quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Despedida de solteiro.



Não sei se caso ou compro uma bicicleta...

Coincidentemente eu sai na frente (na foto é claro); pois estou bem longe de me casar; quiçá de um relacionamento estável. Estou feliz assim, é, estou feliz...

O noivo (encontre-o) parece receoso, preocupado, mas, enfim, nos divertimos bastante nestes três anos; para dizer a verdade exageramos - talvez isso o tenha levado ao matrimônio, e se não bastasse, obviamente o amor entre os noivos contribuiu para a consumação do ato.

Estou feliz, mais um amigo que se casa e como havia prometido silenciosamente, eu vou no casamento de todos os meus melhores amigos e principalmente nas despedidas de solteiro. Há, foi comportada a foto...
...a foto!

As outras, por via de segurança e posteriores pagamentos de pensão alimentícia e futuros divórcios, eu as deletei.

Viva os solteiros! E os casados também, mas que esperem por outras despedidas de solteiro, que não a minha própria!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

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Insuperável apenas pelo instinto de sobrevivência – senão muitas vezes confundido com ele - a libido, despertou novamente de seu pacífico e cômodo estado de conveniência. Tal fato deve ter enes explicações plausíveis; desde variações climáticas até, claro, a mais obvia: o instinto masculino.

As provações satisfazem apenas o ego; já as sensações provocadas satisfazem meu corpo, minhas vontades, e porque não, as minhas necessidades. Estava sedento; por ora, mantinha-me entorpecido por instintos disciplinados, controlados pela minha responsabilidade, e tomados pela sublimação Freudiana.

Já sem tempo, então era hora de, novamente de um reencontro: um reencontro comigo mesmo, conosco. Eu e a minha capacidade de ir e vir quando bem entender; tal fato se deve não a minha volatilidade de sentimentos, mas sim a instabilidade de humor, aos empecilhos que eu próprio acabo criando e soam como desculpa, mas definitivamente não são.

Precisava mesmo de energia vital; de absorver literalmente - degustar, mastigar, engolir e digerir bem lentamente. Recorrer a todo o processo, desde os seus pormenores até o clímax total; sem pudores, barreiras, porquês. Estou me sentindo nutrido, por ora.

Há, primeiro o corpo...
...depois o ego, claro!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um dia eu volto, quem sabe...




Não sou filho das circunstancias como forçosamente tentava acreditar; sou filho deles todos, cria, fruto, rebento, parte integrante e indissociável. É desagradável receber boas notícias não estando perto para poder compartilhar; pior até do que receber más notícias e não poder confortar.

Estou com uma incômoda sensação de liberdade, de poder ir para onde quiser, fazer o que bem entender – algo que lutei tanto para conseguir, mas hoje vejo que não me satisfaz. Vejo que, não se tratava de uma necessidade como pensava, mas sim de uma provação apenas - uma das tantas que ainda sou obrigado a me submeter para satisfazer meu ego.

Estou com saudades da minha família, isto é fato. Talvez mais fatídico ainda seja a sensação de arrependimento que me consome cada vez mais.

domingo, 18 de outubro de 2009

Você existe?




Realidade; termo tão ambíguo - etimologicamente falando - ou poderia cometer uma “silabada”: um termo “umbigo”... A realidade para mim é a forma mais individualista de ver o mundo (se é que existe uma visão compartilhada). O que existe, na verdade é o que eu afirmo que existe; ou de forma errônea, é o que eu acho que exista; ou de forma agradável, é o que eu quero que exista; e, por fim, de forma melancólica, é o que eu queria que existisse.

Há tantas realidades diferentes quando saio de dentro do meu mundo – uniformes, sentimentos, costumes, famílias, paradigmas, sonhos, crendices. Tudo que, ao menor contato com a minha realidade, me consome em poucos segundos.

Eu tenho medo das pessoas do lado de fora; tenho medo de ser visto; enxergado; descoberto e morto. - Não me toquem, por favor, eu só vim comprar comida congelada e já estou indo para a minha realidade! - Deixem-me em paz! Entro, tranco minha porta, faço questão de dar duas voltas na chave, entrar no quarto, voltar a verificar a porta e certificar-me de que está realmente trancada.

Ninguém entra – só quem eu aceito; só quem me cativa; só quem força de forma absurda que derruba a porta. O desespero é grande quando isso acontece – pois entro em contato com o desconhecido; com o inesperado – e esta sensação de não ter o controle, de não fantasiar, e ser incluído; ser excluído; ser, ser, ser me corrói.

Pensei em me blindar, ficar imune a datas, pessoas e sentimentos; mas sinto uma necessidade descomunal - uma curiosidade de por a ponta dos pés para fora e sentir cócegas na ponta do dedo; aquela curiosidade infantil, pueril que, ao ser acometido, sou sugado, devorado e despedaçado sem piedade alguma.

O que me alimenta me destrói - a sua realidade me destrói, a do atendente do caixa supermercado, dos meus superiores do trabalho, do menino que pede no sinaleiro, do gerente do meu banco, das pessoas que andam com guarda-chuva vermelho, dos adolescentes indo para a escola ou das crianças que brincam felizes no parque.

Quem precisa receber estes acessórios quando se pode criá-los? Retomo, então, ao meu mundo, a minha realidade: os e-mails; as páginas em branco; meu player me irritando ou me fazendo sorrir; meus livros empoeirados; minha rotina burocrática e todo o conforto emocional que isso me proporciona.

Tenho escrito com uma freqüência menor, pelo que pude inferir, então, não estou sendo consumido. Não sabe como fico depois de terminar um texto: fico seco, anestesiado, sem ter o que falar, sentir...geralmente deito na cama, observo o teto, as horas, durmo satisfeito. Satisfação é a palavra de ordem – reconhecimento também; formalidades à parte: meus parabéns! Imagino como deva estar se sentindo; sinto; penso...imagino. Se for este o motivo da sua secura; aproveite-a e alimente-se de pequenos galanteios e relatos de desconhecidos; assim como este; alimente-se; não se deixe secar na sua totalidade – mesmo que para isso seja necessário três voltas e um grande cadeado na porta da sua casa.

Não me agradeça pelos elogios, pois tirei proveito também – afinal de contas me prende por vários momentos e nada melhor do que a sensação que isso proporciona. Ficar preso à outra realidade sem sofrer as conseqüências na minha pele; no meu peso e no meu apetite.

Sou movido a estímulos também, por isso às vezes me permito colocar a ponta dos pés para fora. Tenho as mais sinceras sensações quando leio ou escrevo para ti; sinto que se colocar o pé pra fora não serei sugado pela realidade; pois não sei se realmente existe; mas é “real”; na nossa realidade, existimos sim e isso é o que me importa.

Mesmo sendo sugados pelas realidades alheias; mesmo ficando em casa no dia dos namorados, não nos encontrando; nós existimos. Mesmo tendo medo de envolvimento, de se entregar, somos reais. Na verdade quem não existe são os outros que, em vez viverem a própria realidade, preferem ser sugados por pessoas de carne-e-osso.

Qual a previsão do tempo para os próximos dias? Furacões, chuvas torrenciais, tempestades, sois de verão, dias nublados...

Aqui dentro será sempre quente e acolhedor; ou frio chuvoso – como melhor me convier; afinal de contas é a minha realidade.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A arte da guerra.




A guerra começou. Infelizmente, foi necessário uma tragédia para que tomássemos consciência de que realmente não estamos nos sentindo protegidos. A realidade é esta: estamos completamente desprovidos de qualquer respaldo e, se não bastasse, somos visto como os grandes culpados da falência, descaso e precariedade das condições de segurança que nos são oferecidas; ou seja, para sua excelência, o governador, o fato gerador dos assassínios de agentes penitenciários somos nós mesmos, que estamos nos lugares errados nas horas erradas.

É incrível como realmente não somos enxergados como deveria – as declarações do secretário de Justiça, e, principalmente do governador do Estado, mostra que, realmente os agentes penitenciários não fazem parte de processo algum, que não os de meros coadjuvantes do complexo processo de execução penal.

A panela de pressão explodiu; desta vez, movidos por um momento de tristeza e necessidade imediata do atendimento das nossas reivindicações básicas. Era o que nos faltava – uma prova real e concreta da nossa situação fora dos presídios. Alvos fáceis, à mercê da busca insaciável de vingança por parte dos ex-detentos. Somos extremamente expostos e é inegável este fato; mais inegável ainda é a nossa necessidade de portar arma de fogo.

Caberia explicar para o senhor secretário de Justiça - desembargador aposentado – que, de todas as partes envolvidas, desde a investigação do crime, identificação dos autores, prisão, julgamento, sentenciamento e posterior cumprimento da pena, somos nós – agentes penitenciários que passamos o maior tempo em contato DIRETO com os presos. Cumprimos a pena juntamente com o preso - metaforicamente falando; mas estes argumentos são irrelevante, tamanha a prepotência, desconhecimento de causa e intransigência do chefe da nossa secretaria.

Esta foi a estratégia escolhida pela alta administração: a desqualificação covarde e hostil da nossa categoria perante a opinião pública, expondo situações hipotéticas sobre o caso dos colegas de Londrina, ofendendo a memória do nosso idôneo colega falecido, imputando fatores extraordinários para o assassinato. Sem contar o cansativo uso de frases feitas sobre nosso suposto melhor salário da categoria em todo Brasil e os processos disciplinares em andamento.

Era o que esperávamos, uma enxurrada de acusações infundadas, argumentos surreais, defasados e a negativa de solução para nossas reivindicações.

Talvez, a família do nosso colega, esperava uma manifestação de apreço e condolências do Secretário de Justiça, que devido a sua “extrema sensibilidade”, limitou-se a dizer que “não conseguiremos nada com as manifestações...”.

Nosso poder de mobilização será posto à prova. Mobilização, organização e principalmente nervos. É sabido que será um duelo desigual, todos nós estamos cientes do poder coercitivo que detém o Governador. Com sua postura imponente, é conhecido por ser um péssimo negociador - haja visto que não há negociação - ele impõe, decreta e faz cumprir. Requião é temido pela maneira peculiar que lida com quem o afronta: usa de toda sua fúria e poder até esmagar os opressores. Sua estratégia é sufocar manifestações na fonte, utilizando seus nomeados diretos, pressionando-os a fazer pressão psicológica, terrorismo, ameaça de exoneração e todo tipo de assédio moral.

Beira o absurdo nossa situação: Três colegas são alvo de um atentado, uma emboscada planejada; um é morto, outro ferido gravemente, o terceiro reage baleando o criminoso, que ainda consegue fugir. Ao serem socorridos pelo atendimento, uma viatura da Polícia Militar se desloca ao local e dá voz de prisão para o agente penitenciário que atirou no bandido, o leva até a delegacia onde é lavrada a ocorrência por porte ilegal de arma de fogo. Vale lembrar que caso o colega não estivesse armado, o bandido não recuaria e executaria friamente os três.

Mas este fato em si, pouco importa para as autoridades que ainda não vêem necessidade de legalizar o porte de arma de fogo para nossa categoria.

Vale lembrar que não queremos apenas o direito de portar arma de fogo; queremos treinamento adequado, melhores condições de trabalho, equipamentos de proteção, abertura de novo concurso para contratação de maior efetivo, descongelamento do nosso adicional de atividade penitenciária, estruturação do plano de carreira e principalmente respeito. Respeito como profissionais, funcionários concursados que passaram por várias etapas até a efetivação no cargo, respeito como pais de família fora dos presídios, respeito como cidadãos perante a sociedade.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Cotidiano (o meu) II.




Crise nas prisões

Agentes têm mais medo na rua do que dentro das penitenciárias. Eles confirmam que se estão vulneráveis. No domingo, mais um foi morto em Londrina quando estava fora do trabalho.


Imagine como é a pressão sobre um profissional que trabalha diariamente com presos de alta periculosidade. Que podem ser ligados às mais perigosas facções criminosas do País. Em penitenciárias onde a população carcerária é sempre superior ao espaço físico existente, com risco permanente de rebeliões. Tudo isso associado a condições precárias de trabalho, ambiente insalubre e sem a proteção adequada. Este é o dia-a-dia de um agente penitenciário no Paraná. A morte de mais um profissional, no último domingo, em Londrina, instalou um clima de tensão entre a categoria.

Nos últimos três anos, seis agentes foram assassinados em Londrina, denuncia a categoria, que se considera desprotegida mas à mercê de retaliações de presos.

A profissão, considerada uma das mais perigosas do mundo, é uma tensão constante. As ameaças que partem de dentro dos presídios são quase diárias. O clima de insegurança é cada vez mais presente e o agente penitenciário se sente como uma peça vulnerável. Seja na Capital ou no interior, o cenário é exatamente o mesmo.

De acordo com o agente penitenciário em Curitiba e secretário-geral do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, Ademildo Passos Correia, ameaças veladas acontecem diariamente em todos os presídios do Estado. “Eu sei onde você mora”, “A mesma bala que mata um ladrão mata um policial”, “O senhor não tem um filho que estuda em tal escola?” são frases que os agentes estão acostumados a ouvir dentro dos presídios.

“Para bom entendedor, não precisa falar mais nada. O preso sabe de toda a sua vida. Se precisar te pegar, ele sabe exatamente aonde ir. E esse tipo de ameaça acontece de dentro da cadeia todos os dias. Os presos sabem de tudo. Lá dentro, o preso sabe quem eu sou. E aqui fora também. Ele não esquece o meu rosto. O preso não esquece jamais. Se precisar me pegar, ele vai saber aonde ir”, disse Ademildo.

Esse tipo de situação é constante e se repete dia após dia. Seja em Londrina, em Curitiba, em Cascavel, em Ponta Grossa ou em qualquer outro município. Para Ademildo, a Capital e o município de Londrina são os mais complicados. “Acredito que por conta das facções criminosas que estão instaladas nestes locais é que a situação é mais crítica”, afirmou.

Antônio Alves da Silva, agente penitenciário de Londrina, confirma a situação. “As ameaças são constantes. Faz parte do trabalho. Pelo menos uma vez por semana alguém registra queixa. E isso somente daqueles que fazem boletim de ocorrência. Sem contar os que não registram, que são muitos. Até mesmo a maioria”, contou o agente.

“Os presos não respeitam a gente. Sabem que o Estado não oferece nenhum tipo de segurança e nos ameaçam ali mesmo, na porta da cela. Escutamos coisas do tipo ‘sei onde você mora’, ‘vou te pegar’. Todos vivem em clima de insegurança. Temos hoje 2,2 mil policiais militares em Londrina e nem 500 agentes penitenciários. Nos últimos três anos, nenhum PM morreu e seis agentes foram a óbito. Imagine a proporção”, apontou Silva.

Quando indagado sobre o medo de trabalhar em um ambiente como este, Ademildo, o agente de Curitiba, é categórico. “Medo todos sentem, mas não posso demonstrar isso dentro da penitenciária. Se tem medo não serve para o trabalho. Lá dentro é diferente. Lá dentro me sinto mais seguro do que andando na rua. Na rua, já fui assaltado inúmeras vezes. E lá dentro não. Já passei por rebeliões e, ainda assim, me sinto mais seguro dentro do que fora da penitenciária. Porque lá dentro sei com quem estou lidando e aqui fora, não”, contou.

Na rota de colisão com o preso

Há cerca de um mês, Foz do Iguaçu presenciou um atentado contra dois agentes. O carro onde estavam foi alvejado por 21 tiros. Por sorte, ninguém ficou ferido. “Nós sabemos que essas situações são ordens que partem de dentro da cadeia e isso tem um porquê”, contou secretário-geral do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, Ademildo Passos Correia.

“O preso quer fumar maconha, tomar cachaça, usar o celular. E nosso dever é proibir isso. É não permitir esses ilícitos. Com isso, entramos em uma rota de colisão. Para os presos, nós somos a repressão. Nosso objetivo é a vigilância e a custódia. Somos preparados para isso. Então, eles nos vêem como a parte ruim. E por isso vem a perseguição”, descreve o agente.

Segundo Ademildo, atualmente, o perfil etário dos presos varia entre 18 e 20 anos. Há 10 ou 15 anos, os presos tinham média de 30 anos de idade. “Eram mais maduros, não tão inconsequentes. Hoje em dia é tudo molecada. Para eles é indiferente matar ou não. E como somos a autoridade na cadeia, é contra a nossa categoria que eles vão agir. Dentro da cadeia promovemos a segurança e a disciplina. Fora dela, somos apenas mais um”, apontou.

Proteção — E a proteção, vem de onde? “Da reza. Pedimos ao anjo da guarda por proteção e torcemos para que ele nos ouça”. Só pedir a Deus por proteção certamente não é o suficiente. A lei federal que concede porte de arma a agentes penitenciários não é adotada no Paraná. E esta é uma briga constante dos agentes. “Diante de um cenário tão caótico, não podemos andar armados porque o governo do Paraná não regulamentou esta lei. É brincadeira”, apontou Ademildo.

Para ele, o Estado não reconhece o trabalho realizado pelos agentes. “Nós estamos pouco protegidos pelo que fazemos. Lidamos com presos dos mais variados. Tem preso com tuberculose, com HIV, com as mais variadas doenças contagiosas e muitos perigosos. Trabalhamos numa escala infeliz de 12 horas de trabalho por 36 de descanso, sem sábado, domingo ou feriado. E o governo nos trata como se fossemos nada”, apontou.

Reconhecimento — Ademildo gaante que ser agente penitenciário é uma profissão com outra qualquer. “É tão digna quanto um professor ou um médico. Eu faço meu trabalho e saio da penitenciária com a certeza de dever cumprido. Eu cuido daquilo que ninguém quer perto. Sei que presto um serviço importante para a comunidade. A gente é visto muitas vezes como bandido também. Mas o que somos é o elo do preso com o mundo. E, embora estressante, ser agente é gratificante. E a única coisa que queremos é o reconhecimento por este trabalho”, finalizou Ademildo. (FGS)

Sistema operou normalmente.

O Sistema Penitenciário do Paraná não foi afetado dentro da normalidade e com segurança, garantiu o secretário da Justiça e da Cidadania, desembargador Jair Ramos Braga, na tarde de ontem. “Apenas duas unidades foram parcialmente afetadas, mas já retomaram suas atividades”, comentou o secretário, a respeito do movimento realizado por agentes penitenciários que paralisaram o trabalho pelo período da manhã.

A manifestação foi feita pela morte do agente penitenciário Walter Giovani de Brito, que trabalhava no Centro de Detenção e Ressocialização de Londrina, na madrugada de segunda-feira. Outros dois agentes penitenciários estavam na companhia da vítima, durante atentado. O suspeito foi baleado e não corre risco.

Agentes divulgaram que o assassino seria ex-presidiário e que teria cometido o crime por vingança. Porém, ele nunca esteve preso e não tinha passagem pela polícia. Também não há nenhum indício de sua vinculação a algum grupo criminoso, dizia matéria da secretaria na Agência Estadual de Notícias, ontem.

“Nesse caso, como em outros quatro, ocorridos com agentes penitenciários em Londrina, nos últimos cinco anos, os crimes foram cometidos por motivos pessoais, sem qualquer tipo de ligação com a atividade penitenciária, represálias pela função ou de grupos organizados”, salientou Braga.

De qualaquer modo, a Polícia Civil e Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, vinculado ao Ministério Público, investigam as circunstâncias da morte do servidor.
Porte de armas — Os manifestantes reivindicavam o porte de armas para agentes penitenciários. O secretário explicou que “cabe à Polícia Federal conceder a permissão para o uso e porte legal da arma, uma vez que se obedeça todos os critérios exigidos”. Braga afirmou que em casos de agentes que solicitem porte, a orientação da Secretaria é que sejam realizados exames psicológicos e de arma de fogo, conforme previsto na lei. “Não é a Secretaria da Justiça nem o governo do Estado responsável por essa autorização.”

Fazem parte do quadro funcional do Sistema Penitenciário do Paraná 3.379 agentes penitenciários. Desses, 2.370 foram nomeados em concurso público realizado na atual gestão do Governo Estadual. O salário inicial de um agente é de R$ 2.550 e pode chegar a R$ 5.182, um dos mais altos do país.

Protesto em todo o Estado depois da morte em Londrina.

No último domingo, um agente penitenciário de Londrina foi assassinado quando voltava de um restaurante com outros dois amigos, também agentes. O carro onde eles estavam foi abordado por uma motocicleta. O condutor da moto sacou uma arma e disparou contra o agente, que morreu na hora.

O outro agente, que estava do lado, também foi atingido pelos disparos e teve que ser hospitalizado. O terceiro, que estava no banco traseiro do veículo e que portava uma arma de fogo registrada em seu nome, disparou contra o autor do crime. O atirador, mesmo ferido, conseguiu fugir, mas foi capturado instantes depois quando procurava por socorro médico.

O que causou indignação na categoria foi o fato da Polícia Militar ter dado voz de prisão ao terceiro agente por porte ilegal de arma. Apesar de a arma estar legalmente registrada em seu nome, ele não tinha permissão da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (Seju). Ele foi conduzido à delegacia e lá permaneceu até a tarde de segunda-feira, e só saiu depois que outros agentes fizeram uma concentração em frente à delegacia.

A prisão do agente e a morte do outro foi o estopim para que a categoria desse início ao protesto ocorrido, ontem, em todo o Estado, por conta do descaso com que o governo vem tratando a categoria. Além de melhores condições de trabalho, os agentes penitenciários querem que o governo libere o porte de arma para a categoria. O Estado é um dos únicos que não regulamentou o porte de arma aos agentes penitenciários.

De acordo com o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), agentes de 23 presídios paranaenses de Londrina, Maringá, Guarapuava, Cascavel, Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Curitiba e Região Metropolitana não trabalharam ontem pela manhã. Com a paralisação, atividades como banho de sol dos presos foram interrompidas e somente os serviços essenciais foram mantidos. No sistema penitenciário do Paraná existem 3,5 mil agentes penitenciários.

O Sindarspen planeja realizar uma assembleia geral da categoria esta semana e não está descartada a possibilidade de greve por tempo indeterminado.

Da tribuna — Para o Deputado Antonio Belinati, que falou ontem da tribuna da assembleia, a Secretaria de Estado da Segurança Pública precisa tomar medidas urgentes. “Esses profissionais são dignos e merecedores de todo o respeito. E hoje, muito mais que o aumento salarial, buscam a segurança que não tem no seu dia-a-dia. É uma profissão do mais alto risco”, apontou. Os agentes tomaram parte das galerias da Assembleia Legislativa, ontem.

Polícia — Mas para a Polícia Civil de Londrina a hipótese de vingança de criminosos contra os três agentes penitenciários não é provável. Ontem, o delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial, Sergio Barroso, declarou que não há, ainda, nenhum indicativo de vingança nos tiros que mataram o agente e feriram outro.

De acordo com Barroso, as circunstâncias exatas do tiroteio ainda estão sendo apuradas. “Os três saíram juntos de um bar por volta da 1 horas, após assistirem o jogo do Brasil e tomarem cervejas”. A polícia trabalha com a possibilidade do confronto ter como causa uma briga de trânsito, ou um desentendimento ocorrido momentos antes no bar. (FGS)

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Cotidiano (o meu).



Londrina, 12/10/2009 | 16:36 | por DANIEL COSTA
Agentes penitenciários prometem paralisar atividades em todo Paraná nesta terça-feira. Manifestação é em razão da morte de um agente executado em Londrina. Agentes vão reivindicar melhores condições de trabalho e que o governo libere o porte de arma.

O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná promete realizar uma paralisação em todas as 23 unidades penitenciárias do estado na terça-feira (13). A intenção é que todos os servidores cruzem os braços em protesto pela morte do agente Walter G. de Brito, 26 anos, ocorrida na madrugada desta segunda-feira (12) em Londrina.

O secretário-geral do Sindicato, Adenildo Passos Correia, disse que a manifestação visa alertar à população sobre a insegurança que é a vida dos agentes penitenciários. Segundo ele, os trabalhadores dos presídios são alvos fáceis. “Somos nós que lidamos diariamente com os presos. Vamos fazer esse protesto para mostrar para o governo que estamos descontentes com a nossa situação”, afirmou.

Correia informou que será exigido que o governo libere o porte de arma para os agentes penitenciários. Eles reclamam que “podem ser o alvo, mas nunca o tiro”. “Não temos o direito de se defender, pois nós estamos desarmados e o bandido está com arma na mão. E quando nos defendemos acabamos presos. Estamos sendo atacados e não podemos fazer nada”, disse.

Segundo o sindicato, aproximadamente 500 agentes penitenciários trabalham na Penitenciária de Londrina (PEL) e no Centro de Detenção e Ressocialização (CDR). Com essa morte, nos últimos três anos, quatro servidores já foram executados na cidade (dois em 2007; um em 2008 e outro em 2009). “Estamos vendo nossos companheiros sendo mortos e não podemos fazer nada”, desabafa Correia.

Na tarde desta segunda-feira, aproximadamente 80 agentes fizeram uma manifestação em frente ao CDR, local onde Walter Giovani Brito trabalhava.

O crime

O assassinato de Brito ocorreu por volta da 1h da madrugada, na Avenida Santos Dumont, Jardim Aeroporto, zona leste. Segundo a Polícia Militar (PM), Brito e mais dois agentes penitenciários, estavam em um bar. Ao entrarem no veículo para irem embora, Juliano Jadson Lima dos Santos, 21 anos, chegou em uma motocicleta e atirou várias vezes contra o carro. Pelo menos quatro tiros atingiram Brito, que morreu na hora. Outro agente penitenciário, Bruno M. da Silva, 26 anos, que estava no banco de trás do veículo foi ferido no abdome e encaminhado em estado grave para a Santa Casa. O agente Levino C. Júnior, 34 anos, que trazia uma arma calibre ponto 40 no porta-luvas do veículo, reagiu e acertou dois tiros no autor do disparo. Santos conseguiu fugir, mas foi preso quando recebia atendimento médico no hospital Universitário. De acordo com a PM, Levino Júnior também foi preso por não possuir porte de arma, mesmo ele estando com todos os documentos da arma.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

"Querido diário"...




Os dias tem sido longos em produção e curtos em ócio. A chuva persiste; se faz presente com uma sensação física que não esquecerei tão cedo: o frio. Transpiração física; só senti nos últimos seis quando tive febre.

O trabalho me consome tanto e a tal ponto que tenho preferido ir trabalhar somente de tênis, por serem mais confortáveis para agüentar as doze horas de labuta; sem esquecer de levar no bolso da calça um remédio para dor-de-cabeça - que serve também como placebo para todos as outras “dores“.

No final do dia, a Universidade presenteia meu já desgastado estado emocional com uma tempestade de informações. São todas atrativas e bem-vindas, sempre e em qualquer quantidade, desde que as absorva. Perdi muito conteúdo, devido à recuperação (física e psicológica) e isso me custou as minhas folgas - talvez a única “moeda de troca” que me restara. Não tem sido fácil conciliar os horários de folga com as provas marcadas a esmo pelos professores.

Ler por prazer é um luxo, ver televisão então, somente quando desperta às seis horas e apenas durante os cinco minutos que fico me debatendo na cama, relutante em levantar. Sair de casa somente no itinerário casa/trabalho x trabalho/faculdade/casa. Tenho visto meus amigos com menor freqüência, entretanto não deixei de entrar em contato – faço questão de ligar, escrever, perguntar sobre – assim como faço com a família. Porém, apesar de insubstituíveis, essenciais à minha vida, tenho plena consciência de que não são meus pilares de sustentação.

Tenho resolvido os problemas na medida em que aparecem – sem ruminar muito –, respiro fundo, pego um papel, uma caneta, faço um calendário, rabisco contas, anoto prioridades, vejo as melhores possibilidades e não me desespero. Desenho um círculo no centro do papel, escrevo o meu nome, coloco todos os problemas de forma espaçada na folha e os ligo ao círculo. Uns problemas se ligam aos outros, mas, definitivamente vão se ligar a mim. Diretamente em mim, como deve ser. Infelizmente falta espaço na folha devido à quantidade, mas ao contrário do que imaginava, isso me deixa...

...feliz.

Há tempos relutava em pronunciar esta palavra, ainda mais com tanta propriedade: Felicidade! A desconfiança passou, ainda falo de modo tímido e somente ao espelho, mas sorrio por dentro em público. Este estado é notório, apesar de aparentar cansaço, preocupação, desmotivação – que nada mais é do que resultado de tudo o que passei – a sensação é outra. Eu estou feliz!

Foram trinta dias de reclusão, de adaptação à nova percepção de realidade, do reconhecimento das angústias, limitações, problemas e principalmente da tentativa em solucioná-los - algo que não ocorria em efetivo.

Consegui dizer "não" para o que não convergisse com meus objetivos, estabelecer metas e prioridades - mas o fator preponderante, o grande peso, o desafio a transpor - era lidar com o resultado das decisões; o reflexo que isso ocasionaria na minha vida pessoal e na minha consciência.

Foi dolorido abrir mão da vida de bon vivant que levava, mas somente agora eu posso verificar os estragos que isso me ocasionava – financeira, social e psicologicamente falando. Antes, tudo ficava maquiado pelo prazer imediato no qual eu encontrava na falta de responsabilidade, desorganização e atitude.

Na verdade eu não mudei: antes o desenho existia, o circulo com meu nome e a quantidade de problemas era a mesma - o que não havia era a consciência da existência deles.

Estava cansado de andar curvado - com sensação de carregar um peso enorme nas costas - agora quero andar ereto, esguio, equilibrado; conseqüentemente...
...feliz!