terça-feira, 1 de setembro de 2009

Rasgando os dentes.




Um tempo de fúria. Há tempos não me via assim tão irredutível e conflituoso. Só precisava de um olhar – qualquer motivo que fosse: uma brincadeira inoportuna de um colega durante o trabalho; a falta de mais um professor na faculdade; uma provocação de algum preso; um pedido negado pela chefia, uma afirmação ou declaração sem fundamento ou qualquer discussão na qual eu fosse a parte interessada.

Eis que meus desejos se realizaram, - senti todo aquela casca pacificadora que recobria minha personalidade apaziguadora dos últimos anos se esvaecer. Estava novo e pronto para o conflito. Queria o conflito, a solução pela contra-argumentação agressiva e, se necessário, apelativa. - Quem vocês pensam que são? - foi a frase mais proferida.

Olhar de desdém nunca mais, nada mais passa pelo meu crivo crítico; doa a quem “foder”; que não eu. Aceito-as também, aliás, faz-se necessário para uma boa discussão. O que temos a perder ambas as partes? Vai ouvir o que eu penso sim e pouco me importa se vai gostar.

Senti meu sangue ferver desde o momento em que levantei cedo; tal qual um mecanismo de ataque, logo partindo para o fronte. Péssimas notícias, fizeram novamente eu mudar meu conceito de humanismo. Descobri que não somos tão blindados como pensávamos e que uma saraivada de tiros no carro dos seus amigos, nos faz refletir sobre nosso real papel como agentes de segurança pública. Ainda tinha uma leve esperança, bem pouca mas tinha. Agora ela foi enterrada, juntamente com outro "empecilho”.

Ira, revolta e imprevisibilidade; não pelo fato isolado citado anteriormente, mas por mudança de comportamento mesmo. A raiva é muito mais confortante do que a melancolia; recolha-se no seu quarto, fique a lamentar ou conformar-se com a situação, enquanto poderia agir, mesmo que por impulso, movido pela sede, pela fúria, mas racionalmente.

Eu senti raiva das pessoas hoje, de todas, sem exceção e fiz questão de deixar isso tudo bem claro. Expus minha insatisfação com tudo; fatos, atos e omissões. Corri um sério risco de perder um dente, responder um processo disciplinar administrativo ou perder amigos – indiferente. Estava dependente emocionalmente de muita gente; pessoa que me agregavam mais prejuízos do que benefícios.

Ainda há muito por vir, principalmente as represálias. - Quem eu penso que sou!? Nada aconteceu, acredito eu, nada. Só preciso descontar minha raiva em alguma coisa, de preferência que se mova e possa se defender, e, aparentemente ofereça resistência. A forma dependerá do oponente: tenho língua afiada, sou frio, calculista, irredutível, passional, raivoso e muito bom com as palavras falando ou gritando.

Como disse um velho amigo que sofrera hoje nos ouvidos hoje esta mudança de paradigma:

- Pessoas como nós nunca mudam. (T.R.A.).

- Errado meu caro, pessoas limitadas como você nunca mudam e é por isso que está onde está e, apesar de ser meu amigo, não sinto a mínima pena de você, pois eu lhe avisei.

Certa vez conversando descontraidamente com um velho amigo hipócrita árabe, ele disse com seu sotaque característico:

- Cara, eu gosto daqui, muitas mulheres, bebidas, você podem fazer o que vocês querem, mas sinto falta de uma coisa...- deixou uma interrogação no ar.

Perguntei, rindo, então, o que faltava...

- Sinto falta de uma guerra! (Y.N.R.).

Disse com um brilho peculiar nos olhos. Discordei de imediato, tentei argumentar, mas parecia decidido. - Pois bem, fique com suas pseudo-guerras, seu país destruído e bebendo às escondidas. Ele sorriu, deu-me um tapinha nas costas e fomos para uma festa. Talvez ele tenha razão, a auto-determinação vem de um ideal seja ela qual for, desde que seja bem alimentado e direcionado, pode tirar proveito, mesmo que seja expodindo inocentes na rua.

Estou me sentindo auto-suficiente; o que para mim, hoje, é excelente, mesmo agindo desta forma pouco ortodoxa, porém cotidiana e tão peculiar do ser humano: a raiva como mola propulsora para a resolução de problemas.

Tenho muitos livros para me distrair, vida universitária para me ocupar, internet ilimitada, carteira de habilitação vencida, pouquíssima paciência (agora) e uma vontade iminente de mandar o mundo todo para...

Cuidem-se!

2 comentários:

  1. auhauahuauau senti um puta tesão de ser o que tenho que ser Faaa ...
    Prazer ...que bom reencontrá-lo!
    Meus sinceros tapinhas nas costas com uns 20 metros de distancia srs!beijos:)

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