segunda-feira, 16 de março de 2009

Bem-vindo ao centro do mundo!


A sensação de culpa nunca conviveu em paz dentro de mim. Sempre revirando, provocando dores de cabeças intermináveis e dúvidas, muitas dúvidas. Longe de ser o dono da verdade, antes a mascarava com remédios controlados e organizando vários espelhos estrategicamente espalhados pela minha casa, para que me lembrasse/focalizasse o real sentido dos meus próprios esforços: EU!

O mundo é cruel por si só, a natureza segue seu curso a custo de mortes, destruição e por conseqüência: transformação! Não há culpa, remorso ou qualquer outra atitude que se faça olhar para trás. Por conseqüência, seguimos este mesmo parâmetro como senso comum e modus operandi. Seguimos (generalizando), diria que quase a totalidade, na qual eu me exclui nestes últimos meses.

As pessoas não importam com o resultado dos seus atos e eu sinceramente tenho perdido várias noites de sono com detalhes que me fogem ao controle e quando resolvidos através de meu auxilio não são valorizados por ninguém. Nunca pedi nada em troca até então, era uma relação esforço e em retribuição tinha apenas a minha satisfação pessoal. Isso, hoje já não me satisfaz.

A priore, abandonar estes princípios não-reciprocidade pode soar como uma visão egocêntrica, limitada somente aos meus interesses, mas não é. Trata-se de uma valoração, uma priorização sobre os atos que tem influencia diretamente no meu bem-estar. É egocêntrico? Talvez, mas admito que se eu não pensar diretamente nos meus interesses, quem vai pensar? E qual o mal de pensar em si primeiro?

Porque cometer atos que demandam intensa dedicação quando o retorno real para mim é nulo? Ou pior ainda, o resultado torna-se negativo, desgastante.

Antigamente fazia apenas aquilo que tinha certeza de que fariam por mim, hoje não mais - minhas atitudes se uniformizaram, para mim cada pessoa é como um todo, independente de potencial de retribuição. Olho por dente, dente por olho; deturpando as circunstancias e na maioria das vezes, saindo em prejuízo. Confesso que as frustrações deste ano contribuíram (vide trabalho, faculdade, amigos e até familiares) para que eu mudasse de opinião.

Não vou deixar de fazer o que tenho que fazer, acumular tarefas e literalmente perder o meu tempo para receber apenas um obrigado ou quando isso. Nada mais justo agora que as pessoas também percam o sono tentando solucionar os seus próprios problemas e eu somente com os meus.

Esbarro agora nesta maldita sensação de culpa que me persegue e foi meticulosamente aprimorada nos últimos meses. E como parte do processo de desvencilhamento deste “erro”; não recorrei a nada que me controle ou que me faça sentir culpado.

Há uma frase que ouvi no começo do ano passado. enquanto estava com os meus olhos cheios de lágrimas que ilustra bem isso que estou pensando agora. No primeiro momento, serviu para me deixar pior ainda, mas agora será útil para não me sentir culpado por querer o melhor para mim sempre em primeiro lugar.

“Fabiano, nada do que você disser agora me fara se sentir culpada, pois estou indo de encontro à minha felicidade e o que suponho que seja o melhor para mim. (F.C.M.).”

Eu no controle, sim, bem isso! Bom para você? Somente se for bom para mim também, caso contrário, procure um psicólogo, vá pesquisar numa biblioteca, converse com seu chefe e seja feliz com seus problemas que serei prontamente feliz com as minhas soluções.

Não me sinto arrependido por tudo o que fiz antes, mas sinceramente me sinto frustrado. Uma constatação prática de que, independente de grau de relacionamento, no fundo todos só pensam exclusivamente no seu umbigo. E o que nos satisfaz ou faz acreditar que não é assim, são os respingos de egoismo que indiretamente nos beneficiam. Serviu-me como lição e acredito que não voltarei a ser o centro das soluções para todo mundo tão cedo.

O mundo e as pessoas são extremamente competitivos e acredito que há espaço para companheirismo, coleguismo e principalmente reciprocidade nos relacionamentos sociais, mas isso tem que ser um senso comum – de todos para todos; caso contrário é matar ou morrer e com certeza eu não quero (e não vou) morrer por estes três quesitos em vão.

Uma boa semana para todos, ou melhor, especialmente para mim, com certeza!

3 comentários:

  1. Falei sobre isso algumas vezes no meu blog e basicamente o que comentavam era que eu também devia ser egoísta, já que todo mundo ao meu redor era e eu estava sofrendo com isso. Foi o que fiz e é o que ainda estou fazendo e, quer saber? É o melhor mesmo! Quando você faz as coisas esperando reciprocidade, tem 90% de chance de se magoar, mas não esperar reciprocidade não é fácil, principalmente quando se trata de amor, amizade, família. Não me tornei uma pessoa egocêntrica e nem pretendo, mas parar de ir atrás das pessoas que nunca vêm atrás de mim doeu no começo mas me libertou imensamente depois.

    Abs.

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  2. nossa...acho que preciso experimentar mais a fundo esse caminho ...!!!

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  3. Fabiano, é óbvio que você deve cuidar de você mesmo e dos seus interesses em primeiro lugar, mas também quando fizer uma boa ação não deve esperar nada em troca(ou vai ter só frustração mesmo). Faça coisas boas porque se sente bem e não pra agradar. É como você disse, se você não pensar em você, ninguém vai. Mas cuidado pra não transformar a revolta que você está sentindo em um erro. Se você se fechar com tanto sentimento negativo vai se prejudicar. Deixa esse rancor ir embora e faz como você disse: Vive a sua vida! ;) Beijos e se cuida!

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