segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A minha impressão.




Preciso de uma caneta nova, pois as minhas foram todas perdidas depois do término das aulas – surrupiadas no trabalho ou esquecidas em algum canto mesmo, por puro desleixo; também preciso de uma resma de papel alcalino - daqueles que foram necessários vários metros cúbicos de madeira de lei para ser produzido, às custas de muita celulose.

Preciso ter sempre próximo às minhas vistas algo no qual eu possa fixar um sentimento - de preferência num papel em branco e com uma caneta. Pode ser em rabiscos; treinar assinaturas que nunca consigo repetir; fazer planos; pintar a folha toda com a caneta bic para ver se consigo acabar com toda sua tinta; para assoar o nariz e expurgar toda coriza que obstrui minha respiração, ou simplesmente escrever ao léu.

É o meu termômetro; talvez eu a pegue e não tenha reação alguma, que não amassá-la e jogar pela janela do apartamento; sinal de que já não tenho para onde correr. Mas eu tenho, sempre tenho. Jogo pela janela e não espero cair: busco no ar antes que toque o chão – desamasso com cuidado, recupero-a e faço uma marca, que se torna indelével com o tempo.

Chame do que quiser: melancólico, nostálgico, estático, saudoso mas eu guardo tudo; para mim é indiferente o tempo em que foi ocorrido, o que vale é a sensação que eu terei quando abrir o armário, um envelope, uma revista velha, achar um papel e relê-lo.

2 comentários:

  1. Fá...
    Sem palavras...
    Perfeito!
    Este com toda certeza é VOCÊ!
    bjo
    Paula

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  2. poucas palavras e muito significado...
    ADOREI!!!!
    bjinhus
    Helena

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