sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Valido até.



Reduziram meu antigo blog apenas à uma pagina branca, sem formatação, com a respectiva foto da postagem; conservaram as tags, os comentários e os textos, - mas retiraram toda essência. Era previsível; esperava por este tipo de retaliação por não postar mais; por deixá-lo ao esquecimento; à mercê minhas necessidades esporádicas – afinal de contas mudei de servidor, por ter mais recursos e não havia como manter ambos atualizados.

Gostava de entrar lá de vez em quando, clicar aleatoriamente num mês qualquer, ou exatamente há um ano atrás e ver o que se passava comigo naquela época... Ver o que eu estava pensando no momento, o que estava planejando, com que me relacionava e o que me afligia ou me alegrava. Não era um diário, não havia repetições, nomes, rotina, estilo ou qualquer assunto que interessasse à outra esfera, que não o meu mundo.

Fiquei chateado quando acessei e não vi alguns textos, apenas a seguinte mensagem: "Ops! Este link parece estar corrompido." Foi como perder uma foto de infância. Em se tratando de fotos de infância, eu tenho poucas, e as que existem não estão em meu poder. Definitivamente só tenho lembranças; lembranças tão reais que são mais definidas do que fotos impressas.

Quanto me refiro aos meus textos, esqueço-me fácil deles; são tão voláteis quanto o autor. Por isso a necessidade de lê-los e relê-los, cair em contradição; rir ou chorar. É necessário tê-los perto de mim, conflitar ou confortar-me; tal qual minhas fotos de infância.

As minhas fotos impressas (que não as possuo) são bem características dos anos oitenta: papel com pouco brilho, datadas apenas com o mês e os dois últimos algarismos do ano no rodapé e um tom amarelado uniforme por toda a foto: fotos de festa junina; exposição de animais; com os familiares; cachorro e o clássica foto do álbum do pré-primário.

Queria revê-la, procurar meus antigos colegas de escola, imaginar como estão; não tenho contato com nenhum, não sei mais quem são, não lembro os nomes e provavelmente não os reconheceria hoje.

Poderíamos marcar a reunião dos vinte e cinco anos de formatura do pré-primário, tal qual fazem os americanos. Aproximadamente trinta estranhos; convidaríamos os poucos professores vivos, tudo regado à refrigerante da nossa cidade, - a cerimônia de preferência na escola em que estudamos. Nos apresentaríamos novamente, relataríamos as experiencias de vida, até então; seria divertido.

- Eu sou o Fabiano, gostava das aulas de artes, colagens em cartolina e odiava as interações obrigatórias entre os colegas; hoje, estou irreconhecível fisicamente...

Sempre tive dificuldade de me desvencilhar de coisas velhas, de jogar fora antigas lembranças; para mim foi um sacrifício grande colocar todos os meus velhos cadernos do primário dentro de uma caixa e deixá-la na lixeira aguardando o seu triste fim, tenho a mesma atitude com e-mails, cartas e afins.

E não é diferente com tudo na minha vida. Há inúmeras caixas dentro do meu peito e, deixá-las fechadas para sempre, seria uma auto-mutilação. Para onde foram parar minhas antigas postagens e meus colegas do jardim de infância?


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