Numa pequena mesa, de igual pequeno bar; em questão de segundos resolvi jogar todos os dados do meu futuro para cima e deixar cair de forma aleatória.
Entre um gole e outro de cerveja, talagadas de sal e limão - num bar que não era o meu, com pessoas estranhas sentada ao meu redor acompanhado de um dueto agressivo na voz e violão - meus planos vinham à tona conforme abria o cardápio. Tudo organizado como no cardápio - devidamente separado por seções: planos, sonhos, objetivos e seus respectivos preços; contudo, infelizmente, todos ainda bem atrelados ao meu passado.
Meus olhos brilhavam à medida que virava as páginas. Todos me chamavam a atenção: um mais saboroso do que o outro; fazia questão de compartilhá-los com meu também empolgado amigo de mesa - sim, somos jovens, ex- companheiros de trabalho, colegas de frustrações, dissabores e idéias novas.
Inúmeras opções ainda não experimentadas, miscelânea de situações, hipóteses e objetivos, bem ao nosso gosto. Desviava meus olhos do futuro apenas para contemplar a força e habilidade com que a vocalista tocava; porem nos intervalos das músicas meus olhares se voltavam totalmente para os meus planos recém-sorteados.
Os acordes eram agressivos, assim como eu me via diante dos desafios. Sua voz nada doce, combinada com os solos do violão elétrico; inspirava-me cada vez mais a procurar outro lugar ao sol; arriscar algo incerto e impor minhas novas vontades.
Muito do que o som me inspirava, já estava escrito em letras garrafais no cardápio - as ilustrações eram as melhores, todas bem delineadas, nítidas e focadas; contudo, seus preços dispendiosos. O que menos importa quando se trata de vontades são os preços - quanto mais alto, maiores serão as recompensas; quanto mais caros, maiores os desejos em adquiri-los. E se não os alcançarmos, gloriosas serão nossas quedas!
- Cara isso aqui é pequeno demais para nós! Para mim, para você e para qualquer um que não se contente com pouco.
Não, não estava escrito no cardápio desta vez e tão quanto fazia parte das letras da musica; era parte do nosso discurso, expelido às duras penas, competindo com a voz gritante da minha musa - dois grandes amigos numa mesa de bar, cansados das mesmices, das limitações das nossas cidades e seus moradores e da falta de ousadia e valorização profissional. E porque não também do nosso comodismo e passividade (até então) diante de todas estas situações?
O mundo nos espera e nós aqui escondidos atrás de apenas três opções de cerveja e ainda por cima da mesma fábrica?
- Cara, vamos embora desta cidade, deste país!
Trilha sonora: Ravena Senra e maestro Fininho.
Palco: Sr. Buteco, Presidente Prudente - SP
Cardápio: Cerveja, sal e limão. Convidado Especial: Marcelo Rodrigues.
Cheguei aqui sem querer, vi mais um texto seu, comecei a ler curioso e pensei "pow Fabiano tá escrevendo bem mesmo" depois me identifiquei com algumas linhas, ahah sorte né, tava por perto e são.
ResponderExcluirMuito bom cara, Abraço e boa viagem
Marcelo
Vamos conquistar o mundo Marcelinho!!!
ResponderExcluirVocê me fez pensar sobre o assunto.
ResponderExcluirMaldito comodismo que me acomoda :~
amei o texto, estou acompanhando seu blog
Bjs :*