sábado, 13 de junho de 2009

12 de junho de 2009.






Perdido no tempo e nos sentidos: foi assim que me senti - por um instante, aquilo que nos cercava se calou; pude ouvir apenas suas risadas e, estas ressoavam como sirenes que acionavam uma região no meu cérebro (da qual pouco me importa o nome) que produz a felicidade.

Quem em sã consciência já marcou um encontro com alguém, despretensiosamente e, coincidentemente numa data ímpar - na qual todos que estão formando um casal tem algo para comemorar, geralmente o fato de estarem juntos? E para completar, você vai completamente desnudo; com todas as suas fraquezas, falta de memória, sinceridade, inocência e sem intenções? - Prazer, Fabiano!

Estava munido apenas de uma folha em branco; expectativas e um pouco de frio. A frieza assusta em todos os sentidos, por isso a escolha de um local fechado foi fundamental. O local fechado na qual me refiro chama-se minha vida, na qual ninguém entra sem autorização expressa e sem revelar objetivamente as suas intenções.

Invariavelmente não deixo ninguém entrar; mas esporadicamente permito-se ser humano; permito-me criar expectativas e pensar no amanhã – que não apenas ter que acordar com um pedido de: - Por favor, leve-me para casa...

Estava in natura - talvez isso a atraiu; estava sem casca, podia ser eu mesmo, contando as minhas histórias, tomando minha bebida favorita e errando o nome da banda que estava tocando a todo instante; mas sempre olhando dentro dos seus olhos, fazendo questão de sentir cada vibração ou movimentação de oxigênio ao nosso redor.

Tão real quando nos meus textos, tão verdadeiro quando no dicionário - o inseparável. Tão intenso quanto os e-mails - mas mais acolhedores do que nossas telas de cristal liquido. Assim estava; de repente, as intensões apareceram como que num piscar dos nossos olhos míopes; uma mistura de ousadia e duma vontade incontrolável não dormirmos nunca mais; você respondeu positivamente com um sorriso convidativo.

Então peguei a folha em branco e comecei a rabiscar; escrever o que estava sentindo na forma de beijos, abraços, toques e olhares; sentindo sua respiração ali no meio da pequena multidão. Tudo fazia sentido agora: as ligações, o jogo, as entrelinhas, os e-mails. Quando o meu convite ao pé do seu ouvido soou como música - devido a minha suposta ardilosidade - deveria ter pedido seus rins; seu coração, mas não para negociar com terceiros, como supunha; mas para consumo próprio.

Pouco me importa se você vai de rock and roll e eu de MPB; se somos rivais acadêmicos; se houvera “senhores-cafés” em ambas as vidas; se não vi enlatados americanos; se não tenho uma tatuagem “Love Bandit” estampada no bíceps; ou se cometemos dois crimes naquela noite e fomos antiéticos numa data aparentemente egoísta.

O que importa é que as testemunhas fundiram-se num corpo só e viraram cúmplices; misturaram-se de forma tão uniforme que, ao acordar, tivemos que decantarmo-nos para a devida separação; e desta, restaram lembranças que ficarão na minha memória-corpo-sentidos por mais alguns dias dos namorados.

A pergunta que esquecera-se de fazer pessoalmente, aquela que sempre fez questão de frisar nos seus escritos, desde o início - aquela que deixei de forma propositadamente em aberto nas minhas respostas: assim ficará!

Ficará em aberto, com os códigos livres - pode reformulá-la um dia; fazer-me pessoalmente quando quiser; ou ignorá-la; gritá-la ou sussurrá-la, mas a resposta será sempre a que você quiser ouvir.








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