domingo, 3 de janeiro de 2010

Fogos, espumante e branco.




Estava com o ledo sentimento de que a partir das 00:00 do dia 01/01/2010 encerrariam-se tudo o que tivera me acometido no ano inteiro. E assim não se foi; como não tivera de ser - afinal de contas, qual o poder que fogos de artifícios, borbulhas de espumante e roupa branca, tem como interferir na nossa felicidade?

E por um segundo lá se foi mais uma década - a terceira vivida; a mais vivida, sofrida, aprendida, fodida. Gosto deste termo usado coloquialmente: foder. E assim foi, uma década fodida (escolha o sentido que mais lhe apetece); no meu caso, deixo-o ao bel prazer das ocasiões que vivi nos últimos dez anos.

Não, não, pouca coisa mudou. Odeio fogos, adoro espumantes e odeio roupa branca. Felizmente não fiz uso de nada disso; dormi um pouco antes da meia-noite, depois de um melancólico dia de trabalho, tomei um leite, peguei o carro, um estimado amigo de longa data e fomos rodar. Rodei, rodei, ainda são, sem beber. Cruzei as duas fronteiras da minha cidade; todos confraternizando em espanhol, guarani, castelhano - fora os gringos, com seus belos pares de olhos azuis entretidos entre nossas maravilhas - enquanto eu entrava em território estrangeiro e levava na bagagem muitos problemas, mas que não poderiam ser vistos pelos guardas das aduanas.

Queria ter feito uma contagem regressiva; daquelas dessincronizadas com a da televisão. Nove, nove, oito, seis...Feliz ano novo! Agora tudo mudou; ano novo vida nova. Como que num passe de mágica. Mas não tinha nem relógio e soaria ridículo acreditar nisso.

O ano começou e mal tive tempo de desfazer as malas. Não há muita necessidade, pois é como um estímulo acordar cedo para trabalhar e ver a mala pronta, só esperando para ser carregada para algum destino. Deixe-a lá, até que se esvazie ou eu a carregue de vez.

A década começou elevada à décima potência: já arrumei, em quatro dias, a mesma quantidade de problemas que havia arrumado no ano passado inteiro. É muita coisa, confesso. Desde então, desliguei meu celular, a internet, telefone fixo e disse mentalmente baixinho: f-o-d-a-s-e. Soou doce, despreocupado e não agressivo. Foi divertido meu começo de ano, como sempre começa assim e termina assim; infelizmente há um longo intervalo entre estas datas.

Estou proibido de beber até segunda ordem; ordem da bula de um antibiótico que eu mesmo comprei; auto-medicação faz bem para o ego, você se sente sabedor dos seus problemas – não apologizo, mas recomendo. Minha resistência física se eximiu totalmente, agora o que me resta é ficar sentado por algumas horas apenas na frente do computador para ver fotos antigas e ler desconhecidos. Só isso; resta-me, também, alimentar-me até a recuperação parcial e começar novamente o ciclo de auto-destruição.

Pensando bem tenho ainda trezentos e sessenta e um dias para começar tudo novamente e ficar na esperança de “zerar” no final. Sobrou muito pouco de mim, apenas um pequeno suspiro, bem pequeno e providencialmente dado.

Esta semana quero descansar, decidi isso agora; nada de nada e de ninguém. É isso que farei; uma desintoxicação física, sentimental e mental. Qualquer “entrave” será atropelado com um trem desgovernado de emoções mesmo eu não conseguindo andar e me defender normalmente e, quanto as conseqüências destas atitudes...
...fodam-se.


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