terça-feira, 29 de setembro de 2009

IRPF - 2009




Situação das Declarações IRPF 2009
Prezado Contribuinte (CPF 219.XXX.XXX-XX)

FABIANO PEREIRA DE L.

Sua declaração apresenta pendências.
Maiores informações consulte o Extrato do processamento.

Em Brasília - DF
28/09/2009
23:13



Sua declaração apresenta “p-e-n-d-ê-n-c-i-a-s”.

Seria uma forma polida e não condenatória de dizer: Você caiu na malha fina!? Por enquanto não há motivo para pânico, pois não recebi nenhuma notificação formal de multa, intimação para apresentar documentos ou algo parecido, é somente uma informação informal na qual eu posso fazer a devida correção das "pendências" pela internet.

De um modo geral, a população, principalmente a classe média – a maior financiadora dos cofres públicos – pouco sabe sobre o funcionamento da cobrança Imposto de Renda: suas alíquotas, seus abatimentos, formas de restituição e o seu destino. Confesso que, infelizmente, por falta de interesse, entendimento matemático, tributário e político, hoje, não dispenso a devida atenção à minha pequena, porém sentida parcela de contribuição aos abastados cofres da Receita Federal.

Desde que comecei a “contribuir”, imediatamente, procurei saber mais sobre o funcionamento: esmiucei os manuais, pesquisei assíduamente a internet, fiz cálculos, analisei possibilidades e, por fim, vi-me obrigado a pagar os impostos.

Devido à minha contribuição ser efetivada diretamente da minha fonte pagadora, não há como não pagar. No contra-cheque vem sempre especificado a alíquota percentual e o devido valor convertido em reais. Aproximadamente quinze por cento do que eu ganho todo mês, (excetuado rendimentos não-tributáveis) não me pertence - é desviado diretamente à Receita Federal, pela minha fonte pagadora.

Foram três anos contribuindo tacitamente, sem questionar e sem reaver uma parcela da contribuição através dos abatimentos legais – despesas com saúde, instrução, dependentes etc. A equação não é simples, pois há um teto máximo de valores para cada tipo de despesas e dificilmente seus gastos superarão o necessário para conseguir de volta o percentual total de contribuição.

São aproximadamente vinte e cinco milhões de declarações anuais; cada qual com um número na casa dos milhares contendo as mais diversas informações, que ficam armazenadas na base de dados da Receita. Apesar dos avanços na área de tecnologia de informação, parece impossível um controle total destes dados, a sua verificação minuciosa; parece, mas não é, pois eles utilizam de cruzamento de dados, colocam as informações em conflito uma com as outras para achar irregularidades. Um exemplo simples é o recebimento dos meus vencimentos: A minha fonte pagadora, “declara” que me pagou um valor; eu, sou obrigado a “declarar” que recebi tal valor, pois já fora declarado anteriormente o pagamento; logo se quando do recebimento das duas declarações, as informações são cruzadas e, caso apresentem divergências, ambos são chamados para prestar esclarecimentos diante da Receita. Se eu pago, você recebe; se pago X, você deve receber X e deste X, o “Leão” morde um percentual, de acordo com a sua faixa de renda. Caso eu lhe pague X e você “declare” que não recebeu X, omite de forma intencional – acaba por sonegar rendimento para não recolher impostos, incutindo, assim, em crime.

Justamente por ter uma única fonte pagadora e a contribuição ser efetuada diretamente desta, a possibilidade de sonegação torna-se improvável por minha parte, a não ser que haja outros tipos de rendas, e eu as “omita”.

Seja qual for o motivo para qual fui "tentado" a prestar esclarecimentos, este não será por sonegação de impostos, pois, definitivamente não cometi nenhum crime - apesar de achar exagerada a minha alíquota para minha faixa de renda, minha parcela está quite, sempre - todos os meses, no primeiro dia útil de cada mês. Eu pago todos os meus impostos, arco com as minhas obrigações, apesar de doer no bolso, não faço estardalhaço ou procuro artifícios para não pagar.

Entretanto minha contadora deve ter digitado acidentalmente um dígito a mais no preenchimento das despesas referentes às notas fiscais dos meus prestadores de serviços, (despesas dedutíveis legalmente) isso vai ter o preço de uma viagem de férias, uma úlcera gástrica, dor-de-cabeça e muitas noites sem dormir.

Tudo se resolverá da melhor forma possível, acredito – para o "Leão", obviamente.

domingo, 27 de setembro de 2009

Eu quero é ver gol!




Esta, sem dúvida foi a minha primeira paixão – começou cedo, numa fase difícil – tanto para mim quanto para o time, idos de 1993, quando as televisões não se interessavam tanto em transmitir outros campeonatos, que não os Estaduais e o Nacional, então se fazia necessário ouvir pelo rádio os jogos.

Tive liberdade total para escolher meu time, mas a identificação com o Corinthians, foi algo de pele. Gostava do slogan: “corintiano sofredor”; achava impressionante a forma como os estádios estavam sempre lotados e a torcida ensandecida mesmo com o time perdendo. E como eu sofri neste começo, mas mesmo assim não desistia, assistia e ouvia TODOS os programas esportivos diários em busca de notícias, comentários, explicações, entrevistas dos jogadores.
Já hoje, minhas buscas são outras, perdi o fervor inicial de outrora, mas mesmo assim continuo a acompanhar meu amado time, mesmo que de longe. Não sei a escalação completa, a colocação e a quantidade de pontos, mas não consigo ficar paciente diante da televisão quando passa um jogo seu.

E claro, fazendo um paralelo entre o time e a minha vida: sempre haverão cobranças – ganhando ou perdendo. As dificuldades para se chegar no ápice são imensas, para se manter, idem. Quando chega ao objetivo, cinco minutos depois já é hora de pensar no próximo.

Entretanto, o futebol já não me entorpece mais. Já a vida...

(Vídeo da comemoração da final da Copa do Brasil de 2009 - fecharam uma avenida aqui em Foz do Iguaçu: Internacional e Corinthians. Não é sempre que isso acontece - EU comemorando na rua, com direito a beber direto no gargalo, faltar em prova, bandeira enrolada no corpo e muita gritaria com meus colegas de trabalho - já finais de campeonato, isso nós estamos acostumados a disputar e ganhar, claro!)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Liquidação do inverno.




Invariavelmente a chuva sempre precede mudanças. Mesmo nas menores intensidades, são ignitoras de significativas alterações climáticas. Passou-me despercebido, mas é final de inverno - a temperatura está agradável; apesar de o sol brilhar incessantemente nos últimos dias, não foi o suficiente para me chamar a atenção.

Um sol que não escalda, que não arde, que não queima; um falso sol.

O sol de inverno me proporciona uma sensação de estagnação, confusão – talvez motivado pela temperatura da estação. Nada bem definido: da temperatura à variação da umidade no ar - escurece durante o dia; o sol nasce mais cedo.

Estou com esta incômoda sensação lentidão; de o relógio trabalhar com tremendo esforço; das pessoas com dificuldade de executar tarefas simples, cotidianas; do bocejo latente na minha expressão. Diferente da preguiça, esta sensação me acompanha apenas durante o dia, cujo momento em que mais tenho contato com o mundo dos outros. Coincidência.

Ensaiei várias vezes levar o cobertor à lavanderia, para enfim guardá-lo até o próximo inverno, contudo o tempo se fecha; chove de forma descoordenada, alternando entre chuvas torrenciais e brandas - e como conseqüência a temperatura diminui.

O cobertor fica; minha proteção, meu involucro, meu aconchego, minha fuga...

Hoje, então, somadas as características, temos uma terça-feira típica de final de inverno. Chove deveras forte, troveja com uma intensidade acentuada e o vento sopra velozmente levando para longe os últimos quatro meses – sinonimo de um final. Logo, depois de um final vem sempre um recomeço.

O cobertor vai para a lavanderia, não fica - é fato! Calor agora só o humano ou quando o sol desacovardar-se.

domingo, 20 de setembro de 2009

Salut.




A vida em preto e branco não tem sido divertida. Remetendo a conceitos sobre felicidade, cujo mote principal seria a alteração de estados normais de personalidade; vejo que estou ilhado - envolto numa tentativa de readaptação no estilo de vida, não só meu como dos que convivem comigo.

A questão, apesar de intrínseca concepção, permite diversas formas de entendimento. Antes, era agraciado com os afagos proporcionados por meus estados alterados devido ao álcool; hoje, mais conciso e “a seco”, sou afligido por sensações nada confortantes.

O mundo etílico lá fora e eu aqui dentro. Preso por livre e espontânea vontade. O eu lícito, casto, diferente, sinônimo de estranheza – passível de observação nos lugares públicos, agora totalmente exposto à olhos vistos.

- O que vai ser hoje?
- O de nunca, por favor, com muito gelo.

As alterações físicas são bem visíveis: cabelos e barba compridos; emagreci, é verdade, estou bem disposto fisicamente. Estou irreconhecível e é divertido notar a reação de surpresa das pessoas.

Parece-me interessante, mas o que me incomoda são as psíquicas e as (minhas) reações à falta. Por incrível que pareça perdi em concentração, talvez pelo fato de não ter mais um isolante à minha ansiedade. Minha criatividade tem sido cerceada - ora pelo ostracismo, ora pelo excesso de ponderação à minha vida social.

Estava tão condicionado emocionalmente a esta substância que, independente da quantidade ingerida, o efeito seria o mesmo. Era fatal, um flerte fatal. Um simples gole e...Conversávamos horas e horas a fio, eu a seduzia com as enésimas possibilidades de ser influenciado e coagido. Ela, oferecera-me a cura de todos os problemas do mundo. Era o que eu esperava - a anestesia mental.

E agora, em quem colocarei a culpa?

Hoje, a percepção da realidade tem sido literal. À medida que os fatos acontece eu reajo de forma síncrona. Tudo é momentâneo, nada perdura mais do que o tempo suficiente para produzir o resultado. Ansiedade, crises, cansaço, esgotamento, dores, alegrias, depressão, felicidade, raiva; qualquer esboço de sentimento tende à fugacidade. Analisando com mais frieza, no cerne da questão, eu já era assim antes - a diferença era que tudo isso me perseguia, mesmo depois de passado o fato gerador, perdurava nos demais momentos da minha vida.

Resumidamente não consigo mais me remoer em melancolia e isso me incomoda. Meu dia voltou a ter vinte e quatro horas e cada instante imaginado ou relembrado é um momento perdido. Não preciso mais dos tapas-na-cara que levava antigamente, eles já estão implícitos nos meus atos, nas minhas atitudes, nos meus copos cheios de refrigerante. Apesar de desagradável, a sensação do novo me aguça a curiosidade. Paro, penso e fico a me observar apenas; não imaginar o que vai acontecer, apenas observar e esperar pelo improvável; ansiedade.

Minha voz está trêmula, gaguejante - minhas decisões não tem a mesma confiança que antes; meus movimentos idem – ando tropeçando, sem firmeza nas pernas, pois o que me sustentava era justamente isso; a falta de responsabilidade, auto-confiança artificial, a culpa em partes desiguais, o retroceder para não viver momento; melancolia.

Eu estou são; forçosamente são – entretanto, são. Estão sendo os quinze dias mais longos da minha vida; talvez os quinze dias com direito a todas as suas respectivas horas. Eu sei que isso vai durar pouco, vai durar até eu enjoar de ser eu mesmo; é sempre assim e isso não muda, não muda mesmo. Espero que seja em grande estilo enquanto durar - copo cheio de alguma-coisa-sem-álcool, provações, emoção à flor da pele e o travesseiro como única fonte de energia vital.

Um brinde à sanidade!

Flor da pele.




Vapor Barato
Zeca Baleiro e Gal Costa
Composição: Jards Macalé / Waly Salomão - 1968

Ando tão à flor da pele
Qualquer beijo de novela
Me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar "flor na janela"
Me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Meu desejo se confunde
Com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele
Tem o fogo
Do juízo final...

Barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras, suicido!

Ando tão à flor da pele
Qualquer beijo de novela
Me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar "flor na janela"
Me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Meu desejo se confunde
Com a vontade de nem ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele
Tem o fogo
Do juízo final...

Barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido
Às vezes me preservo
Noutras, suicido!

Oh, sim!
Eu estou tão cansado
Mas não prá dizer
Que não acredito
Mais em você
Eu não preciso
De muito dinheiro
Graças a Deus!
Mas vou tomar
Aquele velho navio
Aquele velho navio!

Barco sem porto
Sem rumo, sem vela
Cavalo sem sela
Bicho solto
Um cão sem dono
Um menino, um bandido

Às vezes me preservo
Noutras, suicído!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Eu me dou um motivo...




- “Vou dar um exemplo cotidiano para a sala sobre a influência dos fatores motivacionais na consecução dos objetivos: Se a sua motivação é vir para a universidade para estudar, pouco importa se a sua cadeira é de madeira ou forrada em couro, pois o seu entusiasmo será o mesmo, haja vista que você quer estudar. O fator higiênico é não é preponderante - pode gerar insatisfação sim, mas não é capaz de desmotivar.” (Kotz, Jair).

Devo admitir professor - depois de muito conflito interno; dizer “mas professor”, ansiolíticos, experiências de convívio social, relações de trabalho, pesquisa e claro, as aulas – a motivação é intrínseca do ser humano. Nada nem ninguém pode me motivar a fazer algo, a não ser eu mesmo.

Como eu demorei tanto tempo para concluir algo tão óbvio?

Tenho tanto conteúdo pendente que não sei por onde começar...
...contudo, sei porque começar!

O casamento dos meus melhores amigos.




Sei que um dia você vai me perdoar, talvez não vá entender e com razão - entretanto ficará extremamente magoado comigo. Na verdade ainda não sei como vou te dizer isso, mas meu querido amigo...

...eu não vou pode ir ao seu casamento.

A minha consciência não me deixaria, juntamente com a minha saúde, pois ainda não me recuperei na totalidade. Elas que tantas vezes foram ignoradas nos nossos inúmeros encontros, conversas, jantares, festas, churrascos, risadas, lágrimas, mudanças, dúvidas; agora me pressionam de tal forma que não vejo outra solução que não desejar de longe os votos de felicidades eternas para você e a sua futura esposa.

Eu havia prometido silenciosamente ir em todas as comemorações ou decepções dos meus melhores amigos, mesmo que isso custasse meus objetivos, obrigações – abriria mão do que fosse, mas desta vez não posso abrir mão de mim mesmo, dos problemas que passei nestes últimos dias e dos compromissos que assumi ou dos que me foram designados.

Vai ser muito triste não me ver nas fotos do seu casamento, acredite – principalmente para mim, justamente pelo conceito que eu tenho de amizade e por tudo o que passamos nestes últimos dezesseis meses de convívio. Parece pouco tempo, mas foi o suficiente para que eu me sentisse a pior pessoa do mundo por não estar com vocês neste momento tão importante da sua vida.

A forma como nos conhecemos não poderia ter sido mais inusitada: eu levando-os para conhecer a tríplice fronteira e me perdendo em todos os pontos turísticos noturnos: encontramo-nos nas melhores qualidades que os amigos podem ter: fidelidade, companheirismo e profissionalismo acima de tudo. Viramos os "brothers"; seleto grupo onde ninguém entrava e ninguém saía, exceto quando namorava, mesmo assim, poderia voltar quando quisesse.

Suas melhores qualidades; sim sua futura esposa - independente de eu a conhecê-la ou não é uma mulher de sorte – é o tamanho do seu coração, alegria de viver e sua empolgação com tudo. Eu nunca o vi triste. Confesso que às vezes estava mal e o procurava apenas para que compartilhasse comigo sua energia vital.

Eu não vou no seu casamento e sei que me arrependerei pelo resto da vida. Vou perder a viagem com todos os meninos reunidos, as despedidas de solteiro e as cinqüenta garrafas de whiskey.

Eu me lembro de uma mensagem que me mandou no celular logo após o réveillon de 2009 e para a minha sorte o aparelho quebrou, pois se a a relê-se jogaria tudo para o alto e iria para o seu casamento; sobre o início da frase, conversaremos pessoalmente, quando tomar coragem e dizer que eu não vou poder viajar para ir ao seu casamento. Não tem noção de como eu estou me sentindo mal por isso.

“[...] a festa nunca pode parar Biano...” (Cassiano S.).

Não consigo dormir; não faço a mínima idéia de como vou falar isso pessoalmente, qualquer empecilho que eu colocar será esmagado pelo convite com meu nome escrito em letra manual, tal como qualquer convite para casamento - com o advento de ser o convite para o casamento de um dos dos meus melhores amigos.

Felicidades meu querido amigo e me perdoe!

sábado, 12 de setembro de 2009

Super Mario "Foz".




Tenho a angustiante impressão de estar vivendo dentro de uma fase intransponível do jogo “Super Mario Bros.” Sempre duas direções apenas, os mesmos obstáculos e objetivo – tudo isso ao som da igual música que me alerta dos perigos, dos bônus ou avisa que meu tempo está acabando para completar a missão.

É tudo tão linear, em primeiro plano, não há como eu ir para outra direção, senão para frente ou para trás – mas este “traz” se resume a um instante, é impossível retroceder ao início da fase. Os obstáculos são transpostos, mas os adversários, quando atacados, ficam imobilizados apenas por algum tempo, depois voltam a te perseguir. Nunca morrem.

As caixas de interrogação são cada vez mais previsíveis: pulo, bato com a cabeça mas infelizmente os restauradores de energia não são o suficiente.

E tudo isso para quê? Para enfrentar o “chefão” no final da fase e salvar a princesa que vive a me esperar, mas eu nunca chego. Há, Game Over!

Continue?
9...8...7...6...5...4...3...2...1...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

7 de Setembro.




Independência ou morte.
Pouco me passou pela cabeça nesta data, a importância cujo fato histórico resultou na emancipação política do Brasil em relação a Portugal. Na verdade, numa análise análoga dos fatos, fiz um paralelo comigo mesmo para não fugir à regra...

A independência sempre, em qualquer situação, vem precedida de muito sacrifício, muita luta, sangue e dedicação e claro, a escolha - seja qual for o campo: numa guerra ou dentro da sua vida pessoal, é inconcebível voltar atrás. Não deixa de ser uma grande conquista, tanto individual quanto coletiva.

Nada mais satisfatório do que ser independente, poder tomar suas próprias decisões, nortear-se conforme seu entendimento, auto-organizar-se da forma que melhor lhe convier. Auto-determinação.

Independência e/ou morte.
Dependo hoje, apenas das minhas pernas, do meu próprio esforço – físico e mental. Em determinado momento é, sem dúvida, um privilégio; contudo neste final de semana, vi-me o quão caro pode ser esta conquista. E foi; realmente há tempos não dependia de nada nem ninguém, cuja ajuda fosse imprescindível. – para mim foi um sacrifício emocional, quase um retrocesso, porém, infelizmente, não havia outra solução que não...


Não foi uma escolha aleatória, verifiquei a disponibilidade das pessoas - devido ao horário; o grau de amizade, o “coeficiente” de dívida que terei que arcar e a possibilidade de ter que recorrer à outras pessoas, prorrogando assim, a dor causada pelo espinho cravado no meu ego. Fui atendido prontamente, com a maior boa-vontade e prontidão e acredito que seria assim com qualquer um que escolhesse dentre os quais eu selecionei - dada a necessidade e urgência.

Foi dolorido ter que pedir, mesmo sabendo do tamanho do coração e do grau de amizade que cultivo com esta pessoa. Não é o ato de pedir em si, pois isso é corriqueiro, ainda mais entre amigos, mas o que me doeu foi o fato de eu não ter outra solução, senão pedir ajuda.

Senti falta da dependência que tinha para com a família, na qual era gerada um “obrigação” em me ajudar, o que não soaria como uma afronta ao meu ego o fato de recorrer a eles. Tornamo-nos tão independentes que o simples fato de pedir ajuda gera um constrangimento.

Independência e morte.
Eu não estou conseguindo andar: comprar comida, dirigir, pagar minhas contas pessoalmente, levar minha roupa na lavanderia, meu carro para abastecer, ir à faculdade, trabalhar, retornar ao médico, ir à farmácia, atender o telefone fixo...Apesar da dor física que sinto pela cirurgia o que mais me dói e a dor psicológica que isso tudo desencadeou.

Não sei o que dói mais: admitir a dependência das pessoas ou voltar a tê-la.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Trilha sonora do post anterior.




O Pulso
Titãs

Composição: Arnaldo Antunes

O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa...

Peste bubônica
Câncer, pneumonia
Raiva, rubéola
Tuberculose e anemia
Rancor, cisticircose
Caxumba, difteria
Encefalite, faringite
Gripe e leucemia...

E o pulso ainda pulsa
E o pulso ainda pulsa

Hepatite, escarlatina
Estupidez, paralisia
Toxoplasmose, sarampo
Esquizofrenia
Úlcera, trombose
Coqueluche, hipocondria
Sífilis, ciúmes
Asma, cleptomania...

E o corpo ainda é pouco
E o corpo ainda é pouco

Assim...

Reumatismo, raquitismo
Cistite, disritmia
Hérnia, pediculose
Tétano, hipocrisia
Brucelose, febre tifóide
Arteriosclerose, miopia
Catapora, culpa, cárie
Câimba, lepra, afasia...

O pulso ainda pulsa

E o corpo ainda é pouco
Ainda pulsa
Ainda é pouco

Pulso

Assim...



“O SENHOR te ferirá com úlceras malignas nos joelhos e nas pernas, das quais não te possas curar, desde a planta do pé até ao alto da cabeça. ” Deuteronômio 28:35"

Bon Appétit.



Olá Dra.




Dor física: superação!?

Notadamente, os agentes infecciosos criaram resistência bacteriana, devido ao que chamamos de mutação espontânea e a recombinação dos genes dos próprios agentes, através da sua reprodução. Mas como - devem estar se perguntando que, mesmo tomando os antibióticos, as bactérias se fortaleceram? Justamente devido à este este fato - conhecida pelos seres vivos como seleção natural.

Graças à reprodução rápida, criaram-se bactérias resistentes (mutantes) por combinarem-se entre si, várias características, - o processo tornasse contínuo e breve. Os fracos vão sendo destruídos pelo antibiótico, sobrando apenas os mais resistentes e, estes, multiplicam entre si, produzindo bactérias “melhoradas”. Daí a ineficiência dos fármacos prescritos, somado ao fato de que são de décadas atrás.

É fato que eu errei - acabei- me por auto-medicar, mesmo conhecendo o risco, mas foi por apenas um dia; pois logo no seguinte, procuraria o médico que, pasmem: receitou o que eu estava tomando.

Eu perdi; e o pior, fui destruído por aquilo que paguei para me deixar melhor, com a anuência de um profissional “gabaritado”.

Sexta-feira, 17:25, setor de emergência de um grande hospital:

- Toma este antibiótico aqui é, vai melhorar rapidinho, ele é bom. Se não melhorar volte aqui terça-feira.

- Na verdade doutor, eu tomei – tomei literalmente... (tirem os menores de frente da tela) tomei no...

Segunda-feira feira, 19:00, setor de emergência do mesmo hospital hospital particular.

- Quem está de plantão, perguntei.
- Dra. Mocinha, responderam-me secamente.
- Qual a especialidade da Dra. Mocinha, alterei o tom da voz, preocupado.

Na verdade não fora preciso a resposta pois a recepcionista estava com cinco telefones ao ouvido e atendendo mais três pessoas ao mesmo tempo; olhei ao meu redor e vi uma horda de bebês.

- Pois bem, trata-se de uma pediatra, conclui quase desmaiando de febre e dor.

As respostas do nosso organismo quanto à uma ameaça são acintosas. Para tal, usa de febre de quarenta graus, tosse, vertigens, cefaléia e claro, a dor local. Devido a intensidade destes alertas, pude prever que a antecipação ao retorno médico foi a melhor decisão, ou melhor, uma decisão tardia.

Parei tudo, desliguei-me do mundo; deixei de lado os livros, as provas, o trabalho, os compromissos firmados reposição de horas dispensadas e coloquei todas as minhas esperanças no diagnóstico da Dra. Mocinha.

Dra. Mocinha parecia agitada, andava de um lado para o outro, sempre com uma prancheta estufada de prontuários; falava atenciosamente com todas as mamães e papais presentes; mal notou minha presença - contudo minha ficha era a primeira de uma sobressalente resma de papeis.

- Fabiano, por favor, quem é? - perguntou, preocupada. Fiz um esforço homérico para levantar o pescoço, e ela, educadamente pediu para que a seguisse. O intervalo da chegada no hospital até o atendimento durou apenas cinco minutos. Fiquei satisfeito por não ter que esperar muito tempo, pois, acredito que a minha paciência e estado psico-imunológico não me permitiriam burocracia.

Dra. Mocinha, é jovem, aparenta ter uns trinta e cinco anos, loira; cabelos presos, estatura mediana, parce não ter muito tempo para cuidar da aparência - ao contrário das enfermeiras. Minhas vertigens não me deixaram reparar em mais detalhes, apenas uma pinta ao canto da boca. Arrastei-me tal qual uma mulher grávida e, neste intervalo, questionei-me qual seria o diagnóstico da profissional. Olhou-me dos pés a cabeça, como que numa análise visual e pediu para relatar-me tudo; não me fiz rogar; disse sintomas, medicação, detalhes, horários e nomes.

- Bom Fabiano, precisamos ver o tamanho da lesão, abaixe as calças. - pediu-me acanhadamente, - porém sem desfazer a tez profissional. O edema aflorou abaixo da virilha e já demonstrava sinais de vazamento e por isso a dor era intensa e o visual nada agradável.

Dra. Mocinha calçou delicadamente suas luvas de procedimento, ajoelhou-se deixando à mostra um generoso “anestésico” para os meus olhos, graças ao seu jaleco aberto; mas, enfim, a lesão era na virilha e não nos olhos. Então arrancou duma vez o curativo que eu, carinhosamente havia feito em casa, de forma improvisada e disse:

- Vamos para o centro cirúrgico agora!

Gostei da forma como ela enfatizou, inspirou-me segurança, ainda mais quando escrachou a medicação prescrita por outro colega e deixou aquele bando de crianças com dor-de-barriga e foi se divertir comigo no centro cirúrgico.

- Vamos Dra! - pensei, seguindo-a empolgadamente!

Dra Mocinha deu as instruções preliminares para a assistente e disse que já voltava. Neste ínterim, para quebrar o gelo a técnica foi logo dizendo:
- Arranque toda a roupa, não se empolgue, pois já sou casada! - Meu deus, está muito inflamado. Deve estar doendo não? - perguntou enquanto mexia com tesouras, bisturis, lâminas...

Este tipo de psicologia não funciona comigo, definitivamente, ainda mais quando estava sentindo dor física. Ela insistia, falava dos outros casos graves, mas que nunca tinha visto tanta inflamação concentrada. Resolvi ceder, ao menos no que se refere ao diálogo, afinal de contas, estava num hospital, e procedimentos cirúrgicos são feitos com anestésicos, remédios assépticos que não ardem e etc.

- Cubra metade do seu corpo, e vire-se levemente para a direita, pois vou limpar o local. - disse -me com naturalidade, - enquanto falava dos seus filhos, da resistência maior da mulher quando à dor do que o homem.

Foi então que comecei a me soltar, mesmo com quarenta graus de febre, uma ameixa sangrando na virilha, tosse, dor de cabeça, vertigem, fome, cansaço, sudorese, raiva, frio, dores pelo corpo todo e preocupação com os compromissos da semana.

- Comecei a falar e creio que a psicologia dela funcionou; despejou uma pequena quantidade de um líquido que preferi não perguntar a composição; ardeu, mas foi suportável, pois estava entretido na conversa.

- Está doendo? Não não, apenas ardeu um pouco, mas é suportável.

- Você trabalha com o que Fabiano? - falava sem parar enquanto esfregava, esfregava ardilosamente, de forma rápida para que eu não obtivesse tempo para questioná-la. Sim, eu já estava iludido com sua psicologia; a minha insegurança/medo havia sido desvirtuada – habilidosamente pela técnica para a conversa, - enquanto isso, jogava uma série de líquidos no qual já nem sentia mais dor, devido à inflamação.

Como que num lapso de sanidade eu resolvi perguntar sobre qual procedimento seria aplicado ao meu diagnóstico; ela me disse que seria uma drenagem através de uma pequena incisão, no cume da inflamação - e que as outras lesões seriam drenadas manualmente para o orifício artificial, feito carinhosamente pela Dra. Mocinha, tudo combinado com uma alta dosagem de anestésico local.

Dra. Mocinha chega e traz consigo uma enfermeira – alva, magra, alta, loura; porém pelo olhar de espanto ao ver a lesão; pouco experiente. Dra. Mocinha pede para que busquem uma droga, na qual não me lembro o nome e, enquanto, diz para mim que serei anestesiado.

Era tudo o que eu precisava ouvir. Um jovem combatente da segunda guerra mundial, atingido por um projétil de Sturmgewehr 44. em sua virilha, ao tentar cruzar uma trincheira para ajudar um companheiro, agora teria o alívio de uma das maravilhas da indústria farmacêutica.

- Dê-me morfina enfermeira, não tolero mais a dor, dê-me, por favor! - desejava...

Com a seringa em punho, disse-me que iria doer, pois seriam várias aplicações para que eu não “sentisse” dor posteriormente.

- Tudo bem Dra, eu supoooooooooooorto...Mais uma infiltração, seguida de um grito abafado; outra, outra e outra...Doeu demais, mas contive-me apenas com expressão de dor e contração muscular.

- Nossa, onde a Dra. aplica sai secreção; Dra, a ANESTESIA não vai pegar. - Disse assustada a jovem enfermeira, enquanto eu me retorcia na mesa de cirurgia; totalmente consciente e desesperado.

- “A anestesia não vai pegar.”
- “A anestesia não vai pegar?”
- “A anestesia não vai pegar.”
- “A anestesia não vai pegar?”

Falavam em uníssono todas as “meninas”; inclusive eu; porém Dra Mocinha tinha raciocínio rápido, era especialista em lidar com situações como esta em que a brevidade dos procedimentos garante um sofrimento menor aos pacientes, dada a sua especialização.

- Fabiano, respire fundo. - ordenou. Neste momento eu percebi que o plano “A” havia dado errado e supunha que o “B” não seria agradável. Estava sem voz; mas perguntei:
- Mas para queeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee. Senti a minha pele ser cortada a fio, e se não bastasse, logo acima de um edema que mal conseguia tocar para limpá-lo.

- “Ela me cortou sem anestesia.”
- “Ela me cortou sem anestesia.”
- “Ela me cortou sem anestesia.”
- “Ela me cortou sem anestesia.”

Disse alguns elogios, porém incabíveis em qualquer lugar ou situação, mas acredito que deva ter relevado.

- Vamos, esprema de baixo para cima, senão não vai sair toda a secreção. - ordenou Dra Mocinha, desta vez num tom agressivo, dirigido às enfermeiras que procuravam se afastar das minhas mãos, por motivo de segurança.

A minha primeira reação depois urrar de dor foi rir; não por extinto sadomasoquista, - mas pela situação toda, pois nada poderia ser pior do que aquelas complicações.

E Pôde, haja vista que uma incisão não foi suficiente; fez outra, mas pelo fato de o local estar inflamado, Dra Mocinha precisou usar de muita força, mais muita força (tal qual para cortar um queijo parmesão seco) - o que proporcionou-me uma sensação alucinógena: a conhecida luz branca. Sim, eu a vi.

A terceira incisão veio na mesma intensidade, mas eu já não havia forças para reagir. Durante as estiletadas na coxa, Dra Mocinha, educada que é, desculpava-se a todo momento, dizendo-me que era necessário e pedia educadamente para que eu suportasse. Comecei a delirar, perdi alguns sentidos, (devido a febre e a dor) mas estava consciente. Só voltei a realidade quando a técnica jogou o líquido ardente e começou limpar e comprimir os inchaços.

Enquanto me medicava, disse que o corte ficaria aberto por ainda havia muita secreção para drenar. Disse os cuidados, explicou para que servia a medicação, como tomar, a importância de tomar, disse para que eu fosse ao hospital diariamente para trocar os curativos e que fizesse repouso.

Era obvio que eu faria repouso, pensei, já não tão afável quanto antes.

- Dez dias de repouso, pois não quero que se esforce ou pegue outra infecção no local dos cortes. Nada de dobrar a perna ou caminhar nos primeiros dias. Vá para a farmácia e compre todos os remédios, caso se sinta mal venha direto para a emergência. Antes a enfermeira vai fazer uma i.m. Benzetacil em você, desculpe, mas este será seu último castigo. Cuide-se Fabiano, finalizou Dra Mocinha - voltando para os seus bebês com dor-de-barriga.

[...] Nunca havia sentido tanta dor na minha vida em tão pouco espaço de tempo. Acredito que paguei boa parte dos meus pecados e a Dra. Mocinha fez a alegria de muita gente. Ainda não me recuperei e acredito que serão necessários mais do que os dez dias que me fora estimado; tive uma complicação, graças à baixa resistência imunológica (quem quiser saber do que se trata, vá pesquisar no wikki - cansei de explicar), mas suspeito de uma "gripe" de um animal, ao passo que, nos meses anteriores tive contato com inúmeros casos suspeitos, mas estava muito bem de saúde, diferentemente de hoje e pelo que pesquisei, poderia estar com o vírus encubado. Desta vez vou num especialista, mas acredito que não serão necessários cortes e afins.

- Fabiano, p.p.osso fazer a injeção que a Dra Mocinha prescreveu em v.v.ocê, - perguntou gaguejando e tremendo de medo a técnica em enfermagem.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Mas professor...




Antigamente tinha um preconceito quando às discussões acadêmias, achava-as inócuas, utópicas e pouco aplicáveis, mas, desde que comecei a fazer administração de empresas meus conceitos mudaram drasticamente - graças ao dinamismo e a forma com que o pensamento de um administrador se direciona: à prática.

Devido à estas discussões quebrei inúmeros paradigmas, principalmente no campo profissional, no qual eu já estou inserido. Os estudos, as pesquisas, o investimento intelectual – seja ele ofertado por docentes ou por profissionais gabaritados e bem sucedidos, - são postos em prática na busca de um único objetivo: Sucesso.

Independente das concepções particulares de sucesso, o objetivo de todos é o mesmo. O aprimoramento daquilo que faz e, em troca, recompensas; muitas vezes deixando de lado, claro, o entendimento de alguns processos, para a consecução do objetivo.

Nunca pensei que ouvir um “aí que você se engana” na frente de tantas pessoas me faria tão bem; mesmo eu contra-argumentando e sendo obrigado a concordar no final. É um estímulo a pesquisar, procurar outras fontes, opiniões; e talvez este seja o diferencial - o ponto chave de um acadêmico dentro da universidade para obter as respostas necessárias e posteriormente se inserir com tranqüilidade no mercado de trabalho.

A pesquisa individual ajuda a desenvolver o senso crítico e as discussões em grupo a encontrar uma solução ou o entendimento para tal situação. Nossa educação de base nos condicionou a sermos passivos diante dos professores. Éramos/somos pouco analíticos, concordamos com tudo o que nos é jogado num quadro e não questionamos o porquê, a veracidade, a aplicabilidade; já no mundo acadêmico não; o que procuram são novas idéias, e estas, só vem da discórdia, da provação em contrário, da troca de conhecimento. Eles querem saber a nossa opinião, estão ansiosos para que, mesmo de forma errônea, participemos de todo processo de aprendizagem.

Estamos formados quando entramos na universidade e o que desejam de nós é somente que coloquemos em prática a nossa opinião, a formação, numa forma de provação, participação, aplicação de todo conhecimento adquirido no ensino e educação de base.

O mercado de trabalho nos aguarda ansiosamente; avido por soluções, por antevisões e boas idéias. Uma das formas de aprimorarmos nosso senso crítico, sem dúvida, é no meio acadêmico; não somente dentro da sala de aula, mas dentro da biblioteca; na sala dos professores; nos congressos e nas mesas de bar com nossos colegas de faculdade...Porque não!?

Viva a discórdia!




sábado, 5 de setembro de 2009

Olá Dr.




Dor física: há tempos não a experimentava de uma forma tão intensa e insuportável. Este é o real sentido de dor – sofrimento.

Nosso corpo tem reações instintivas que se entrelaçam para que se mantenha a integridade física a todo instante; eu disse instintivamente. Quando uma bactéria ou algum agente externo invade seu corpo, a primeira providência é expulsá-lo ou englobá-lo para que não se multipliquem mais; para tal ação, se faz necessário um grande acúmulo de células protetoras (leucócitos ou glóbulos brancos) no local. Esta invasão de corpos estranhos num hospedeiro, denomina-se infecção.

A resposta do organismo à todo este “combate” (agente infeccioso X células fagocitistas) intitula-se inflamação. Desta forma, este embate leva a um aumento no calibre dos capilares sanguíneos, elevando a temperatura do local da inflamação, deixando-o com aspecto avermelhado. Já o edema, (inchaço) ou no meu caso, o abcesso, forma-se devido à uma maior permeabilidade vascular aos componentes do sangue, o que leva, literalmente à um vazamento do liquido intravascular para além da matriz extracelular, causando o inchaço.

Tudo isso poderia se resumir em uma palavra: dor insuportável.

Devido ao meu corpo não suprir minha necessidades de defesa, se faz necessário, agora que, agentes externos, (contra-ataque) entrem na corrente sanguínea, na tentativa de desfazer todo este enlace. Para a dor: anti-inflamatório; para a pirexia (febre): anti-térmico; para o agente invasor: antibiótico.

Se nada funcionar (o que já está ocorrendo) será necessário uma invenção cirúrgica aparentemente simples, uma drenagem; cujo objetivo consiste em tirar à força os brigões com uma pequena incisão no local do edema para que vazem literalmente do meu corpo.

Para mim resta ter paciência pois a vida continua: trabalho, congresso, estudo e dor, pois não estava previsto no meu cronograma o aparecimento de uma pequena “ameixa” na minha coxa.

Para o médico, caso a medicação não responda a patologia, um soco bem dado na cara, (chutá-lo não será possível por motivos óbvios), pois serei reavaliado somente na terça-feira e, devido ao tamanho, local e intensidade de dor da lesão, já era para ter me encaminhado para o procedimento cirúrgico.

Até lá tenho pena das pessoas que convivem comigo.

(Muitos devem estar se perguntando: onde eu - estudante de administração e agente penitenciário – sabia destes detalhes técnicos sobre processos inflamatórios, histologia, sistema imunológico e farmacologia; pois bem, não foi o médico que me disse, pois ele sequer aferiu minha temperatura; olhou apenas por cima e disse: - “Cara agora entendi porque você está mancando, isso dói e pode se preparar que vai doer mais ainda, mas não se preocupe, tome estes remédios aqui, se não resolver vamos cortar isso fora”. Deu a receita, cujos remédios eu já os tomara por conta do “meu” diagnóstico (auto-medicação) desde a quarta-feira e disse para eu ir para casa.
Na verdade estes conhecimentos foram adquiridos numa das meia-dúzia de faculdades que eu comecei e nunca terminei e uma destas incluem-se a de enfermagem, biomedicina.
Caso necessário, espero que o procedimento cirúrgico me renda alguns dias de descanso...)






quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Fui dar uma volta e já volto.




Ultimamente, tenho evitado as pessoas em geral, é verdade - mas de uma forma tão acintosa que caracterizou-se como algo pessoal para quem convive comigo. E é; pessoal meu, individual, optativo.

É só um tempo à efusividade do mundo; uma depressão pós-inverno. Um ócio solitário; um daqueles momentos em que você quer ficar alheio às conversar, mundos particulares, longe de situações artificiais ou qualquer assunto que tome mais de dois minutos do seu precioso tempo.

Estou tão consciente, mais do que imaginava. Ultimamente tenho mais observado do que opinado; meu ímpeto – uma mistura de salvador da pátria com ativista sentimental - desinflou-se, ficando apenas a necessidade de auto-proteção. Esta sim, vital e imprescindível.

- Olá tudo bem? Sim tudo bem... (silêncio). “Este usuário não pode mais receber mensagens on-line...”

Ultimamente tenho feito tudo sozinho: tomado decisões sozinho, aprendendo, conversado, concluído e me divertido sozinho. As oportunidades estão passando ao meu lado e eu com olhar de repulsa ou desleixo as deixo esperar ou me finjo de morto até que desistam.

Minha expressão mudou radicalmente; arranque um sorriso de mim e comemore! Não, não estou triste, estou satisfeito. A minha satisfação vem do não-sofrimento e, necessariamente não precisa ser diretamente a felicidade; contento-me com a estabilidade emocional.

Quem me viu, quem me verá...?

Supersticioso que sou, anos ímpares me agradam, geralmente reservam-me boas surpresas, contudo apenas no primeiro semestre; 1993, 1999, 2001, 2005, foram literalmente anos ímpares, mas este, este especificamente está sendo um ano "arredondado" ao par. Um ano vivido, passado, não definitivamente conquistado.

Eu me afastei das pessoas, é verdade. Mas estou bem; quero manter uma distância considerável do meu mundo e dos outros. Eu aqui, eles lá. Restaram-me apenas as obrigações, as que tenho que ver por obrigação, por convívio e, estas, eu filtro. Talvez eu mande e-mails, talvez eu ligue, talvez eu durma...

- Olá tudo bem? Sim tudo bem... (silêncio). Onde vai? Vou ali, já volto, depois nos falamos.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Rasgando os dentes.




Um tempo de fúria. Há tempos não me via assim tão irredutível e conflituoso. Só precisava de um olhar – qualquer motivo que fosse: uma brincadeira inoportuna de um colega durante o trabalho; a falta de mais um professor na faculdade; uma provocação de algum preso; um pedido negado pela chefia, uma afirmação ou declaração sem fundamento ou qualquer discussão na qual eu fosse a parte interessada.

Eis que meus desejos se realizaram, - senti todo aquela casca pacificadora que recobria minha personalidade apaziguadora dos últimos anos se esvaecer. Estava novo e pronto para o conflito. Queria o conflito, a solução pela contra-argumentação agressiva e, se necessário, apelativa. - Quem vocês pensam que são? - foi a frase mais proferida.

Olhar de desdém nunca mais, nada mais passa pelo meu crivo crítico; doa a quem “foder”; que não eu. Aceito-as também, aliás, faz-se necessário para uma boa discussão. O que temos a perder ambas as partes? Vai ouvir o que eu penso sim e pouco me importa se vai gostar.

Senti meu sangue ferver desde o momento em que levantei cedo; tal qual um mecanismo de ataque, logo partindo para o fronte. Péssimas notícias, fizeram novamente eu mudar meu conceito de humanismo. Descobri que não somos tão blindados como pensávamos e que uma saraivada de tiros no carro dos seus amigos, nos faz refletir sobre nosso real papel como agentes de segurança pública. Ainda tinha uma leve esperança, bem pouca mas tinha. Agora ela foi enterrada, juntamente com outro "empecilho”.

Ira, revolta e imprevisibilidade; não pelo fato isolado citado anteriormente, mas por mudança de comportamento mesmo. A raiva é muito mais confortante do que a melancolia; recolha-se no seu quarto, fique a lamentar ou conformar-se com a situação, enquanto poderia agir, mesmo que por impulso, movido pela sede, pela fúria, mas racionalmente.

Eu senti raiva das pessoas hoje, de todas, sem exceção e fiz questão de deixar isso tudo bem claro. Expus minha insatisfação com tudo; fatos, atos e omissões. Corri um sério risco de perder um dente, responder um processo disciplinar administrativo ou perder amigos – indiferente. Estava dependente emocionalmente de muita gente; pessoa que me agregavam mais prejuízos do que benefícios.

Ainda há muito por vir, principalmente as represálias. - Quem eu penso que sou!? Nada aconteceu, acredito eu, nada. Só preciso descontar minha raiva em alguma coisa, de preferência que se mova e possa se defender, e, aparentemente ofereça resistência. A forma dependerá do oponente: tenho língua afiada, sou frio, calculista, irredutível, passional, raivoso e muito bom com as palavras falando ou gritando.

Como disse um velho amigo que sofrera hoje nos ouvidos hoje esta mudança de paradigma:

- Pessoas como nós nunca mudam. (T.R.A.).

- Errado meu caro, pessoas limitadas como você nunca mudam e é por isso que está onde está e, apesar de ser meu amigo, não sinto a mínima pena de você, pois eu lhe avisei.

Certa vez conversando descontraidamente com um velho amigo hipócrita árabe, ele disse com seu sotaque característico:

- Cara, eu gosto daqui, muitas mulheres, bebidas, você podem fazer o que vocês querem, mas sinto falta de uma coisa...- deixou uma interrogação no ar.

Perguntei, rindo, então, o que faltava...

- Sinto falta de uma guerra! (Y.N.R.).

Disse com um brilho peculiar nos olhos. Discordei de imediato, tentei argumentar, mas parecia decidido. - Pois bem, fique com suas pseudo-guerras, seu país destruído e bebendo às escondidas. Ele sorriu, deu-me um tapinha nas costas e fomos para uma festa. Talvez ele tenha razão, a auto-determinação vem de um ideal seja ela qual for, desde que seja bem alimentado e direcionado, pode tirar proveito, mesmo que seja expodindo inocentes na rua.

Estou me sentindo auto-suficiente; o que para mim, hoje, é excelente, mesmo agindo desta forma pouco ortodoxa, porém cotidiana e tão peculiar do ser humano: a raiva como mola propulsora para a resolução de problemas.

Tenho muitos livros para me distrair, vida universitária para me ocupar, internet ilimitada, carteira de habilitação vencida, pouquíssima paciência (agora) e uma vontade iminente de mandar o mundo todo para...

Cuidem-se!