sexta-feira, 6 de março de 2009

Inquisitio Haereticæ Pravitatis Sanctum Officium



- A religião foi importante para a humanidade, classe? - Perguntou o professor de sociologia?- Não! Respondeu tímida e secamente um colega do fundo da sala. Sem deixar apresentar os argumentos, o professor foi logo dando seu “parecer” sobre o assunto:

- Foi importantíssima, ainda mais neste século em que o mundo está todo voltado para o consumismo...

Depois de uma aula muito interessante sobre contabilidade que, para o meu espanto e da turma toda de calouros, não envolvia cálculos; minha garganta se inflamou diante da afirmação de um sociólogo.

- Há assuntos que não se discutem professor? - Pensei.

Motivado por uma ideologia que estamos acostumados a não questionar, logo o professor percebeu o tamanho da bobagem que disse. Para tentar contornar o assunto, fez uma retrospectiva “religiosa” na historia da humanidade, engolindo seco e não deixando margem para questionamentos.

Levantei a minha caneta discretamente e fingiu que não viu, fazendo com que o assunto em destaque fosse ininterruptível.

Depois de uma excelente explanação sobre liberdade, democracia e da importância do mundo acadêmico nos últimos séculos, nosso mestre tropeçou naquilo que a humanidade toda tropeça, cai e fica deitada no chão para sempre: a religião.

Puxando pelo meu pequeno baú de conhecimentos, não vejo nenhum benefício real para a humanidade, pelo contrário, são séculos de repressão, retrocesso e massacres.

A religião em si, traz uma conotação de fanatismo, onde qualquer um que pense de forma diversa, é indigno do paraíso.

Vim de uma família tradicionalmente religiosa, homogênea e completamente praticante. Para o desespero de uns, resolvi questionar tudo o que faziam com perguntas simples, infantis, dignas dos meus nove anos de idade, até então. A partir do momento em que as respostas não vieram de forma concreta, como um herege, fui jogado na fogueira.

Felizmente com o passar do tempo, as opiniões mudaram. Tudo muda; as pessoas mudam, os conceitos e até os radicais: menos as religiões.

As guerras mais sangrentas, os maiores massacres foram ligados à religião e seu fanatismo. Acredito ser um privilegiado por não ser tragado pela cólera da religião. A religião é um ópio que entorpece os mais fracos, cega os esclarecidos e tenta a qualquer custo sobreviver, mesmo com seus dogmas unilaterais de milhares de anos.

Incrível como a religião priva as pessoas de muitas coisas, inclusive da própria felicidade e o direito de escolha. Deixar de comer, de sair de casa, se auto-mutilar, exércitos de crianças sacrificar animais e até explodir pessoas, eis os grandes benefícios das religiões para a humanidade.


O radicalismo me irrita e a hipocrisia me enoja. Ambas características são indissociáveis às religiões, logo professor, da próxima vez, interromperei seu monólogo como quando tinha nove anos e como sempre, as minhas questões ficarão sem respostas.


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