segunda-feira, 30 de março de 2009

Menti para você mas foi sem querer.


Sempre achei que mentir era conveniente, e que falar a verdade, além de não ser prático, trazia à tona muitos conflitos. E assim cresci, neste ambiente nada verdadeiro e cômodo. Nunca me incomodei com este “desvio de personalidade”; pois sempre me trouxe grandes benefícios, principalmente nos relacionamentos pessoais. Cheguei a um ponto que até eu acreditava nas mentiras, tamanha era a minha habilidade para tal. Soluções sempre havia: para tudo e para todos, erá só colocar a imaginação para funcionar, falar com convicção e não sorrir.

Considerava isso uma arte, uma habilidade interpessoal, aprimorada a cada situação. Não era tão-somente uma teia de mentiras, aliava isso tudo a muito poder de persuasão, convencimento e estes sim, muito reais.

Diariamente somos enganados com falsas idéias, pessoas e um sem-fim de mentiras. A mentira, apesar de ser desprezível, faz parte da vida de todos nós. O que as difere entre nós, são os seus objetos e principalmente os seus resultados.

Não parei para pensar nos problemas que isso causaria até então. Até que uma pessoa muito próxima, despretensiosamente me indagou o porquê de não falar a verdade. Senti a maior sensação de constrangimento da minha vida. Não tive uma resposta imediata, talvez uma mentira para finalizar a situação ou tentar argumentar de forma positiva.

Isso ficou latente por muitos e muitos dias. Mentiroso, eu era. Porque ninguém nunca me falou isso antes? Será que tinha atingido a perfeição? Sim, só poderia ser isso. As mentiras, às vezes me beneficiavam, mas não eram as preferidas. Gostava mesmo do poder de convencimento, de fazer a outra parte mudar de idéia, seguir o meu pensamento, admitir que eu estava certo.

Deveria ter usado isso em minha defesa diante da minha condenação a um mentiroso inveterado, e esta sim é uma verdade. Controle, carência, centralização e tudo girando à minha orbita, custe o que custar. Filho-da-puta de um manipulador, isso sim! Para ser mais específico, um sociopata como diria Lia.

Hoje, devidamente recuperado, lembro desta fase sem nenhum saudosismo. Falar a verdade acima de tudo, doa a quem doer e independente de orbita gravitacional é o meu estado natural. Ainda é estranho falar o que penso, o que sinto de verdade, causa constrangimento nas pessoas, raiva e descontentamento. E o pior que aquela frase fica me policiando sempre que sou tentando a burlar a verdade. Para a felicidade das apaixonadas, dos que estudam, dos caixas descuidados e de uma infinidade de pessoas sem malícia; ouço sempre a maldita pergunta...








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