segunda-feira, 29 de junho de 2009

Fim, férias II.


Final de férias II.

Descanso;
O corpo devidamente, exaustivamente e exageradamente descansado; agora vamos ao mais importante - o que demanda mais tempo e atenção; disciplina; apego; culto; liberdade; dedicação e compreensão: o que sobrou das férias!

Decisão;
Minhas férias do trabalho acabam dia trinta deste mês, mas estou arrumando as malas agora. Arrumando as malas, sim – lenta e vagarosamente. Vou viajar.

Preparação;
Peguei duas bem grandes para caber roupas de frio; roupas que quero doar porque não uso mais; valise para levar os livros que não li nas férias e alguns resumos para me preparar para as segundas-chamada das provas que deixarei a me esperar.

Estou pegando cada peça de roupa a dedo; colocando-as em ordem de peso, tamanho e cor; divida por categorias – acima e ao lado, dentro da mala. Os chinelos ficam nas bolsas laterais - chinelos me remete à férias, agora sim; no sentido literal da palavra – excluindo qualquer desvio de objetivo.
Férias, finalmente, férias de tudo. Decididas por mim, dadas por mim – eu quero tirar férias! Ponto.

Prioridades;
Não posso esquecer os eletrônicos (câmera, mp3, carregadores e afins); bebidas; mimos para meus familiares; história para meus amigos; remédios; traje à rigor para formatura; calça de moletom para dormir; tênis para correr na pista; caderno e caneta – adoro escrever à mão e os documentos pessoais.

Expectativa;
Estou com saudades da minha família (mãe, irmã, padrasto e três vira-latas); das minhas raízes, daquilo que sou feito, da minha formação de caráter; dos meus bons e maus exemplos – sinto falta de referências de “sangue”; DNA. Estou precisando andar pelas ruas que eu cresci e rever meus seletos e especiais amigos; ver flores por toda casa; visitar minhas tias, primos e a minha querida e amada avó.

Sinto falta dos meus bares favoritos, dos cafés incrementados e das pizzas que só nós - paulistas sabemos fazer; das ruas estreitas do meu bairro; happy-hour todos os dias; das intermináveis ladeiras da minha cidade, das novas construções que sempre aparecem quando das minhas ausências semestrais.

Estou com saudades de se sentir em casa; dormir numa "casa" que não tenha doze andares e mais de cento e cinqüenta moradores. Sinto falta da relação “mágica” que eu tinha com a vida - onde a comida aparecia pronta pontualmente às 12:30, as contas todas pagas, a gasolina aparecia no tanque do carro por osmose e as roupas sempre limpas e passadas dentro do meu guarda-roupa; saudades de dormir numa cama de solteiro com colchão ortopédico.

Quem vai I;
Eu e um amigo bem próximo (piloto e co-piloto) - vai ser divertido; vamos nos perder, comer na estrada e passar mal; trocar pneus; depois uma parada para almoçar com velhos amigos em Maringá para daí então seguirmos até nossos destinos. Há o carro não vai quebrar - vamos com o dele e está na garantia ainda!

Quem vai II;
(Você...não da forma que eu gostaria, mas não consigo NÃO te levar).

Obrigações I:
Teoricamente teria que voltar a trabalhar – teoricamente, mas resolvi emendar as folgas do mês de julho, trocar plantões de trabalho e adiar por mais quinze dias meu retorno. Eu posso; além de um direito, é um dever tirar as folgas, ou seja, você é obrigado a não trabalhar duas vezes por mês. Sendo assim cumpro com as minhas obrigações e deveres fielmente, sem questionar nada.
As trocas de plantão eu pago seguidamente; cinco dias trabalhados; doze horas diárias – cama trabalho; trabalho cama; mas isso fica para o fim de julho, à perder de vista.

Obrigações II:
Meus professores serão compreensivos e complacentes; tenho notas dentro da média; sou presente nas aulas; participo quando solicitado e, caso sejam intransigentes – segunda chamada.

Satisfação, motivação e conclusões:
Minha querida e jovem irmã vai se formar (antes de mim); claro. Meu amigo me perguntou se ela era bonita – ignorei a pergunta (coisa de irmão ciumento); depois perguntou se isso me afetava de alguma forma. - Disse que sim; sinto um grande alívio, afinal é uma conquista; a primeira dela de muitas que virão; isso não garante nada, mas pelo menos vai poder estudar fora, como ela sempre quis e ser independente.

Mas ele perguntou se isso me afetava de forma negativa; respondi com a mesma simplicidade de sempre; agora aprimorada pelos trinta dias de férias, quase trinta de idade, várias cabeçada na parede, dias sem dormir, inúmeros porres...

Disse que não. Não me importo em mudar, começar de novo sempre que achar que não é realmente o que me trará satisfação pessoal; não me importo jogar tudo para o alto se achar que não estou sendo feliz. E que ele deveria fazer o mesmo, ser feliz – à sua maneira; sem se importar com as cobranças externas; somente as internas - se é que as tem, à contar pela pouca idade.

Expliquei que não é indecisão, infantilidade, volatilidade ou algo parecido, é viver; é tentar, fazer escolhas e arcar com as conseqüências. Na verdade é uma DECISÃO.

Mas para que não ficasse preocupado em ter que arcar com as despesas do apartamento sozinho, de um hora para outra, caso eu resolvesse não voltar mais - eu disse que estou no caminho certo, sempre estive, e que isso me deixa feliz - apesar de ter momentos de dúvida eu sempre soube o que eu quero para mim, sempre.

Sempre me vejo daqui há dez, quinze, vinte anos, como estarei, em que área estarei atuando e com qual tipo de pessoa ao meu lado. Não consigo não me ver de alguma forma e isso não me frustra, sempre tenho um objetivo.

Experimentar, errar até acertar ou acertar e errar depois; parar e recomeçar novamente se preciso for, tantas vezes quantas se fizerem necessárias.

Finalizando;
Conclui dizendo que tenho um objetivo sim, mas para alcançá-lo não posso nunca mais tirar férias! Nunca mais!

4 comentários:

  1. Por favor, apenas não tire férias daki... ler seus textos é um ótimo relaxante muscular para quem chega exausta depois de mais um dia de obrigações/problemas/dilemas/telefonemas/soluções/condenações/absolvições/dúvidas/certezas/aborrecimentos/alívios e mais tantas outras coisas que conceituam "trabalho"...
    Bjs

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  2. Concordo, acho que está voltando a ser o msm fabiano de sempre! Te adoro.

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  3. Ro, vide "Relaxante muscular" na sua caixa de e-mail; espero que tenha o efeito esperado - caso contrário, aumento a dose...

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  4. Também te adoro "anônimo"; sabe disso, não é? Percebi que era você por um "pequeno" detalhe de grafia: uma marca sua! Espero que esteja bem!

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