domingo, 15 de março de 2009

You really got me!

O som ensurdecedor que não agradava meus ouvidos, juntamente com minha fobia de locais onde se reservam trinta centímetros quadrados para uma pessoa, davam o tom de uma noite qualquer, onde minha vontade era de simplesmente ir para casa. Os aromas se misturam, mas o que imperava era o da nicotina. As cores que confundiam a todos, eram sincronizadas com as batidas da música. Pessoas, ecléticas, musicas para agradar a todos em momentos diferentes.

Meu faro, um tanto quanto deturpado pela reunião anterior - onde a pauta foi regida por calorosas discussões acerca de relacionamentos e tudo regado a muita tequila - tentava absorver algo interessante dos estranhos que me cercavam.

A quantidade de informação que vem ao seu encontro é absurda: mãos em direção ao seu corpo, ao seu copo, olhares perdidos, achados, sussurros, ambigüidades sorrisos e interesses - na verdade tudo se resume a interesses. Uns declarados e os melhores, implícitos

A diversão, o flerte, a bebida e as sensações. O senso é comum, mas as formas de se alcançá-lo são diversas. Para mim, naquela noite, contentaria-me com cinqüenta centímetros quadrados de espaço a mais e um copo de Citrus com muito gelo (sem álcool).

A maior dificuldade era a locomoção e, para tal tarefa, além de muito bom humor, era necessário habilidades de equilibrista. Num destes momentos de equilíbrio corporal, e na busca pelo bar/banheiro (o que ocorresse primeiro), meu pequeno espaço se reduziu a zero, vi-me travado sem ter para onde me deslocar, então ao procurar uma saída, numa leve inclinação de pescoço para a lado, por algum motivo me senti confortável por estar exatamente naquele lugar e na mesma posição.

Para minha surpresa, o motivo estava na minha frente; eu, travado sem poder me deslocar, ela; olhando fixamente para mim. Sua feição era de surpresa e manteve-se assim, com um discreto sorriso metalizado, até que eu tomasse a iniciativa de gesticular como que não houvesse outro recurso para ilustrar meu empaque.

Nestes curtos instantes de tempo, um leve furor tomou conta dos meus sentidos. Por um momento, toda a fumaça que realçava negativamente a tez das pessoas havia se dissipado; meus ouvidos, apuram-se de tal forma na qual filtrava todo aquele barulho que chamam de música regional. Já os meus míopes e pequenos olhos, focaram-se rigorosamente naquilo que viria a ser a melhor parte da noite.

Seus cabelos estavam cuidadosamente irregulares e curtos; num tamanho onde era possível ver todas as nuances da nuca, mas quem em sã consciência se preocuparia com nuca quando era fitado por olhos, que de tão brilhantes, se confundia com os flashes da noite. Isso de forma alguma me intimidou, pelo contrário; a empolgação tomou conta de mim.

Milhões de possibilidades se passaram pela minha cabeça naquele momento; era preciso uma atitude, algo mais do que movimentar meus braços, afinal já tinha recuperado meu espaço físico, meu copo estava na minha mão e meus amigos misturados no meio da multidão. Não havia, aparentemente o porquê de ficar parado naquele lugar a não ser que tivesse um motivo.

Não via muita coisa ao seu redor, estava lotado, talvez uma atitude precipitada fosse acarretar algum constrangimento, mas e daí? Já estava cego, surdo e um olho roxo não faria diferença. Obvio que tal atitude não viria de mãos tão delicadas, mas sim do cara mais sortudo do mundo.

Sobre os imprevistos, estes sim me atraem. A tal ponto de fantasiar a realidade ou ser acometido por uma enxurrada de hormônios durante um momento corriqueiro como este. É uma característica que me acompanha deste a infância e não sinto necessidade de me desvencilhar de algo que realça meus momentos.

Agindo por osmose, dirigi-me a ela de forma natural. Não seria preciso fórmulas mágicas, frases de impacto que não me pertenciam ou qualquer argumento que fosse menor que o tamanho do meu sorriso.

A todo momento senti uma empatia muito grande (não era fantasiada), qualquer que fosse o resultado depois, estaria satisfeito. Para minha felicidades, seu nome e o telefone soaram tão perfeitamente que não se fez necessário anotar o telefone na minha agenda., mas o pedido empolgado para que eu realmente ligasse foi o suficiente para me fazer flutuar em direção aos meus amigos.

A culpa foi minha, completamente minha e sempre vai ser. Apesar da interação, às vezes (ou sempre), fico tão empolgado que esqueço de avisar as partes contrárias. Parte do contentamento, diz respeito justamente à esta fantasia onde as frustrações não existem até então. E quando ocorre uma possibilidade grande de fantasia e realidade convergirem, pode ter certeza de que meus dias não serão mais os mesmos e com certeza, os seus também não!

Era uma noite de sexta-feira, dois meses atrás, acredito. Para mim o melhor dia para eventos inesperados, fugindo burocracia da quarta, da obviedade do sábado e da ânsia de uma quinta-feira. Noite de lua cheia, céu estrelado, temperatura agradável, porém no auge do verão...Voltando para o ambiente aos poucos, fui pego bruscamente pelo braços, por meus dois grandes amigos.

- Estamos aqui doidão, voltou rápido do banheiro, mas porque esta com este sorriso estampado na cara?... - Sorriu para mim "Giardi´s man", enquanto o "Capeta" se esquartejava dançando na ósta

Não, não é pelo litro de whiskey que vocês acabaram de pegar meu amigo, pode ter certeza! - Sorri.

Testemunharam os fatos: o meu copo de Citrus, centenas de desconhecidos e uma péssima banda.





2 comentários:

  1. Desculpe, mas eu não consigo prestar atenção no texto tendo a foto de uma gato lá em cima! E molhado!!!

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