domingo, 22 de fevereiro de 2009

Bloco do eu sozinho.


Descobri o motivo de tanto mau-humor, depressão, pessimismo, carência, agressividade e irritabilidade. As causas até então me pareciam desconhecidas, mas depois de dez dias exaustivos de tensão, incertezas em todas as esferas da vida, pude concluir de que se tratava de causas emocionais.

Incrível mas se eu sofrer um acidente de carro, eu me machuco menos do que no meio de uma turbulência emocional. Todos passamos por problemas, mas ruim é descobrir que nós os criamos e, pior ainda: notá-los apenas quando estamos à beira de um colapso.

Tirando as evidencias emocionais; notadas de perto por todos, estava com a saúde debilitada. Não é normal uma pessoa salivar o dia todo, a não ser que seja um canino. Se não bastasse a “baba”, cólicas infernais me acometiam e por isso passei a respeitar mais o período menstrual de uma mulher, justamente pelo seu sofrimento.

Maldito refluxo; deixou-me em paz apenas uns meses. Na verdade ele sempre volta como um divisor de águas: pare de beber, coma menos, diminua o ritmo, descanse mais. Seria bom se não fossem as cólicas, a restrição alimentar e as ânsias. Meu pai: refluxo-gastroesofágico.

Tudo começou com a aprovação na Estadual: os documentos esdrúxulos que me pediram e tive que providenciar a vinda de São Paulo em vinte e quatro horas, misturando amizade, chantagem emocional e dinheiro; depois transformaram numa epopéia um simples pedido de mudança de turno no trabalho: do período noturno para o diurno; some isso a acidentes voluntários de trânsito; fatura do cartão de crédito em dólar; planejamento de folgas do ano todo; a outra faculdade; ligações telefônicas para pessoas que me amam ainda...

Omeprazol de 20mg já não me faz efeito. É como a fluoxetina que larguei a três meses – criei tolerância, estou tomando como se fossem gomas de mascar. E suco de couve, como me sugeriram...há, prefiro as cólicas!

Uma das experiencias mais bizarras da minha vida, tive por causa deste problema. No auge da crise, início do segundo semestre de 2007, logo quando descobri esta “anomalia”, meu excelente gastro - um árabe muito simpático e competente - me orientou, depois da endoscopia, a fazer uma tal de “Phmetria”.

O exame, como o próprio nome sugere, mede o Ph do estomago. Ph é o índice que comprova se uma solução líquida é ácida, neutra ou básica. No meu caso, a solução seria o meu suco gástrico e como se pode supor, este, é acido por natureza, mas quando extrapola os limites, acaba se prejudicando e por conseqüência, acabando com o meu bom humor.

Era para ser um exame simples, imaginei. O médico colhe uma amostra, através de uma sonda e faz a análise, Certo? Errado!

- O teste é executado por 24 horas seguidas Fabiano, sabe como? - Disse o médico. Não doutor. - Respondi, desconfiado, observando ele manusear um aparelho que parecia um rádio com uma cinta para prende ao pescoço.

- Esta sonda vai entrar pelas suas vias aéreas, chegando até o estomago e lá, os eletrodos vão medir por 24 horas todas as variações de Ph. - Afirmou com toda sabedoria árabe!

- O queeeeee? Quer dizer que vou ter que colocar estas duas coisas de um metro no meu nariz, que vai descer pela minha garganta e vai mergulhar no meu estomago e ficar com isso o dia todo, inclusive comer e dormir com estes eletrodos? - Pobre de mim.

- Só tome cuidado para não molhar o aparelho e não se preocupe, os eletrodos estarão presos com esparadrapos ao seu nariz. - Concluiu.

Valeu a pena, o exame - além de me deixar com aparência de andróide e fazer eu sentir um corpo estranho dentro da minha barriga - ajudou a concluir o que todo mundo esperava: meu estômago, esôfago e adjacências só não derreteram com tanta acidez por sorte.

Vários males e poucos remédios para combatê-los. Passando o carnaval (la-ra-la-lá!): Vinde a mim Sertralina! (Para os males do mundo moderno, chefes ignorantes, que tenho TODOS); Dr. Mohamad (ed) (para cuidar do refluxo-gastroesofágico e dos males físicos advindos dos psicológicos).

De posse do diagnóstico, vamos às providências: Vou largar uma faculdade para me dedicar somente a esta. E o primeiro filho-da-puta que disser: Fabiano, porque você nunca termina o que começa, vai ganhar um expressivo gancho de direita, com inicio e fim – para sua surpresa.

Vou voltar a trabalhar no período diurno mesmo que não autorizarem, simples assim, vou chegar colocar meu crachá no peito e gritar: será que alguém aqui vai me impedir de trabalhar? Caso a resposta seja afirmativa, tudo o que eu preciso é de um motivo para o afastamento.

E quanto aos homicídios: Vou matar o funileiro (se não entregar meu carro amanhã), o dono da imobiliária (se não vier arrumar o gesso), o síndico (se não incluir o meu apartamento no sistema de interfones novo). Vou matar a gerente do banco também (caso não me avise que tenho pontos para acumular milhagens, que prescreverão se não os transferir).

Quem mais???




3 comentários:

  1. Puxa o freio de mãe ae! Não vê que é isso que tá fazendo tudo ferver aí dentro? Para de matar as pessoas, isso só está fazendo mau pra você!:P Mas te admiro por tudo que tá passando... Boa sorte! Bjão!

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  2. Espero que o próximo (ou próxima) não seja a pessoa que lhe escreve. Hilario a maneira como escreve e descreve a si mesmo. Muito divertido (era pra achar engraçado?) Se não era, já não está mais aqui quem postou esse comentário. :)

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