhões de reações químicas ao mesmo tempo.

Não se trata de mera hipocondria – mas sim se trata de paixão, de fé! Uns acreditam em Deuses, outros em políticos, e eu na química! Os remédios curam as pessoas, são palpáveis e vem em caixas de diversos tamanhos. Invariavelmente, os remédios não tem um gosto agradável, mas é isso que os torna poderosos. São ruins, ácidos, amargos e isso intimida as patologias! Sim, são maus, fodidos e poderosos e perigosos. Comprá-los são como cometer um ilícito.

Minha história com os remédios começou logo quando era criança. Aproximadamente aos sete, oito anos. Sofria de febre reumática e até então nunca tinha sentido uma dor tão intensa na minha vida. Tinha a impressão de que minhas articulações estavam sendo esmagadas por marretadas cadenciadas. Eis que me apresentaram à penicilina, ou melhor, a sua variação - Benzilpenicilina Benzatina, vulgarmente conhecida por Benzetacil®. E graças a ela, senti a segunda experiencia mais dolorosa da minha vida.

O tratamento durou aproximadamente quinze longos anos, entre interrupções e continuidade do tratamento. Apesar da dor insuportável da injeção, ela me proporcionava alivio imediato das dores articulares e me dava um ínterim de duas semanas, aproximadamente de alívio. Isso se chamava redução de danos, ou como diria a minha querida avó: dos males, o menor.
Os remédios não são como as pessoas, são objetivos, claros e eficientes. Sempre ouço deles:

- Viemos aqui para resolver o seu problema Fabiano, caso contrário, nos jogue na privada.
- Isso não, nunca! Não é porque não fizeram efeito que merecem ser descartados assim, posso utiliza-los em outra situação, em outros sintomas, usá-los concomitantemente talvez.

Há coisas que não abrimos mão e qualidade de vida é uma delas. Sei que há outras maneiras de se obtê-las, mas não me atraem. Não são tão práticas e nem tem efeito garantido; diferente dos meus amigos em formato cilíndrico, que ficaram nos laboratórios por décadas sendo testados em pobres ratinhos e consumiram bilhões de dólares em pesquisa.

Minhas fieis fontes:


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