segunda-feira, 14 de junho de 2010

Curtas.

(Última semana...)

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Conversa de final de plantão, todos sentados no chão, relaxados, entre amigos. “A” pergunta se alguns dos presentes receberam o e-mail com a foto de um agente de São Paulo que foi flagrado tentando entrar com celulares escondidos. Todos dizem que sim e cada um expressa sua opinião. “A” completa dizendo que deveriam ter espancado o funcionário que cometeu tal ato, que deveria ser execrado e queimado em praça pública. “B”, mais sereno diz que “A” não teria coragem de fazer nada a não ser ignorá-lo. “A”, fica surpreso com a reação de “B” e recua. “C” entra na conversa e resolve testá-los hipoteticamente: pergunta qual seria a reação de “A” ao saber que “B” (amigo de longa data), fosse o funcionário. “A” diz ironicamente que não iria fazer rifas para pagar o advogado. “D” entra na conversa e diz que ainda bem que nunca tivemos casos de corrupção, pelo menos no círculo dos agentes, mas ressalta que houve uma suspeita de um amigo muito próximo de “C”. Por sua vez, “C” sente-se ofendido pelo amigo, diz que houve suspeitas não comprovadas, mas abstém de uma defesa parcial de seu amigo que não está para se defender e diz apenas que, cada um responde por si e faz uma revelação: – Talvez vocês não saibam, mas eu quando desconfiei de algo, como melhor amigo tive duas atitudes: a primeira foi questioná-lo e a segunda foi alertar a chefia para que averiguasse.

- Muito maior do que a amizade que nos prende são os princípios que eu carrego comigo. - Finalizou “C”.

Todos chegaram a um consenso e é talvez este o motivo pelo qual eu tenha orgulho de trabalhar com estes caras: A corrupção é o câncer do serviço público.


(...)
“D” faz uma brincadeira pelo rádio no final do plantão que é interpretada como ofensiva pela chefia e pelo colega “E”, que retruca imediatamente. “A”, de imediato, sente vergonha e, ao ser questionado, nega a autoria dos fatos. “D” e “E” são amigos próximos e até pouco tempo havia uma hierarquia entre os dois, agora não mais. A brincadeira gera muitos comentários e “D”, sente-se na obrigação moral de reparar e espera o melhor momento. Durante a reunião matinal, diante de toda a equipe, a chefia e “E”; “D” toma a palavra e desculpa-se. Todos se surpreendem, inclusive “D” que sempre está com a razão.

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